Fotos: André Nery/JC Imagem
A polêmica foi grande e a primeira etapa prometida é apenas uma pequena parte de um projeto maior, que talvez nem consiga sair do papel plenamente. Mas os 5,1 quilômetros da rota cicloviária que pretende ligar o Marco Zero, no Bairro do Recife, ao município de Igarassu, na Região Metropolitana do Recife, começaram a virar realidade de pois de três anos de promessas. Quem passa na Rua da Aurora já vê a ciclovia ganhando forma no cais, próxima ao rio e sombreada em boa parte do percurso. A conclusão do primeiro trecho, até a Fábrica Tacaruna, no limite do Recife com Olinda, continua sendo o mês de abril.
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Até agora, a intervenção tem menos de dois quilômetros e ainda está na primeira frente de trabalho. Mas segundo a Secretaria de Turismo e Lazer de Pernambuco, responsável por viabilizar o projeto via o programa Prodetur, o cronograma de obras está sendo atendido dentro do previsto. “Começamos no Cais da Aurora, onde a intervenção acontece na área do passeio público e, por isso, gera menos impacto, mas ainda esta semana estaremos indo para a área da Praça da República. Serão várias frentes de trabalho simultâneas”, afirmou a secretária executiva do Prodetur, Manoela Marinho.
O Cais da Aurora é o único trecho da rota ciclável que terá uma ciclovia – quando o espaço dos ciclistas é isolado fisicamente dos carros. O restante da rota será de ciclofaixas – quando a separação é feita com tachões – e ciclorrotas – apenas sinalização horizontal e vertical. A implantação da ciclovia sobre o Cais da Aurora, inclusive, foi alvo de críticas dos cicloativistas. O argumento era de que o governo do Estado não estava tendo coragem de reduzir o espaço dos automóveis e, por isso, comprometia o dos pedestres. Mas na época da polêmica, em outubro do ano passado, quando foi definido o traçado da primeira etapa do eixo, o secretário Felipe Carreras explicou que era o possível a ser feito.
“Sabemos que a rota não atenderá à exigência de parte dos cicloativistas, que queriam uma infraestrutura nas Pontes Buarque de Macedo e Princesa Isabel, o que não foi possível. Mas isso não pode virar uma polêmica. Estamos avançando. Não estamos subtraindo, mas somando. São conquistas que estão mudando a consciência do poder público e da sociedade”, argumentou na época. As duas pontes citadas pelo secretário renderam mais polêmicas porque não terão infraestrutura para os ciclistas.
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O eixo cicloviário terá quase um quilômetro de ciclorrota e apenas um quilômetro de ciclovia. O restante será de ciclofaixa. Em dois pontos – na Ponte Princesa Isabel (entre a Rua da Aurora e a Praça da República) e no pontilhão que corta a Avenida Agamenon Magalhães e liga a Avenida Jayme da Fonte, em Santo Amaro, à Rua Odorico Mendes, em Campo Grande – os pedestres terão que descer da bicicleta para garantir a segurança.
Os pontos que geraram polêmica desde o início da elaboração do projeto, inclusive com um período para apresentação de propostas de solução para os conflitos, continuaram. Em apenas um ponto a Associação Metropolitana dos Ciclistas da Região Metropolitana do Recife (Ameciclo) conseguiu convencer o governo do Estado e, principalmente, a CTTU e a Secretaria de Mobilidade do Recife: a implantação de um trecho inferior a 200 metros de ciclofaixa na Rua da Aurora e, não, sobre a calçada do Cais da Aurora. Outra vitória é a retirada de 70 vagas de estacionamento para dar lugar a uma ciclovia no trecho.
A rota ciclável começará na Avenida Rio Branco, no Bairro do Recife, mas não seguirá em frente pela Ponte Buarque de Macedo, o que seria o lógico. Segundo a Secretaria de Turismo do Estado, foi impossível convencer a CTTU a manter o traçado por causa da área de giro dos ônibus BRT do Corredor Norte-Sul, que entram na ponte, além do volume de veículos que passam no trecho. Assim, ela seguirá como ciclorrota pela Rua Madre de Deus, depois seguirá pela Rua Marquês de Olinda e Ponte Maurício de Nassau sempre à direita.