Chineses ignoram crise no mercado de equipamentos de usinas eólicas e inauguram fábrica na Bahia
Com investimentos de R$100 milhões, incluindo a aquisição da fábrica e o desenvolvimento da cadeia de suprimentos, a empresa fica em Camaçari.
A cidade de Camaçari na Região Metropolitana de Salvador (RMS) iniciou formalmente nesta terça-feira a produção de aerogeradores para a produção de energia eólica da gigante chinesa Goldwind Energias, a maior fabricante de turbinas para energia eólica do mundo que instalou no município sua primeira unidade fora da China.
Com investimentos de mais de R$100 milhões, incluindo a aquisição da fábrica e o desenvolvimento da cadeia de suprimentos, a unidade, localizada em Camaçari, tem a capacidade de produzir cerca de 150 turbinas por ano, com potencial para dobrar este número em dois a três anos, sempre seguindo padrões de qualidade internacional.
A fábrica brasileira começará a montar turbinas eólicas a partir de setembro de 2024. Será uma família da plataforma GWH 182, que vai de 5.3 MW a 7.5 MW. O empreendimento está situado na fábrica da General Electric (GE).
Com a instalação de uma unidade fabril, a Goldwind projeta criar um hub de empresas que completem a cadeia de produção dos componentes para as torres de energia eólica.
Redução no Ceará
Acompanhando um movimento nacional, a indústria de energia eólica no Ceará deve ver uma redução na produção de turbinas e pás ao longo de 2024. A Aeris anunciou, em março, o fim do contrato com a Siemens Gamesa, empresa hispano-alemã de engenharia eólica.
A Aeris foi pioneira no processo de fabricação de pás de 74 metros de comprimento, a maior pá eólica já produzida no hemisfério sul. Para desenvolver o novo produto foram aplicadas modernas ferramentas de gestão de projetos. Ao longo de 11 meses mais de 30 profissionais da empresa foram capacitados e participaram do processo de fabricação da nova pá eólica.
No Ceará, a empresa dinamarquesa Vestas, líder na produção de turbinas eólicas em todo o mundo, analisa a ampliação da fábrica da companhia no Ceará, localizada em Aquiraz, na Região Metropolitana de Fortaleza.
Em 2021 a empresa liderou uma comitiva do Governo do Ceará esteve na Dinamarca para acompanhar o funcionamento de eólicas offshore, turbinas instaladas em alto-mar que aumentam a eficiência de produção de energia. estudar a possibilidade de construir uma segunda fábrica no Estado para atender a demandas de pás eólicas offshore.
Este mês a Vesta anunciou um investimento de R$130 milhões. O pacote foi dividido em três partes: anúncio de investimento de cerca de R$130 milhões para produzir a turbina V163-4,5MW na unidade fabril do Ceará.
Hoje, as turbinas importadas que têm potência acima de 3,3 MW entram no Brasil sem impostos, e a menor turbina fabricada no Brasil é justamente a da Vestas de 4,5 MW, que por ter fábrica no Brasil está sujeita a tributação.
PE mantém produção
Pernambuco, que foi o estado pioneiro na produção de componentes, tem três plantas no Complexo de Suape, a GRI Flanges Brasil Forjados de Aço S/A que fabrica as flanges Eólicas que as conexões que permitem verticalizar as torres até atingir maiores amplitudes. Uma segunda planta da GRI Tower Brasil faz as estruturas metálicas - torres eólicas em aço e a LM Wind Power do Brasil S/A que faz pás eólicas.
Apesar da inauguração da fábrica da chinesa Goldwind Energias, o mercado de energia eólica vive um paradoxo no Brasil: ao mesmo tempo em que bate recordes de novas instalações de usinas, passa por sua mais grave crise setorial. Foi o que explicou Elbia Gannoum, presidente da Associação Brasileira de Energia Eólica (Abeeólica).
Apesar de um histórico de crescimento e recordes de instalação, a partir de 2022 houve uma redução significativa na demanda por energia, o que resultou em menos pedidos nas fábricas e consequente desaceleração na instalação de novos parques.
A Siemens Gamesa, aliás, suspendeu suas operações no início do ano passado em Camaçari, na Bahia. A GE, em 2022, seguiu o mesmo caminho. Torres Eólicas do Nordeste, joint venture entre a brasileira Andrade Gutierrez e a americana GE. A TEN demitiu, em junho de 2023, 500 funcionários por falta de demanda.
Os efeitos negativos no setor de eólicas são reflexo de uma economia nacional que não está crescendo e do impacto do avanço da energia fotovoltaica distribuída.. A energia solar no Brasil cresceu em uma velocidade muito rápida e acabou ocupando também o espaço da energia eólica de grande porte.