Temos que ser todos Hélio, o ciclista morto no Recife
Publicado em 26/03/2017 às 18:31
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Foto: Diego Costa/Divulgação
Temos que ser todos Hélio Almeida Araújo, o engenheiro ciclista que morreu atropelado por um motorista que sequer prestou socorro, esta semana, na Avenida Mário Melo, em Santo Amaro, área central do Recife. Pouco importa se você não anda de bicicleta. Mesmo que não goste de ciclistas e prefira fazer tudo de automóvel, como ir à padaria ou à academia. Ou que você seja um defensor do transporte público e ache que já passamos da hora de ter um forte lobby pelo ônibus e o metrô nas cidades. Ou ainda que defenda a mobilidade a pé.
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Pouco importa. Todos temos que ser Hélio por uma questão básica: precisamos avançar na mobilidade urbana segura. Independente do modal: carro, a pé, ônibus ou bicicleta. Precisamos avançar, cobrar dos gestores ações para isso. Calçadas acessíveis e íntegras para os pedestres. Vias seguras e bem sinalizadas para o carro. Faixas e corredores exclusivos para o ônibus. Ciclofaixas e ciclovias para as bicicletas.
Foto: Ameciclo/Divulgação
A morte de Hélio Almeida atinge diretamente o problema da estagnação da implantação da malha ciclável na cidade, mas escancara para todos que a gestão da mobilidade urbana parou no tempo. Independentemente da esfera de poder. Revela que muito pouco ou quase nada têm sido feito. Faltam Faixas Azuis para os ônibus, calçadas para o pedestre e ciclofaixas para as bikes.
A Ameciclo lembra que a Rua dos Palmares, local da morte do ciclista, deveria, pelo Plano Diretor Cicloviário (PDC), ter uma ciclovia. No local, passam 1.371 ciclistas diariamente, segundo contagem da associação. Mas há três anos não há implementação das ciclovias e ciclofaixas previstas no PDC. Até o final de 2017, a cidade do Recife já deveria ter 142 Km de infraestrutura protetiva para o ciclista.
PROTESTOS
Os ciclistas pretendem se mexer para não deixar o caso cair no esquecimento. Além da busca pelo condutor envolvido no acidente – provavelmente um motorista de ônibus –, vão sinalizar as vias do Recife que deveriam ter equipamentos previstos no PDC. Também farão uma grande bicicletada na sexta-feira (31/3) para instalar a ghost bike em homenagem ao engenheiro morto.
Em meio a tanta angústia, ao menos uma boa notícia: a inauguração, mesmo com atrasos e polêmicas, dos cinco primeiros quilômetros do Eixo Cicloviário Metropolitano, que ligará o Marco Zero à Fábrica Tacaruna. São equipamentos como esse que poderiam ter salvo a vida de Hélio. Confira o eixo no vídeo abaixo:
A Prefeitura do Recife, lógico, se defende. Por nota, argumenta estar trabalhando pela ciclomobilidade. Diz ter prospectado 12 rotas e implantado sete delas. Leia a resposta na íntegra:
A Prefeitura do Recife, através da Autarquia de Trânsito e Transporte Urbano do Recife (CTTU), tem realizado um trabalho contínuo para proporcionar uma circulação mais segura para a população. Desde o início da gestão, diversas ações foram implantadas para salvar vidas, o que proporcionou uma redução de cerca de 30% no número de acidentes de trânsito com vítima entre 2012 e 2016 na capital. Foram 77 equipamentos de fiscalização eletrônica implantados, que fiscalizam excesso de velocidade, avanço de semáforo e parada sobre a faixa de pedestre.
Também é importante destacar o trabalho dos cerca de 250 orientadores de trânsito, dispostos nos principais corredores viários da cidade, e que auxiliam os condutores, ciclistas e pedestres. O órgão de trânsito ainda requalificou cerca de quatro mil faixas de pedestres e implantou 13 mil placas de sinalização vertical.
Acidentes com vítimas:
2012 - 2.534
2013 - 2.565
2014 - 2.547
2015 - 2.041
2016 - 1.771
Quanto à implantação da rede ciclável no Recife, a CTTU realizou a prospecção de 12 rotas cicláveis em consonância com o Plano Diretor Cicloviário da Região Metropolitana (PDC/RMR). Dessas, sete já foram implantadas: Inácio Monteiro (2,4 quilômetros), Antônio Curado (3,2 quilômetros), Marquês de Abrantes (1,9 quilômetros), Arquiteto Luiz Nunes (3,5 quilômetros), Antônio Falcão (1,7 quilômetros), Ciclovia Via Mangue (4 quilômetros) e Ciclofaixa Jardim Beira Rio (0,85 quilômetros), além da Zona 30 (que é uma rota compartilhada entre os modais, mas não entra na contagem da quilometragem total).
