Fernando Castilho: exportador para Estados Unidos e importador da China, Brasil vive crise com disputa no mercado de aço

Trump afirma que as importações brasileiras de países com níveis significativos de sobrecapacidade (China) cresceram além das cotas previstas.

Publicado em 12/02/2025 às 0:05 | Atualizado em 12/02/2025 às 8:08
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A sabedoria popular ensina que não existe nada que está ruim que não possa piorar. Pode. E parece ser esse o dilema que a indústria siderúrgica brasileira está vivendo hoje, como a decisão de taxar os produtos brasileiros em 25% e ainda mais agora quando Donald Trump acusou o Brasil de exportar sua produção local enquanto permite que a China venda para o seu mercado aço com preços mais baixos.

O problema é que isso infelizmente é mercado e esse é exatamente o motivo de uma briga dos produtores de aço brasileiros (CSN, ArcelorMittal e Ternium) que transformaram o Brasil no segundo maior exportador para o mercado americano travam com seus clientes brasileiros enquanto enfrentam a concorrência do aço chinês o mercado interno.

Lembrando acordo

Nesta terça-feira o Instituto Aço Brasil que representa o setor divulgou uma nota em que diz que recebeu com surpresa a decisão do governo dos Estados Unidos de estabelecer alíquota de importação do aço para 25%, independentemente da origem, derrubando, no caso do Brasil, acordo firmado no primeiro mandato do presidente Donald Trump, em 2018, para importação do aço brasileiro.

O acordo é o que Trump está usando para dizer que “As importações brasileiras de países com níveis significativos de sobrecapacidade, especificamente a China, cresceram tremendamente nos últimos anos, mais do que triplicando desde a instituição deste acordo de cotas."

Cobrança de Tump

Ele tem razão. Em 2023 o aço da China somou 57,5% de tudo que o Brasil importou. Em 2000 o número era de 1,4%. Em 2023, a commodity estrangeira chegava ao Brasil a um preço, em média, 10% inferior do que o nacional, segundo a CBIC (Câmara Brasileira da Indústria da Construção).

Isso porque naquele ano o Imposto de Importação do aço no país era de 9,6%, em média (em Santa Catarina, a alíquota era de 5%) o que levou ao mesmo Instituto Aço Brasil pedir ao governo Lula que o elevasse para 25%.

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Marco Polo de Mello Lopes, do Instituto Aço Brasil Foto Marcos Corrêa. - Divulgação

Pedido negado

Lula não atendeu e no final de 2024 o Instituto Aço Brasil e a Associação Brasileira da Indústria de Máquinas e Equipamentos (Abimaq) travaram uma briga pública com o presidente da entidade, José Velloso acusando o IAB de pressionar o governo: Isso se chama chantagem!

No mesmo dia, o Instituto Aço Brasil, Marco Polo de Mello Lopes, acusou Velloso de "estar buscando seus cinco minutos de fama". "É coisa de gente que faz barulho sem nenhuma fundamentação", disse.

Taxar aço chinês

Briga à parte, a verdade é que o setor siderúrgico pressionar pela adoção de um sistema de cotas de importação de aço com tarifa de 25% sobre o volume excedente, ao longo de um ano a partir de junho, conseguiu frear a escalada das importações chinesas. Até agora o governo Lula fez cara de paisagem.

No final do ano passado, o presidente do IAB, Marco Polo de Mello Lopes, revelou que a tonelada do aço, exportada pela China, registrou uma redução de 13,3% do preço ao longo do ano de 2024. Ele avaliou que isso era comprovação de uma política de estado da potência chinesa, com objetivo de ocupar 30% da produção industrial do mundo em uma década.

Coalizão Indústria

O liderou o movimento Coalizão Indústria, associação de 14 entidades empresariais, que alertou que importações vindas de países com “práticas predatórias” de comércio ameaçam investimentos para as empresas nacionais de, aproximadamente, R$826 bilhões até 2027. A Associação de Comércio Exterior do Brasil (AEB), que faz parte do grupo, previu um déficit de US$135 bilhões no saldo da balança comercial brasileira em 2024.

Enquanto os produtores de aço brasileiro brigavam com seus clientes, veio a eleição de Donald Trump e a confirmação da taxação de 25% sobre os produtos brasileiros vendidos para os Estados Unidos. Ou seja, a indústria nacional está agora sob fogo cruzado das duas potências globais.

