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Grupo Nassau fecha 2023 com faturamento de R$ 1 bilhão operando quatro de suas 10 fábricas de cimento

Investigação policial provocou um movimento dos herdeiros do empresário no sentido de recuperar o patrimônio da empresa distribuído em 47 empresas

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Fernando Castilho

Publicado em 23/01/2024 às 6:00 | Atualizado em 23/01/2024 às 9:26
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O Grupo Nassau, tradicional produtor de cimento no Norte e Nordeste fechou seu primeiro balanço consolidado com faturamento de R$1 bilhão operando quatro de suas 10 unidades cimenteiras.

O Nassau tem atualmente três mil funcionários e sua gestão ocorre dentro de um processo de recuperação judicial pedido por cinco dos seis ramos da família do empresário João Pereira Santos, em 2022 após a destituição do inventariante do espólio do fundador falecido em nove de abril de 2009.

Em maio de 2021, a família foi investigada na Operação Background, quando foram cumpridos 53 mandados de busca e apreensão, além do sequestro e bloqueio de bens e valores de investigados. Nesta segunda-feira (22) o Ministério Público Federal (MPF) denunciou 26 integrantes do Grupo Nassau, entre eles os sócios majoritários do grupo, os irmãos Fernando João Pereira dos Santos e José Bernardino Pereira dos Santos. O MPF apresentou à Justiça Federal outras quatro denúncias relacionadas à Operação.

A investigação provocou um movimento dos herdeiros do empresário no sentido de recuperar o patrimônio da empresa distribuído em 47 empresas num emaranhado de participações com a destituição do inventariante do espólio do fundador do grupo, o empresário Fernando Santos até então seu administrador.

União de cinco

Ainda no final de 2022, o grupo de cinco dos seis ramos familiares contratou dois executivos no mercado para gerir as empresas e o escritório PPK Advogados, liderado pelo consultor João Rogério Alves Filho cuja primeira tarefa foi identificar o patrimônio das 47 empresas, os credores, o passivo e especialmente os ativos.

Após um ano de trabalho os novos gestores chegaram a 98% do que o grupo adquiriu ao longo de sua trajetória entre eles além das fábricas de cimento e até oito portos fluviais, no Norte do Brasil, construídos para transporte do cimento que as fábricas do grupo produzia. O grupo publicou pela primeira desde 2016 todos os seus balanços com validação de auditores independentes.

Perda de fábrica

Um das consequência da má gestão aconteceu em março de 2023 quando o Grupo Nassau perdeu, num leilão judicial da Justiça do Trabalho, a Itaguassu Agro Industrial S/A, no município de Nossa Senhora do Socorro (SE) para a empresa IRO Indústria de Reciclagem e Comércio de Materiais de Construção Ltda, pertencente ao Grupo Polimix quando a decisão foi referendada pelo STJ.
Desde o segundo semestre de 2022 e sob validação da Justiça do Estado de Pernambuco, as empresas do Grupo Nassau são administradas em regime de copresidência por Guilherme Rocha agora Nivaldo Brayner eleito pelos acionistas para o cargo no último dia 15.
Pela via judicial
Os administradores optaram por um pedido de Recuperação Judicial como veículo de reestruturação da companhia que já foi o segundo maior produtor de cimento do Brasil quando era comandada pelo lendário empresário que construiu sua fortuna do zero.
Segundo o copresidente do Gruo Nassau, Guilherme Rocha após um ano de trabalho foi possível reativar as plantas Itapetinga (Mossoró- RN) e Itapicuru (Codó - MA) e iniciar o processo de reaparelhamento das plantas da Cibrasa (Capanema - PA) e Itabira (Cachoeiro do Itapemirim - ES). Elas devem entrar em operação neste e no próximo ano fazendo o grupo voltar a seis das suas 10 plantas em operação.

Impostos e FGTS

O Grupo Nassau agora tem três mil funcionários com salários e recolhimento das obrigações trabalhistas em dia além dos dos impostos federais. As empresas conseguiram fechar com a Procuradoria Geral da Fazenda Nacional um acordo de R$1,5 bilhão com previsão de pagamento de uma parcela inicial de R$250 milhões até março e o restante em parcelas após a alienação de patrimônio dado em garantia.

Ela também vai voltar de recolhimento regular do FGTS devido aos 20 mil empregados a partir de fevereiro. Juntas as empresas têm débitos trabalhistas com 20 mil ex-funcionários, oito mil deles ajuizados e em negociação.

Ajuste completo

Segundo o novo copresidente do Grupo Nassau, Nivaldo Brayner há uma expectativa de que, ainda este ano, o plano de pagamento dos credores ds RJ seja aprovado pelo juiz da causa iniciando o período de dois anos em que os gestores programa encaminhar o ajuste completo do Nassau.

Produtor de cimento, um insumo vendido à vista, o Grupo Nassau tem apenas dois bancos e uma empresa de celulose como credores (quirografados) principais cuja soma do débito chega a R$420 milhões. Os demais credores somam aproximadamente R$380 milhões perfazendo uma dívida de R$800 milhões até agora relacionados.

João Rogério acredita na possibilidade do processo de RJ do grupo ter sucesso pela suas peculiaridades: ser um dos maiores produtores de cimento do Brasil, atuar numa atividade altamente geradora de caixa, baixíssimo endividamento bancário e um grande patrimônio que está sendo identificado.

Sem dever a banco

Como a maioria dos credores tem dívidas de até 20 mil, grande parte de até R$1 mil, os administradores estão liquidando os débitos de modo a que a relação a ser apresentada no plano da RJ tenha o menor número possível de credores.

Na verdade, o maior desafio dos atuais gestores está na área trabalhista onde ao menos oito mil ex-funcionários ajuizaram ações contra a empresa que em milhares delas sequer se apresentou sendo julgadas à revelia.

O projeto do grupo de acionistas é - com ajuda dos administradores judiciais e da PPK - reorganizar todo o controle acionário do conglomerado mirando elevar o nível de governança das empresas.

A atual estrutura acionária do Grupo Nassau tem 8% de suas ações distribuídas entre os seis ramos da família construída por João Santos, enquanto os 92% integram o espólio do fundador.

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