Governador Paulo Câmara suspende retirada dos cobradores de ônibus da RMR
Publicado em 14/04/2017 às 15:43
| Atualizado em 04/11/2019 às 12:29
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Foto: Davison Nunes/JC Imagem
A pressão dos passageiros de ônibus, dos operadores e o olhar atento do Ministério Público de Pernambuco (MPPE) surtiram efeito. O governador de Pernambuco, Paulo Câmara, determinou nesta sexta-feira (14/4) a suspensão imediata da retirada dos cobradores dos ônibus da Região Metropolitana do Recife. A decisão foi pessoal e o argumento do governador, repassado diretamente ao secretário das Cidades e responsável pela gestão do sistema, Francisco Papaléo, foi de que o processo está prejudicando os passageiros. De fato, a retirada dos cobradores começou gradativa e lentamente no fim de 2015, mas no início deste ano, foi acelerada pelo Grande Recife Consórcio de Transportes (GRCT) sem uma ampla divulgação para os passageiros. Já são 32 linhas operando sem o cobrador, sendo que 27 delas passaram pela mudança somente no mês de março.
Foi uma decisão pessoal do governador. Ele entende que os passageiros estão sendo prejudicados e ficou sensibilizado com as reclamações",
Francisco Papaléo, secretário das Cidades
Fotos: JC Imagem
Vale ressaltar que a suspensão vale apenas a partir de agora e atinge as próximas linhas que já tinham data para perder o cobrador: 033 – Aeroporto e 511 – Alto do Mandu, que adotariam o pagamento da tarifa exclusivamente com o cartão VEM a partir dos dias 17 e 24/4, respectivamente. “Foi uma decisão pessoal do governador. Ele me ligou nesta sexta-feira e deu a determinação. Ele entende que os passageiros estão sendo prejudicados e ficou sensibilizado com as reclamações. Se fizermos uma análise da repercussão na mídia em geral vemos que os usuários não estão satisfeitos porque a rede de vendas dos cartões e créditos eletrônicos do VEM não é satisfatória”, explicou o secretário das Cidades.
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Questionado se a preocupação demonstrada pelo governador Paulo Câmara não deveria ter sido considerada pelo GRCT antes de autorizar as mudanças – principalmente em março, quando o número de linhas atingidas foi enorme –, Francisco Papaléo ponderou que as linhas que perderam os cobradores até agora têm uma característica diferente de operação. “São linhas de ônibus de baixa demanda, que passam por terminais integrados ou fazem conexão e integração com o sistema BRT, onde é possível encontrar uma rede para compra de cartões e créditos eletrônicos do VEM. Muitas também são do serviço opcional, ou seja, que têm passageiros frequentes, fiéis”, disse.
Qualquer mudança na decisão do governo, segundo o secretário, será adotada somente depois da reunião com o promotor de Transportes do MPPE, Humberto Graça, marcada para esta segunda-feira (17/4), às 15h. O encontro foi marcado porque o MPPE avaliou como “atropelada” a retirada dos cobradores, que ganharam um ritmo impressionante no mês de março, sem que as mudanças fossem noticiadas com antecedência. Estarão presentes o GRCT, a Secretaria das Cidades e a Urbana-PE. “Concordamos que a rede de vendas não está satisfatória. Por isso vamos analisar a situação, ver o que a Urbana-PE terá para nos oferecer com relação a essa rede, para decidir”, garantiu Francisco Papaléo.
Assista vídeo feito com cobradores que deixaram de operar em linhas e estavam sendo treinados para virar motoristas
SEM DEMISSÕES
O secretário afirmou que a decisão do governador não sofreu influência das denúncias de demissões dos cobradores porque elas não estão acontecendo. “Isso não procede. Os cobradores dessas linhas estão sendo reaproveitados sim”, afirmou. O argumento dos empresários é de que os profissionais da Empresa Caxangá foram demitidos este ano por diversas razões, não porque saíram das linhas em operação. Os rodoviários da empresa suspenderam a operação por quase dois dias na semana passada, alegando que as demissões estavam relacionadas ao novo modelo de operação sem os cobradores.
As pessoas precisam lembrar que o custo com o cobrador representa, em média, 10% da planilha de custos do sistema. Essa diferença irá influenciar no cálculo da planilha, por exemplo, quando o governo for projetar o aumento da passagem no próximo ano",
Fernando Bandeira, presidente da Urbana-PE
EMPRESÁRIOS
Os empresários de ônibus garantem que tudo vai melhorar e que estão trabalhando para ampliar a oferta de vendas de cartões e créditos eletrônicos aos passageiros. Agora, dizem que não vão mais apostar apenas na ampliação da rede de vendas física, ou seja, os pontos instalados em estabelecimentos comerciais do Grande Recife. Buscam o uso da tecnologia embarcada, ou seja, a compra do crédito no próprio ônibus. “Queremos estar onde o passageiro está. Ou seja, nos terminais integrados e nos ônibus. A rede de vendas é importante, mas sabemos que nunca teremos capilaridade para atender bem toda a população usuária do ônibus. Por isso no fim de abril estaremos iniciando os testes com uma nova tecnologia embarcada, ou seja, que permitirá a compra de cartões e créditos dentro do coletivo", garante Fernando Bandeira, presidente da Urbana-PE.
O protótipo vem sendo criado em São Paulo e ficará dentro dos ônibus. Através dessa máquina, o passageiro poderá comprar os cartões VEM e créditos eletrônicos com dinheiro, débito ou cartão de crédito. Enquanto a tecnologia não chega, a Urbana diz que vai duplicar o número de máquinas de autoatendimento disponíveis nos TIs, trocar as das estações do BRT e retomar a função de compra de créditos eletrônicos que existia no APP CittaMobi, que teve problemas técnicos e está fora do ar. "Nossa dificuldade hoje é com o usuário do VEM Comum, que responde por 30% da nossa demanda. Com os pontos de autoatendimento nos TIs, atendemos 60% dos nossos clientes. Mas sabemos que precisamos fazer mais e estamos trabalhando para ampliar essa oferta. Os passageiros podem estar certos disso", disse Fernando Bandeira.
Sobre a polêmica da retirada dos cobradores, o presidente da Urbana garantiu, mais uma vez, que ninguém foi demitido. "Todos estão sendo reaproveitados em outras funções. Muitos estão realizando o sonho de ser motorista - o que para nós é bom porque existe uma queda da oferta desse tipo de profissional no mercado -, e muitos serão aproveitados para vender créditos eletrônicos nas ruas com as máquinas avulsas de débito e crédito. Além disso, as pessoas precisam lembrar que o custo com o cobrador representa, em média, 10% da planilha de custos do sistema. Essa diferença irá influenciar no cálculo da planilha, por exemplo, quando o governo for projetar o aumento da passagem no próximo ano", argumentou.
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