Dovulgação
José Velloso, presidente da Abimaq. - Dovulgação

Desovar estoques

Os chineses que estão sendo acusados de “desovar” parte da produção que os Estados Unidos proibiram de ser importado para lá e a nova taxação de 25% que o presidente dos Estados Unidos aplicou de forma geral.
O problema segundo afirma Marco Polo de Mello Lopes, presidente do Instituto Aço Brasil, que representa nove dos 11 grupos nacionais e estrangeiros que atuam no País.

Tudo importado

Dados do MDIC revelam que em outubro as importações da China representaram 91,5% dos aços planos laminados importados. Os mesmos tipos de produtos fabricados pela CSN, Usiminas, ArcelorMittal Tubarão e Gerdau (incluindo especiais) e Aperam (inox e elétricos).

Para o presidente do Instituto Aços Brasil, as siderúrgicas chinesas têm exportado com margem negativa de US$32 a tonelada em relação aos seus custos de produção, ou, com preço 19% inferior.

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Produtores de aço brasileiros (CSN, ArcelorMittal e Ternium) transformaram o Brasil no segundo maior exportador para oa EUA. - Divulgação

Dentro das cotas

Na nota divulgada nesta terça-feira (11), a entidade das indústrias brasileiras informou que os Estados Unidos importaram, em 2024, 5,6 milhões de toneladas de placas por não dispor de oferta suficiente para a demanda do produto em seu mercado interno, das quais 3,4 milhões de toneladas vieram do Brasil.

E que as exportações brasileiras de produtos de aço para os Estados Unidos cumpriram integralmente as condições estabelecidas no regime de “hard quota”, não ultrapassando, em momento algum, os volumes estabelecidos tanto para semi-acabados como para produtos laminados.

Não é assim

Marco Polo de Mello Lopes tenta assim responder a crítica de Trump de que países que foram beneficiados por exceções às tarifas impostas pelo próprio republicano em seu primeiro mandato (o Brasil está nesse grupo) tenham aumentado significativamente suas exportações para os EUA nos últimos anos.

O presidente da Abimaq, José Velloso, afirma que as condições competitivas das siderúrgicas são mais confortáveis do que as de seus compradores. E usa os mesmos dados de 2023 para dizer que a taxa de penetração do aço importado foi de 16,2% enquanto a de máquinas foi superior a 40%. Esse é, sim, um grande problema para quem produz equipamentos no Brasil e não apenas a commodity aço.

Mudança geral

De qualquer forma é que a chegada de Donald Trump e sua política de taxação de 25% expõem uma situação dramática para o Brasil. Não dá para colocar 25% de reciprocidade em nossas exportações para os Estados Unidos assim como não dá para aplicar a taxa nas importações da China porque estaria abrindo outra frente de embate com a China, que de certa forma está ajudando a indústria de máquinas a comprar aço mais barato.

E também não dá para Lula e Geraldo Alckmin continuarem fazendo cara de paisagem diante das pressões das empresas exportadoras de aço americanas nem para as importadoras de aço chinês. O que explica a reação suave do Brasil em relação à posição histriônica do presidente americano.

 

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Ministro do Desenvolvimento e Assistência Social, Wellington Dias,. - Divulgação

Mais um que fica

Depois de Alexandre Silveira, que teve a garantia de ficar no cargo confirmada pelo próprio presidente e depois que o ministro da Defesa, José Múcio, que vai ficar no cargo a pedido do presidente, um terceiro ministro assegurou a permanência no cargo.

Wellington Dias, ministro do Desenvolvimento e Assistência Social, Família e Combate à Fome (MDS) foi eleito presidente do Conselho de Campeões da Aliança Global Contra a Fome e a Pobreza nesta nesta terça-feira (11) na sede do Fundo Internacional de Desenvolvimento Agrícola (Fida), em Roma, Itália com a presença da primeira-dama, Janja Lula da Silva, que participou do encontro.

Aposta legal

O governo federal oficializou, nesta terça-feira (11), a autorização de mais 37 plataformas de apostas esportivas para operar legalmente no Brasil até 2029 como até agora, o país tinha 153 marcas autorizadas a explorar o serviço segundo a secretaria de Prêmios e Apostas do Ministério da Fazenda isso quer dizer que os brasileiros já podem apostar legalmente em 190 empresas.

