O BRT Norte-Sul está no barro

Publicado em 15/05/2017 às 12:30 | Atualizado em 13/07/2018 às 12:09
Para tentar minimizar a buraqueira, governo jogou barro no caminho do BRT. Você acredita?
FOTO: Para tentar minimizar a buraqueira, governo jogou barro no caminho do BRT. Você acredita?
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Para tentar minimizar a buraqueira, governo jogou barro no caminho do BRT. Você acredita?   O Blog de Olho no Trânsito hoje será de poucas palavras. Elas, neste caso, são dispensáveis. As imagens do post falam por si só. Acreditem, as fotos são do Corredor Via Livre Norte-Sul, o segundo corredor pernambucano de BRT, que liga a capital a Igarassu, na Região Metropolitana do Recife. Mostram que o descaso do poder público – leia-se o governo do Estado nas figuras da Secretaria das Cidades e do Grande Recife Consórcio de Transporte – chegou ao cúmulo. Desde a semana passada quatro estações do Norte-Sul estão sem atendimento porque os BRTs não conseguem trafegar pela via no sentido Centro-subúrbio. São obrigados a sair do corredor para não circular na buraqueira.
Andamos tensos por causa dos assaltos e agora acompanhamos a deterioração a esse nível dos BRTs. É revoltante”, Francisco Reis, usuário frequente do sistema
  Agora, em mais um gesto que demonstra a falta de prioridade do governo com a infraestrutura do tão alardeado sistema BRT pernambucano, foram jogadas camadas de barro sobre brita para amenizar os buracos. Barro, brita, você acredita? O pior é que, há dois meses, o blog publicou uma reportagem que mostrava a degradação do pavimento do Norte-Sul. Há um ano, essa mesma abordagem foi mostrada. Dois anos atrás, novamente. E, entre uma e outra reportagem, um paliativo no meio do caminho é a resposta do governo para amenizar a situação. A solução real, de fato, nunca é dada. E assim a vida segue, com a deterioração visível do BRT Norte-Sul.   Quatro estações estão sem atendimento   O desvio forçado dos BRTs prejudica, diretamente, 3.300 passageiros. Mas o dano moral é muito maior e atinge não só os 120 mil usuários do sistema, mas principalmente a imagem do governo de Pernambuco, gestor do sistema. Se essa situação chegasse ao conhecimento do pai do BRT, o curitibano Jaime Lerner, ele seria capaz de infartar. Imagine: um BRT, o transporte que surgiu com a proposta de ser o metrô sobre pneus, confortável por causa dos veículos de suspensão a ar e refrigerados, ágil por trafegar em corredores exclusivos, e eficiente por ter um pagamento da passagem fora dos ônibus e com embarque em nível, trafegando sobre brita e barro? Até mesmo o ex-governador Eduardo Campos, que sonhou, projetou e viabilizou o BRT, estaria envergonhando vendo essas imagens.
É muita gambiarra. Fazer um BRT circular sobre barro e brita é um pouco demais. A degradação do sistema precisa ter limite. Os BRTs estão sofrendo uma depreciação precoce porque não há infraestrutura adequada para eles rodarem. Até quando isso continuará?”, Antônio Carlos Silva, passageiro que diariamente usa o sistema  
LEIA MAIS Descaso, teu nome é o Corredor de BRT Norte-Sul Corredor Norte-Sul – um BRT novo com cara de velho Corredor Norte-Sul totalmente pronto somente em julho. Leste-Oeste ainda sem previsão. Assim caminha o BRT pernambucano As estações que estão operando parcialmente ficam entre os TIs PE-15 e Pelópidas Silveira. São elas: Aloísio Magalhães, Cidade Tabajara Jupirá e São Salvador do Mundo. Na verdade, o solo abriu nas duas primeiras, mas os BRTs estão queimando as outras duas porque, ao fazerem o desvio saindo do corredor, não têm como retornar para atender as estações subsequentes às que estão com o pavimento destruído. Os passageiros do BRT, já penalizados pelo medo diário dos assaltos, confirmam a degradação. “Andamos tensos e agora acompanhamos a deterioração a esse nível dos BRTs”, reclama Francisco Reis, usuário que quase todos os dias sai do TI Pelópidas Silveira, em Paulista, para o Centro do Recife.
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    Em nota, o governo diz que suspendeu a operação por segurança. Mas foram os operadores que se negaram a colocar os BRTs, que custam R$ 800 mil, no barro. E ainda pede que o passageiro ande para trás para ter acesso ao BRT. Sugere que os usuários que trafegam no sentido Centro-subúrbio desçam nas estações parcialmente interditadas e peguem um BRT no sentido oposto para o TI PE-15 e, de lá, seguirem viagem em outro BRT. O governo ainda dá a opção de o passageiro se contentar a descer e pegar um ônibus convencional nas paradas do corredor, o que significa pagar uma segunda tarifa. Confira a resposta na íntegra da Secretaria das Cidades e do Grande Recife Consórcio de Transporte: “Devido às chuvas da última semana, o Grande Recife Consórcio de Transporte informa que quatro estações de BRT do Corredor Norte-Sul estão operando parcialmente. As estações Aloísio Magalhães, Jupirá, Cidade Tabajara e São Salvador do Mundo, localizadas após o TI PE-15, no sentido cidade-subúrbio estão interditadas em decorrência de buracos abertos na via. O solo abriu em frente de duas estações: Aloísio Magalhães e Cidade Tabajara. Contudo, por questões de segurança, o Grande Recife decidiu interromper a operação, no sentido cidade-subúrbio, das quatro estações já citadas anteriormente.   São 3.300 passageiros prejudicados diretamente pela interdição   Para minimizar o impacto, os usuários, que porventura estejam em algumas dessas estações e tem como desejo o sentido cidade-subúrbio, estão sendo orientados a embarcarem no sentido subúrbio-cidade e voltarem para o TI PE-15. De lá, os passageiros poderão embarcar novamente, sem pagamento de nova tarifa, no sistema BRT (na plataforma cidade-subúrbio) para o destino pretendido. É importante ressaltar que os usuários dessas estações ainda têm a opção de utilizar as paradas de ônibus próximas às estações interditadas, seguindo nas linhas do serviço convencional para o destino desejado. A secretaria executiva de Mobilidade da Secretaria das Cidades informa que estão sendo executados trabalhos paliativos no pavimento pela empresa contratada no corredor para veículos do tipo BRT que transitam pela PE-15. A Seemob informa, ainda, que está tomando as devidas providências para que, quando ocorrer uma melhora significativa nas condições climáticas, sejam realizadas correções definitivas no pavimento do corredor”.

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