Onze assaltos a ônibus por dia e 1.916 investidas em 2016. Motoristas ameaçam parar no Carnaval 2017

Publicado em 03/02/2017 às 16:27 | Atualizado em 03/02/2017 às 22:30
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  Motoristas mostram os variados ofícios que enviaram ao governo do Estado pedindo providências contra a violência no transporte. Fotos: Roberta Soares Motoristas mostram os variados ofícios que enviaram ao governo do Estado pedindo providências contra a violência no transporte. Fotos: Roberta Soares   Foram quase 2 mil assaltos a ônibus em 2016 e somente no primeiro mês de 2017 já são 345 investidas. Ou seja, uma média de 11 assaltos por dia e um aumento de 97,2% nos casos comparando o mês de janeiro deste ano com o de 2016. Não dá mais. A violência no transporte coletivo chegou ao limite e são os próprios operadores do sistema que estão gritando. Pedem um pouco de sensibilidade por parte do governador Paulo Câmara e da Segurança Pública do Estado.  
    Se juntaram à população que usa o sistema diariamente – 2,5 milhões de pessoas – para exigir providências do governo. E ameaçam: se a segurança no transporte coletivo não for garantida pelo governo de Pernambuco, motoristas, cobradores e fiscais vão deixar de rodar no Carnaval, prejudicando ainda mais a população e comprometendo a folia e a imagem do Estado na época em que mais turistas o escolhem como destino. O prazo final é na semana que vem. Caso não seja dada nenhuma sinalização, uma assembleia da categoria será convocada para votar a paralisação.     Os números apresentados pelo Sindicato dos Rodoviários de Pernambuco são impressionantes e justificam a decisão de parar: 1.916 assaltos em 2016, enquanto a Secretaria de Defesa Social (SDS) divulgou apenas 1.222 investidas. Em 2013, foram 1.113 assaltos; em 2014, 1.471; e em 2015, 1.890 investidas. Somente numa comparação com os últimos três meses de janeiro, os assaltos cresceram quase 100%. De 2015 para 2016, o aumento foi de 23,2%. Mas de 2016 para 2017 cresceu 97,2%. “Não tem mais condição de trabalhar assim. Os profissionais estão adoecendo, em pânico, esperando a morte. E pelos números crescentes, vemos que nada vem sendo feito desde 2013. A situação piorou demais em 2015 e ainda mais do ano passado para cá. Por isso, se nada for feito, vamos parar sim e a população ficará sem transporte no Carnaval”, atacou o presidente do Sindicato dos Rodoviários, Benício Custódio, durante coletiva nesta sexta-feira (3/02).   Cobradora atingida por pedra lançada contra o ônibus em mais uma tentativa de assalto, no domingo 29/2, participou da coletiva Cobradora atingida por pedra lançada contra o ônibus em mais uma tentativa de assalto, no domingo 29/2, participou da coletiva   O presidente argumenta que protocolou diversos ofícios ao governador Paulo Câmara, ao comando da Polícia Militar, da Polícia Civil e a diversos órgãos da Prefeitura de Olinda, onde a violência contra o transporte coletivo aumentou demais. “Relatamos o crescente número de assaltos e avisamos que, diante dessa situação, os rodoviários estão autorizados a fazer uso de direitos constitucionais que permitem se recusarem a trabalhar por correr risco de morte”, diz Benício Custódio. No documento enviado às autoridades são citados o Artigo 7º da Constituição Federal, o Artigo 483 da CLT e a Norma Regulamentadora número 9 do Ministério do Trabalho e Emprego. De forma geral, todas determinam que o trabalhador tem direito à redução dos riscos inerentes ao trabalho e que o empregador é responsável por isso. LEIA MAIS Assaltos a ônibus: é só querer combater Assaltos a ônibus, promessas e mais promessas BRT Norte-Sul refém dos assaltos e passageiros assustados SDS cobra empenho, publicamente, das Polícias Militar e Civil para reduzir assaltos a ônibus   Os rodoviários também alegam o prejuízo psicológico dos profissionais do transporte, que têm trabalhado sobre pressão e, quando sofrem diretamente com a violência, não têm seus direitos garantidos pelos empregadores. “As empresas estão descumprindo as regras da Previdência Social e encaminhando o trabalhador doente, abalado psicologicamente, para o INSS como doença comum, na tentativa de escapar de garantir a estabilidade do trabalhador. Isso é um absurdo. Onde vamos parar?”,indagou.  
    A cobradora Ângela Maria Vieira, de 53 anos, participou da coletiva para reforçar o sentimento de pânico de todos que vivem o transporte coletivo. No domingo 29/2, quando largava do trabalho na linha Rio Doce-CDU, foi atingida pelos estilhaços do vidro quebrado por uma pedra lançada por supostos assaltantes. "Levei diversos pontos e estou em pânico quando penso em voltar a trabalhar. Está muito difícil. O governo precisa fazer algo por nós", disse. O marido da cobradora, que estava no mesmo ônibus, também se feriu. Era mais um passageiro no coletivo. Com a palavra, o governo de Pernambuco e a Uraban-PE.

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