Atualmente existem cerca de 42 quilômetros de ciclovias, ciclofaixas e ciclorrotas na cidade. As novas rotas implantadas pela gestão (num total de 18 quilômetros) compõem a Rede Cicloviária Complementar, que está sendo projetada de forma que exista uma conexão com as já existentes e com a Rede Cicloviária Metropolitana, que está sendo elaborada pelo Governo do Estado. Os projetos priorizam o atendimento aos bairros que abrigam polos de interesse público, como parques, praças, mercados públicos e terminais de ônibus, criando pontos de conectividade entre esses equipamentos.
Foto: JC Imagem
ROTAS CICLÁVEIS IMPLANTADAS NA ATUAL GESTÃO
(TOTAL DE 18 KM)
CICLOVIA
- Via Mangue
IMPLANTAÇÃO: janeiro de 2016
BAIRROS CONTEMPLADOS: Boa Viagem e Pina
EXTENSÃO: 4 km
PERCURSO: Pista Leste da Via Mangue - Anel Viário do Rio Mar Shopping
A Ciclovia da Via Mangue tem um total de 4 km de extensão e é integrada à ciclofaixa da Avenida Antônio Falcão, fazendo a conexão com a Avenida Mascarenhas de Moraes, e com a Ciclofaixa Jardim Beira Rio, totalizando cerca de 7km de rota ciclável contínua. Se une também à ciclovia de 450 m já implantada no entorno do shopping RioMar.
CICLOFAIXAS
- Arquiteto Luiz Nunes (3,5 km - bidirecional)
IMPLANTAÇÃO: maio de 2014
BAIRROS CONTEMPLADOS: Afogados e Imbiribeira
PERCURSO: Rua Santos Araújo - Rua Augusto Calheiros - Ponte Paulo Guerra - Rua Arquiteto Luiz Nunes - Rua Eng. José Brandão Cavalcante - Lagoa do Araçá.
- Marquês de Abrantes (1,9 km - bidirecional)
IMPLANTAÇÃO: maio de 2014
BAIRROS CONTEMPLADOS: Rosarinho, Encruzilhada, Hipódromo e Campo Grande
PERCURSO: Inicia na Rua Amaro Coutinho - Rua Pedro Alves - Rua da Coragem - Rua Retiro Saudoso - Rua Carlos Fernandes - Rua Marquês de Abrantes, até o cruzamento com a Rua Jerônimo Vilela.
*A rota é uma alternativa aos ciclistas que circulam pela Estrada de Belém, onde o tráfego comporta um volume intenso de veículos pesados.
- Antônio Curado (3,2 Km - bidirecional)
IMPLANTAÇÃO: novembro de 2015
BAIRRO CONTEMPLADOS: Engenho do Meio
PERCURSO: Rua Gaspar Perez - Rua Mauricéia - Rua Manoel Estevão da
Rua Antônio Curado - Rua José dos Anjos (terminal Engenho do Meio)
- Inácio Monteiro (2,4 km - bidirecional)
IMPLANTAÇÃO: dezembro de 2015
BAIRRO CONTEMPLADO: Cordeiro
PERCURSO: Rua Doutor Miguel Vieira Ferr - Rua Joaquim Xavier de Brito - Avenida Inácio Monteiro
- Antônio Falcão (1,7 km - bidirecional)
IMPLANTAÇÃO: dezembro de 2015
BAIRRO CONTEMPLADO: Imbiribeira
PERCURSO: Avenida General Mac Arthur - Rua Antônio Falcão
Foto: Diego Costa/Divulgação
- Jardim Beira Rio (0,85 km - bidirecional)
IMPLANTAÇÃO: janeiro 2016
BAIRRO CONTEMPLADO: Pina
PERCURSO: Avenida Manoel de Brito - Avenida República Árabe Unida
- Zona 30
IMPLANTAÇÃO: junho de 2014
22 vias do Bairro do Recife com uso compartilhado equitativo entre pedestres, veículos e ciclistas
REDE CICLÁVEL IMPLANTADA NO RECIFE (TOTAL)
Ciclovia Norte 1,47 km
Ciclofaixa do Cavouco 2,3 km
Ciclovia Orla 7,85 km
Ciclofaixa Brasília Teimosa 1,41 km
Rota de Bicicleta Tiradentes 5,6 km
Ciclovia Shopping 0,45 km
Ciclofaixa Binário de Casa Amarela – Arraial x Encanamento 5 km
Ciclofaixa Arquiteto Luiz Nunes 3,5 km
Rota de Bicicleta Marquês de Abrantes 1,9 km
Rota Antônio Curado 3,2 km
Rota Inácio Monteiro 2,4 km
Ciclofaixa Antônio Falcão 1,7 km
Ciclovia Via Mangue 4 km
Ciclofaixa Jardim Beira Rio 0,85 km
TOTAL - 41,63 km.
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