Como formar um país de leitores?
No Dia da Leitora e do Leitor, podemos pensar num Brasil melhor se ampliarmos o acesso aos livros para crianças e adolescentes
São muitos obstáculos a transpor. A barreira econômica afasta milhões de pessoas das livrarias, ou mesmos dos sites que vendem livros a um clique da vontade. A barreira cultural traz de longe na história um preconceito contra as palavras deitadas no papel, uma espécie de desconfiança que também se dirige à ciência e às sugestões de conquistas científicas. Num outro degrau de empecilho cultural, mais recente, a digitalização da vida retiraria, para alguns, a atratividade do objeto composto por páginas de letras enfileiradas e cheiro característico, à espera do toque e do mergulho do olhar.
Mas é possível fazer da tecnologia uma aliada na cruzada pela leitura num país de tantos leitores que aguardam o acesso facilitado para lerem mais. Plataformas de leitura nas telas, livrarias e editoras virtuais, clubes de leitura com encontros remotos, bibliotecas digitais e outras experiências mostram, no século 21, em especial durante o período de afastamento drástico da pandemia, que as pessoas gostam, de certa maneira precisam, da fogueira das palavras para se sentar ao redor. Esse fogo pode não ser real, mas o que as palavras suscitam, é.
Nada retira, no entanto, a importância do convívio presencial em torno da chama literária. Nas bibliotecas públicas e comunitárias, nas livrarias de bairro e nas maiores, nos centros culturais que ofertam cursos livres. Nas instituições em que a defesa do livro e da literatura configura missão incontornável. E sobretudo, nas escolas. Desde cedo, crianças e adolescentes dependem de estímulos adequados para que a curiosidade e a paixão pelos livros despertem e se firmem. Por isso é crucial a implantação de bibliotecas escolares, na rede pública e na rede privada, que galvanizem a ideia do livro como objeto transformador – porque lá dentro, em cada título, em cada autor e em cada nova leitura, palavras irrompem, subversivas, para mudar a compreensão do mundo e a visão de quem as lê.
Para formar um país de leitores, um mutirão de leitura coletiva nos move.
O que estão lendo?
A convite do Livronews, leitores ligados ao mundo dos livros responderam a três perguntas para o Dia do Leitor. Contando um título marcante, uma leitura atual e a próxima obra que deseja ler. Para saber o que disseram Raíssa Lettiére, da Record, Roberta Paixão, da Livraria Mandarina, Cristiane Mateus, da editora Maralto, Renata Valias, da Sala de Prosa, Evelyn Blaut, do Centro Cultural Astrolabio, Marcelo Batalha, do Conversa Com Escritor, e Bruna Maciel Borges, do Faz & Conta, veja a postagem especial de 7 de janeiro em @livronewsnoinsta no Instagram.
Mulheres que editam
Cristiane Mateus é uma das editoras listadas no livro “Mulheres que editam”, publicado pela Entretantas. Organizado por Ana Elisa Ribeiro, Cecília Castro e Samara Coutinho, o “livro-lista” é uma contribuição ao novo cenário do mercado editorial brasileiro.
APL na Rádio Jornal
Uma conversa animada pelo amor à literatura, com três membros da Academia Pernambucana de Letras (APL) nos estúdios da Rádio Jornal, aconteceu na sexta, 5, no Recife. Raimundo Carrero, Flávia Suassuna e este colunista nos encontramos para falar sobre a tradição e a produção literária contemporânea no estado. O bate-papo foi mediado por Natália Ribeiro, e está disponível na íntegra, na seção de podcasts do Debate da Super Manhã, no site https://radiojornal.ne10.uol.com.br.
Flipetrópolis em maio
De 1 a 5 de maio, o empreendedor literário Afonso Borges apresenta a primeira edição do Festival Literário de Petrópolis, o Flipetrópolis. Assim, em 2024 serão quatro festivais sob sua coordenação, contando com o Fliaraxá, o Flitabira e o Fliparacatu. “Trabalhamos um conceito diferenciado de festival. O festival não se assemelha às feiras de livros. Busca reunir autores, livros e leitores em mesas com temas de relevância cultural”, explica o curador dos eventos, Sérgio Abranches. “Expande-se a natureza cultural múltipla do festival com a mistura de literatura, teatro, dança, música, cinema, gastronomia e patrimônio. Tudo com um foco forte e certeiro: valorizar o autor nacional”, resume Abranches.
