CBIC mantém projeção de crescimento de 4,1% para a construção civil em 2024
O desempenho foi impulsionado pelo aquecimento do mercado imobiliário, pela retomada de obras do Programa Minha Casa, Minha Vida e as eleições
O setor da construção civil deve consolidar 2024 com um crescimento de 4,1% em suas atividades. Para 2025, a expectativa é de uma desaceleração, com uma projeção inicial de expansão de 2,3%. De acordo com o presidente da CBIC, Renato Correa, isso demonstra que o setor avançou consideravelmente desde a pandemia, mas ainda há um espaço significativo para crescimento, que precisa ser estimulado pela melhora do ambiente de negócios.
As projeções foram apresentadas nesta segunda-feira (16). Segundo Correa, é fundamental criar um ambiente de negócios favorável, a fim de manter um nível elevado de desenvolvimento tanto na infraestrutura quanto na habitação por um longo período.
"Não adianta ter uma ascensão, como em 2014, para depois experimentar uma queda, como ocorreu posteriormente. O ambiente de negócios precisa ser cuidadosamente planejado e trabalhado, garantindo a continuidade dos investimentos ao longo do tempo”, frisou.
SETOR CRESCE MAS ENFRENTA DESAFIOS
O desempenho foi impulsionado pelo aquecimento do mercado imobiliário, pela retomada de obras do Programa Minha Casa, Minha Vida, pelas obras relacionadas ao ano eleitoral, pelo dinamismo do mercado de trabalho e pela recuperação da economia brasileira.
Apesar desse resultado, o setor enfrenta desafios significativos. O aumento nos custos com mão de obra e materiais, aliado às taxas de juros elevadas, são fatores que podem impactar os resultados de 2025.
O PIB do terceiro trimestre de 2024, divulgado pelo IBGE, revelou um crescimento de 4,1% no setor em relação ao ano anterior, impulsionado pela recuperação da economia, o dinamismo do mercado imobiliário – especialmente com o retorno do programa Minha Casa, Minha Vida – e um mercado de trabalho aquecido.
CRESCIMENTO ABAIXO DO NÍVEL DE 10 ANOS ATRÁS
Quando anualizado, o crescimento da construção civil foi de 3,3% nos últimos quatro trimestres. No entanto, o terceiro trimestre registrou uma queda de 1,7% em relação ao segundo, devido à desaceleração nas obras de infraestrutura, impactadas pela conclusão de projetos ligados às eleições municipais. Desde 2019, o setor cresceu 21,2%, destacando seu papel fundamental na economia brasileira.
A construção civil ainda está cerca de 16% abaixo do pico de suas atividades no início de 2014, mas desde a pandemia tem apresentado resultados mais satisfatórios. Em 2024, as vendas de cimento acumuladas entre dezembro de 2023 e novembro de 2024 totalizaram 64,5 milhões de toneladas, um aumento de 4% em relação ao ano anterior.
POSTOS DE TRABALHO
O mercado de trabalho na construção civil também apresentou resultados positivos em 2024. Entre janeiro e outubro, foram criadas mais de 230 mil novas vagas formais, com destaque para jovens entre 18 e 29 anos, que representaram cerca de 52% das contratações.
O número total de trabalhadores com carteira assinada atingiu 2,978 milhões, alcançando o nível de 2014. O salário médio de admissão em outubro foi de R$ 2.335,69, o segundo maior entre os setores econômicos, superando a média nacional de R$ 2.153,18. De janeiro de 2020 a outubro de 2024, a construção civil gerou 920 mil novos empregos.
MERCADO IMOBILIÁRIO
O mercado imobiliário também cresceu. De janeiro a setembro, as vendas de apartamentos novos aumentaram 20%, com 292.557 unidades comercializadas, enquanto os lançamentos cresceram 17,3%. O financiamento imobiliário também avançou: o FGTS financiou, nos primeiros dez meses de 2024, 516.207 unidades (alta de 28,1%), movimentando R$ 107,3 bilhões (crescimento de 37,8%), em comparação ao mesmo período de 2023. Já o Sistema Brasileiro de Poupança e Empréstimo financiou 469.531 unidades (alta de 12,7%), somando R$ 154,1 bilhões (aumento de 22,6%).
Apesar dos avanços, os elevados custos da construção continuam a preocupar o setor. O Índice Nacional de Custo da Construção (INCC) registrou alta de 6,34% nos últimos 12 meses, superando a inflação oficial de 4,87%.