Caixa reforça crédito com recursos livres para construtores em alternativa à Poupança

Segundo a Caixa, a ideia com a modalidade de recursos livres é trazer segurança para construtores em virtude de restrições no funding

Publicado em 15/10/2024 às 18:18 | Atualizado em 15/10/2024 às 20:58

Com a redução de recursos disponíveis no Sistema Brasileiro de Poupança e Empréstimo (SBPE), a Caixa Econômica Federal tem reforçado com os construtores suas alternativas no mercado de crédito com recursos livres. Na tentativa de evitar uma pressão ainda maior sobre o principal funding do setor, o banco já pisou no freio em relação à concessão de crédito a Pessoas Físicas, e quer estimular construtoras a buscarem recursos com opções inclusive do Mercado de Capitais.

Segundo a Caixa, a ideia com a modalidade de recursos livres é "trazer segurança aos construtores e incorporadores para não mudarem o planejamento de lançamentos”, em função da oferta de crédito disponível, adiantou o Superintendente Executivo de Habitação da Caixa, João Victor Oliveira, em encontro promovido pela Associação das Empresas do Mercado Imobiliário de Pernambuco (Ademi-PE), nesta terça-feira (15). 

“Não é substituição do SBPE. O que temos é uma alternativa para aqueles momentos onde o orçamento está se esgotando para o ano, geralmente quando faltam entre dois a três meses para o fim do ano. Temos essa alternativa, se o construtor acreditar como viável para ele”, explica o Superintendente Executivo Jurídico da Caixa em Pernambuco, Bruno Montanha.

Na modalidade de recursos livres, a Caixa oferece aos construtores como indexador o CDI (Certificado de Depósito Interbancário - título de curto prazo emitido pelos bancos) + sobrepreços. O crédito é contemplado tanto nas linhas de Apoio à produção como no Plano Empresário, nas modalidades Pós-fixada (132% a 206% do CDI), taxa mínima projetada de 14,52%, e Pré-fixada (CDI + 3,3 a 7,05%), taxa mínima de 14,30%.

Em linhas gerais, a alternativa faz parte da estratégia da Caixa de estimular a busca de recursos no Mercado de Capitais. O banco conta com recursos iniciais da ordem dos R$ 8 bilhões disponíveis. No atacado, o banco diz já ter R$ 7 bilhões em estruturações no ano, além de ter feito as primeiras emissões de CRI com recebíveis pulverizados (carteira de pró-soluto). A Caixa também tem atuado como assessor financeiro na captação de recursos para o restabelecimento e aceleração de canteiro de obras.

SEM DINHEIRO NA POUPANÇA

Já para as pessoas físicas, a Caixa reduziu o financiamento para aquisição de imóveis ou construção individual, com valor de avaliação ou compra e venda limitado a R$ 1,5 milhão e para clientes que não possuam outro financiamento habitacional ativo com o banco. A cota máxima de financiamento admitida será de até 70% do valor do imóvel, com sistema de amortização SAC, e de até 50% com sistema PRICE. As mudanças passam a valer a aprtir de 1º de novembro, somente para novos contratos.

“A Caixa representa 70% de todo o crédito imobiliário do País, com a contratação elevada, o recurso da Poupança disponível para financiamento do SBPE, já está perto de se esgotar. Alinhado a isso, a subida da Selic faz com que as pessoas tirem recursos da Poupança e coloquem na Renda Fixa. Serão afetados todos os imóveis com valor acima de R$ 350 mil, para famílias com renda maior que R$ 8 mil. Se o imóveol for abaixo disso e a renda menor, sem contrato de financiamento ativo, esse imóvel pode ser financiado com recursos do FGTS, que permanece com até 80% do valor do imóvel financiável”, explica o diretor comercial da Construtora Carrilho, Roberto Rios.

O QUE DIZ A CAIXA

Em nota, o banco diz que a carteira de crédito habitacional já ultrapassou a marca de R$ 800 bilhões, com mais de 7 milhões de contratos ativos. “O banco segue como o maior financiador da casa própria no país, com 68% do mercado. Esse resultado é fruto do foco de atuação nesse segmento, com a oferta de amplo portfólio de produtos, visando atender a todos os perfis de clientes, sempre com as condições mais vantajosas”.

Em 2024, o banco concedeu, até setembro, R$ 175 bilhões de crédito imobiliário, o que representou um aumento de 28,6% em relação ao mesmo período de 2023. Foram 627 mil financiamentos de imóveis, beneficiando cerca de 2,5 milhões de brasileiros até o momento.

Em relação às contratações com recursos da Poupança (SBPE), a Caixa apresentou em 2024 market share de 48,3% de contratação dos financiamentos do País, correspondendo a R$ 63,5 bilhões das operações realizadas pelo banco até setembro.

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