Voo para Juazeiro

A Azul está saindo de 12 cidades no Nordeste. Mas a LATAM está ampliando a malha na Região. Confirmou que vai começar a voar entre Fortaleza e Juazeiro do Norte a partir de 23 de junho deste ano com voos diários durante a alta temporada de verão, até agosto. Após esse período serão quatro voos semanais

João no Municipal

Uma das mais tradicionais, antigas e democráticas prévias da cidade, o Baile Municipal do Recife chega à sua 59ª edição no próximo dia 22 de fevereiro, no Classic Hall, com mais de 20 atrações e renda toda revertida para instituições beneficentes da cidade. Foi nessa festa em 2001 que o então prefeito João Paulo Lima e Silva surpreendeu a cidade ao chegar vestido de Conde Maurício de Nassau.

Gabriel Teixeira
ALLOS lança KARG quer instalar 600 carregadores de veículos elétricos em shoppings - Gabriel Teixeira

Carregador de carro

O Grupo ALLOS anuncia a criação de sua empresa de eletropostos para carregamento de veículos elétricos para operar em shoppings do grupo em todo o Brasil. Vai se chamar KARG e terá 600 vagas em dois anos - 200 delas já em funcionamento até março de 2025, em 13 shoppings, o que representa um terço do potencial total da operação.

O projeto terá apoio da WEG, a maior fabricante de carregadores para veículos elétricos no Brasil. A proposta é transformar shoppings em hubs de carregamento para carros elétricos incentivando práticas sustentáveis e de baixo carbono entre clientes, lojistas e colaboradores.

Tamandaré

A Soma Inc. anuncia a pré-venda do mais novo lançamento na praia de Campas, em Tamandaré, o condomínio Mar do Atlântico. A empresa liderada pelo empresário Vitor Paes Barreto já lançou dois empreendimentos em Tamandaré e dois em Carneiros, no litoral sul de Pernambuco, agora celebra mais um empreendimento no litoral sul do estado.

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Empresas pressionam empregados para a volta ao trabalho presencial. - Divulgação

Teletrabalho

A Federação Única dos Petroleiros (FUP) está apoiando o home office nas Petrobras. Mas é para o pessoal do escritório. A FUP convocou a categoria petroleira para manifestações nesta quarta-feira (12), Dia Nacional de Luta pelo Teletrabalho. Semana passada , na sexta-feira (7), a Petrobras se reuniu com a FUP para tratar sobre a alteração da escala do teletrabalho, mas não houve avanços no encontro.

A categoria petroleira aprovou o estado de greve e quer que o tema seja incluído como cláusula do Acordo Coletivo de Trabalho (ACT). A Petrobras quer aumentar o trabalho presencial em três dias por semana até voltar a cinco dias nos escritórios. Nas plataformas o trabalho por óbvio continua presencial.

Dell também

A proposta de Magda Chambriard não é única. Nos Estados Unidos a Dell Corporation, gigante de tecnologia, determinou que, a partir de março, todos os seus colaboradores irão voltar ao trabalho presencial cinco dias por semana. Segundo Michael Dell, nada supera a interação humana, pontuando que conversas de 30 segundos podem substituir vários e-mails que, por vezes, demoram muito para chegar aos destinatários. Mas como na Petrobras, na Deel também há resistências.

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Casa Rosada terá ação na Ferreira Costa, na Imbiribeira. - Divulgação

Ferreira Costa

Nesta quinta (13), sexta (14) e sábado (15), na loja Ferreira Costa, na Imbiribeira com acesso gratuito tem ação solidária, em prol de mulheres em tratamento contra o câncer de mama nos hospitais públicos do Recife.

Em sintonia com as festividades do período, a ONG CasaRosa realizará seu tradicional Bazar Solidário – Especial de Carnaval. Todos os recursos arrecadados serão integralmente destinados para sustentar e expandir os serviços oferecidos pela instituição, com sede no Espinheiro, na Zona Norte do Recife.

Liga em Debate

Nesta quarta-feira (12), às 18h, com transmissão pelo YouTube, A advogada Maria Wanick Sarinho, do Escobar Advocacia participa do "Liga em Debate", evento promovido pela Liga Nacional da Propriedade Intelectual onde será debatida a aquisição de distintividade pelo uso e os critérios que permitem que marcas inicialmente fracas sejam reconhecidas como fortes.

Carnaval na Praça

O Shopping Boa Vista confirma mais uma edição da já tradicional Feirinha Carnaval na Praça de Eventos do centro de compras, ela é formada por estantes de itens como vestuário, fantasias, acessórios e adereços, além de penteados e maquiagem de Carnaval.

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