Casa própria: com aperto da Caixa, bancos já miram juros mais altos para classe média; veja condições
Para quem tem renda familiar acima dos R$ 8 mil ou busca imóveis a partir dos R$ 350 mil, financiar apartamento tem sido uma tarfea difícil
Com as dificuldades da Caixa Econômica Federal no financiamento imobiliário, demandando pagamento de maior entrada para a compra de imóveis financiados com recursos da Poupança, a partir deste mês de novembro, a classe média, que pode recorrer aos bancos privados para acessar o crédito imobiliário, também não irá encontrar as melhores das condições para conseguir comprar a casa própria. Diante da pressão inflacionária e perspectiva de alta da taxa Selic, quem não subiu os juros, já admite que isso deverá ocorrer em breve.
Para quem tem renda familiar acima dos R$ 8 mil ou busca imóveis mais a partir dos R$ 350 mil, financiar pela própria Caixa Econômica Federal tem sido uma tarefa difícil, tanto em relação ao prazo de liberação do crédito pelo banco quanto ao valor da entrada para garantir o financiamento. Nas modalidades com recursos do Sistema Brasileiro de Poupança e Empréstimo (SBPE), a Caixa passará a financiar a aquisição de imóveis ou construção individual, com valor de avaliação ou compra e venda limitado a R$ 1,5 milhão e para clientes que não possuam outro financiamento habitacional ativo com o banco. Além disso, a cota máxima de financiamento admitida será de até 70% do valor do imóvel, com sistema de amortização SAC e de até 50% com sistema PRICE, fazendo com que o mutuário precise pagar bem mais na entrada do imóvel.
O banco público, no entanto, não é o único a oferecer linhas de crédito para financiamento de imóveis. Mas as condições nas principais unidades financeiras do País não estão das melhores, inclusive podendo piorar, conforme já preveem alguns bancos no que diz respeito ao custo do crédito.
FINANCIMENTO IMOBILIÁRIO NOS BANCOS
Antes mesmo do anúncio da Caixa, o Itaú já reajustou neste mês de outubro suas taxas para o crédito imobiliário, nas linhas com juros pré-fixado SAC e Price. Atualmente, os juros são a partir de 10,79% ao ano, com atualização do saldo devedor pela TR. O valor financiável, no entanto, segue até 90% do preço do imóvel, diferente da Caixa.
"No Itaú Unibanco, temos o compromisso de manter taxas competitivas no mercado, com foco em atender as necessidades de nossos clientes. Nesse sentido, toda vez que algum movimento importante ou mudança de tendência acontecem, nos empenhamos para entregar as melhores condições, levando em conta o perfil de cada cliente e seu relacionamento com o banco. Atualmente, o Itaú oferece condições que se mantêm atrativas e flexíveis", diz o banco em nota.
Já no Bradesco, não está descartada "a busca pelo equilíbrio financeiro das operações". O banco financiou até setembro quase R$ 29 bilhões no crédito imobiliário, já paresentando crescimento de 59% em relação ao mesmo período de 2023. Isso corresponde a cerca de 60 mil unidades financiadas e contratadas (principal player privado do mercado).
Com relação às taxas, o banco diz estar "acompanhando o atual cenário de elevação de taxas de juros. A taxa atual parte de TR + 10,49 % ao ano, sem alteração no valor total financiável, permanecendo em até 80%.
O Santander, por sua vez, diz que a tendência é de aumento nas taxas do crédito imobiliário. Para o financiamento imobiliário residencial, o Santander pratica uma taxa de juros a partir de 10,99% ao ano + TR. As operações possuem ainda custos de taxas administrativas e seguros obrigatórios. O comprometimento de renda é de até 35%, podendo variar de acordo com a análise de crédito caso a caso.
Nas operações dentro do âmbito SFH, é possível financiar imóveis entre R$ 90 mil e R$ 1,5 milhão. já as operações fora do âmbito SFH, é possível financiar também os imóveis acima de R$ 1,5 milhão. Para imóveis residenciais, o prazo máximo para o financiamento é de 35 anos e o percentual máximo de financiamento do valor do imóvel é de 80%.
O Banco do Brasil mantém as atuais taxas de crédito imobiliário em 9% a.a.+TR para as operações contratadas com recursos do FGTS, conforme regulamentação do Gestor do FGTS. Já para as operações com recursos de Poupança, as taxas partem de 10,29% a.a. + TR e variam de acordo com o perfil do cliente, incluindo empreendedores pessoas físicas, prazo de financiamento e relacionamento com o BB.
CRÉDITO IMOBILIÁRIO AINDA EM ALTA
Apesar das dificuldades no acesso ao crédito, os financiamentos imobiliários seguem avançando, com bons resultados no País. Entre janeiro e agosto de 2024 foram financiados 355,6 mil imóveis com recursos da poupança SBPE, resultado 5,4% superior ao de igual período de 2023. No período de 12 meses encerrado em agosto de 2024, foram financiados 517,4 mil imóveis com recursos da poupança SBPE, resultado 6,4% inferior ao do período precedente, de acordo com dados da Associação Brasileira das Empresas de Crédito Imobiliário e Poupança (Abecip).
Nos 12 meses até agosto de 2024, o volume financiado somou R$ 170,4 bilhões, mostrando alta de 6,8% comparativamente ao período imediatamente anterior.