Entidades nacionais de engenharia criticam obras da BR-101 em Pernambuco
Publicado em 24/10/2017 às 8:53
| Atualizado em 13/07/2018 às 11:29
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Professores da UFPE e o Conselho Regional de Engenharia e Agronomia de Pernambuco (Crea) já tinham feito alertas semelhantes. Foto: Guga Matos/JC Imagem
Depois de professores da UFPE e da direção do Crea-PE alertarem, agora é a vez de três entidades nacionais de engenharia com representatividade no Estado se unirem para apontar os erros que os governos federal e de Pernambuco estão cometendo nas obras de restauração dos 30,7 quilômetros do chamado contorno urbano que a BR-101 faz da Região Metropolitana do Recife, entre Abreu e Lima e Jaboatão dos Guararapes. Os alertas são, basicamente, os mesmos: o primeiro e mais grave é a escolha do pavimento flexível (asfalto) para substituir o que restou das placas de concreto implantadas 42 anos atrás, quando o contorno foi construído. Depois, o modelo de contratação escolhido, que na avaliação técnica não é o adequado e dificultará a fiscalização da obra.
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As consequências das escolhas também são as mesmas apontadas anteriormente: em dez anos, talvez até menos, os pernambucanos estarão trafegando numa rodovia repleta de problemas e os R$ 192 milhões destinados à obra terão sido desperdiçados. Uma escolha que, na avaliação da entidades que assinam o documento, custará caro porque não suportará a demanda de veículos e, principalmente, o excesso de cargas que a BR recebe. O alerta em forma de documento é assinado pela Associação Brasileira de Engenheiros Civis em Pernambuco (Abenc-PE), a Associação dos Engenheiros de Segurança do Trabalho de Pernambuco (Aespe) e o Sindicato dos Engenheiros de Pernambuco (Senge), e será entregue formalmente ao governador Paulo Câmara nos próximos dias. Juntas, as duas associações e o sindicato representam 20 mil profissionais e especialistas em obras, serviços de engenharia, projetos e segurança do trabalho.
Confira, no vídeo abaixo, as críticas feitas pelos engenheiros, ponto a ponto:
“Em primeiro lugar, queremos destacar que esse alerta não é uma provocação ou uma tentativa de discórdia. Também não tem conotação política nem partidária. Fizemos porque o caminho escolhido para essa obra está errado e vamos nos arrepender mais à frente. Estaremos jogando dinheiro fora e a população pagará por isso. Fazemos o alerta ao governador Paulo Câmara e nos colocamos à disposição para auxiliar no que for preciso, tudo de forma gratuita. Sugerimos reunir um grupo de notáveis, algo semelhante ao que foi feito, anos atrás, quando o governo insistiu em construir quatro viadutos transversais à Avenida Agamenon Magalhães, e desistiu depois de ser alertado por profissionais experientes no assunto”, relembra Stênio Cuentro, presidente da Abenc-PE.
O pavimento, mais uma vez, é o grande equívoco. Os engenheiros, assim como os professores da UFPE, defendem que o concreto ou pavimento rígido é a melhor opção. “Para trocar as 20 mil placas de concreto que compõem o contorno da BR-101 gastaríamos, tendo como base a tabela de preços paga pela Emlurb, R$ 100 milhões. Ou seja, é viável recompor o pavimento da forma certa. Esse modelo que o DNIT (Departamento Nacional de Infraestrutura de Transporte) escolheu e que o governo de Pernambuco está avalizando não é certo. Deveríamos usar a mesma técnica de concretagem utilizada para fazer quase 400 quilômetros da BR-101 Nordeste, inclusive em Pernambuco”, destaca Stênio Cuentro.
Segundo o engenheiro, a técnica adotada na obra se assemelha a uma obturação mal feita de um dente. “Eles estão quebrando e triturando as placas que estão danificadas e já repletas de asfalto jogado sobre elas por anos. Abrem um buraco na base e o preenchem com o que chamamos de concreto pobre (CCR). Em seguida, colocam asfalto sobre ele. Isso não vai funcionar. O pavimento flexível tem vida útil limitada porque sofre com os efeitos do clima e do excesso de peso”, explica o engenheiro.
Abaixo, a íntegra do documento que será entregue oficialmente ao governo do Estado
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