Por Amanda Rainheri, da Coluna Meu Pet
Não é novidade para os tutores que os animais de estimação são ótimas companhias para o dia a dia. E, em tempos de quarentena, essa ligação pode se tornar ainda mais necessária, principalmente para quem vive sozinho. Mas a pandemia do novo coronavírus (covid-19) trouxe, junto com o confinamento, uma série de incertezas sobre o possível contágio entre os pets e seres humanos. Afinal, há motivos para ter medo? O que muda na rotina?
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De acordo com a médica veterinária Edna Santos, da Universidade Federal Rural de Pernambuco (UFRPE), não existem evidências de que os animais sejam transmissores do novo coronavírus. "Não há trabalhos científicos que comprovem que o animal pode adquirir e transmitir a doença", afirma.
Segundo ela, mesmo nos casos em que os pets testem positivo para o novo coronavírus, não é possível apontá-los como transmissores. "Nos casos noticiados de animais que testaram positivo houve contato com o dono, que também testou positivo. O vírus estar presente não significa que ele poderá ser transmitido", argumenta. A veterinária explica: "uma maneira fácil de comparar é com outra doença, a leishmaniose. Ela é transmitida através de um inseto, que pica um animal doente e transmite para outro. Porém, já foi encontrada leishmania em carrapatos, porque sugam o sangue dos animais. Isso não torna o carrapato um transmissor."
Para os animais que conseguem fazer as necessidades dentro de casa, a recomendação é manter o isolamento. Já para os que precisam ir para a rua, a médica veterinária faz recomendações. "Alguns cuidados precisam ser tomados para que eles não tragam o vírus para dentro de casa. Não são necessários passeios longos e as patinhas precisam ser higienizadas com água e sabão neutro próprios para os animais após o passeio."
Atendimento
Com o avanço dos casos do novo coronavírus no mundo, a recomendação da Organização Mundial da Saúde (OMS) é de que as pessoas não deixam suas casas para realizarem tarefas que não sejam essenciais. Em nota, a Organização Mundial de Saúde Animal (OIE) e a Associação Mundial de Veterinária (WVA) defenderam que os serviços veterinários e de nutrição animal são essenciais para a saúde pública, especialmente na prevenção de doenças, no gerenciamento de emergências e enfreamento de pandemias.
Assim, a orientação do Conselho Federal de Medicina Veterinária (CFMV) é de que os profissionais continuem atuando em clínicas e hospitais veterinários, com algumas ressalvas.
- CONSULTAS VETERINÁRIAS: atendimento preferencialmente agendado, com a presença de apenas um responsável (tutor), para evitar a concentração excessiva de humanos nos ambientes de espera.
- HIGIENIZAÇÃO: adoção de regras básicas de higiene e assepsia pessoais e do ambiente, antes e após cada atendimento. Usar o máximo de descartáveis (jalecos, luvas etc.). Consultas em domicílio devem seguir rigidamente essas normas de higiene e assepsia, além de manter um intervalo mínimo de duas horas entre os atendimentos.
- INTERNAÇÃO: desestímulo às visitas aos animais internados, oferecendo maior número de boletins médicos dos pacientes.
- PET SHOPS: são muito importantes na nutrição dos animais, devendo manter estoque normal dos alimentos, evitando deslocamentos incertos dos tutores à procura da ração ideal para seu animal.
- ESTÉTICA ANIMAL: incentivo aos tutores a diminuir a frequência de banhos e tosas de seus pets, diminuindo a circulação das pessoas. Preferencialmente, realizar a higiene dos pets no próprio domicílio.
- PASSEIOS COM PETS: devem ser reduzidos, feitos em pequenas distâncias, apenas para atender às necessidades fisiológicas dos animais, também evitando concentrações em parques e praças.
- AUTORIDADES LOCAIS: todas as recomendações dos órgãos públicos de saúde devem ser seguidas rigorosamente.
- ANIMAIS DE PRODUÇÃO: Nos locais de manejo e criação dos animais de produção, via de regra, já costuma ser baixa a concentração de pessoas, o que mitiga o risco e já contribui para evitar a propagação do vírus nesses ambientes. Mantendo as distâncias recomendadas pelos órgãos de saúde, acredita-se que a possibilidade de contaminação já é pequena. De qualquer forma, em granjas com um quantitativo maior de profissionais, como as de suínos, recomenda-se que as reuniões em campo para definição de procedimentos clínicos e de manejo sejam reduzidas e mais curtas, mantendo-se os protocolos de distância e evitando contatos físicos.
- QUARENTENA E AS CLÍNICAS: o CFMV considera que os serviços clínicos veterinários são essenciais e devem ser mantidos à disposição da população, assim como os de nutrição animal, desde que reforcem os cuidados com a higienização a cada atendimento e organizem o agendamento das consultas com antecedência para evitar concentração excessiva de pessoas no mesmo ambiente.
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