O liceu das vozes
Termina no próximo dia 13 a campanha de pré-venda de “O liceu das vozes”, de Estevão Machado, pela editora Urutau. “O que trago aqui em temas e formas poéticas é o deslocamento de uma visão tecnicista e unitária para uma reordenação de nossos aprendizados/exercícios: todos lastros das nossas convivências e formas de vida diversas”, diz o autor. “Reescrevendo nossos saberes e agregando todos os sotaques que nos ensinam”. Para saber mais e apoiar, acesse o site https://benfeitoria.com/projeto/liceu.
Ria premia e publica
De 15 a 30 de janeiro, o selo EditoRia da Ria Livraria, de São Paulo, recebe originais em cinco gêneros para seu concurso literário: biografia, romance, contos, poesia e literatura infantil. Qualquer autor ou autora residente no Brasil pode participar. Os três primeiros colocados receberão prêmios em dinheiro, e terão as obras publicadas. Consulte as regras e o endereço de envio no Instagram @rialivraria_.
O Paraíso e seus destroços
O pernambucano Alexsandro Souto Maior lança nesta quinta, 11, seu novo livro de poesia: “O Paraíso e seus destroços”, pela Patuá. Na obra, o leitor encontra uma poesia visual formada por “palavras que não só ocupam espaços diversos nas páginas, mas também ampliam o conceito da palavra poética”, segundo a divulgação do autor. Com a participação de Robson Teles, Conceição Rodrigues e do maestro Israel de França, a festa de lançamento no Recife será no Furdunço Café e Cultura, a partir das 7 da noite.
Lição de coisas
A José Olympio traz uma reedição especial da obra de Carlos Drummond de Andrade, originalmente publicada em 1962. Em “Lição de coisas”, o escritor mineiro “se abre para explorar de maneira mais intensa forma e conteúdo” numa experimentação poética provocada pelo concretismo.
Memória de elefante
A perda da memória que embaralha e apaga “momentos, pessoas, nomes e sonhos que nunca gostaríamos de esquecer” é o tema do novo livro de Paula de Santis, em lançamento da ÔZé Editora. A obra é ilustrada pela iraniana Fereshteh Najafi, que mora atualmente no Brasil. Mais informações no site www.ozeeditora.com.
Voz interior
Rosilene Aparecida Rosa dos Santos (Rosy Rosa) lançou o e-book “O segredo do sucesso – Aprendendo a ouvir a voz interior”. Psicóloga, neuroterapeuta e pós-graduada em programação neurolinguística, a autora é idealizadora da plataforma digital IluminaMente. O livro é fruto de experiências pessoais. Saiba mais no Instagram @rosyrosaoficial.
Instituto Estação das Letras
Diversas opções online na programação de janeiro do Instituto Estação das Letras. O time de professores tem Luiz Antonio de Assis Brasil, Elias Fajardo, Suzana Vargas, Leo Cunha, Braúlio Tavares, Ana Letícia Leal, Mariana de Souza Lima, Julian Fuks e Oswaldo Martins. E ainda, evento gratuito sobre literatura e o cuidado de si, com Bia Rique, na próxima sexta, 12, às 18h. Confira os temas dos cursos em @institutoestacaodasletras no Instagram.
Da verdadeira Índia
A reflexão sobre impactos culturais de uma viagem à Índia, e sobre o que é visto como padrão ou como diferente, estão na narrativa de Melina Galete em “Da verdadeira Índia”, lançado no restaurante Vishnu, em Salvador, na quinta, 4. O livro foi publicado no Brasil pela Jaguatirica, e em Portugal, pela Gato Bravo. Siga a escritora no Instagram @melinagalete.
O animal social
Vem da Goya, selo de não ficção da Aleph, uma edição atualizada da obra de Elliot Aronson publicada originalmente em 1970 e que se tornou marco da psicologia social. A publicação tem a tradução de Marcello Borges, apresentação de Eduardo Moreira, desenhos de Saul Steinberg, e se baseia na versão de 2017, com a coautoria de seu filho, Joshua Aronson, acrescida de novos capítulos para tratar de questões contemporâneas. Entre os temas tratados estão as fake news, o terrorismo guiado pelo fanatismo religioso, e a polarização vinculada às bolhas de informação. Saiba mais no Instagram @editoragoya.
Mathieu Lindon
Dois títulos do escritor e crítico literário Mathieu Lindon foram lançados recentemente no Brasil pela Nós. Em “Hervelino”, com tradução de Márcia Bechara, as memórias do autor se debruçam sobre as lembranças do amigo, escritor Hervé Guibert. Na obra “O que amar quer dizer”, com tradução de Marília Garcia, Lindon aborda o arquétipo do pai e a relação com o filósofo Michel Foucault. Saiba mais no site www.editoranos.com.br.