Publicado em 18/11/2017 às 18:30
| Atualizado em 13/07/2018 às 11:19
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Foto: Sérgio Bernardo/JC Imagem
No começo, eles foram vistos com desconfiança. Tanto pelo aumento que provocaram no valor da habilitação, como pela dúvida em relação à efetiva qualificação dos futuros motoristas. Mas isso ficou para trás. Hoje, quase um ano depois de entrar em vigor, os simuladores de direção viraram um sucesso e têm a aprovação de quem prepara e aprova os futuros condutores. Pelo menos em Pernambuco. Do início do ano até agora, são 21.492 novos motoristas que conquistaram a primeira carteira nacional de habilitação (CNH) tendo passado pelos simuladores de direção. Embora a exigência do equipamento tenha praticamente duplicado o valor de retirada do documento, os ganhos no processo de formação são inquestionáveis.
Para o Detran-PE, os candidatos passaram a chegar mais seguros ao pátio de exames desde que começaram a ter aulas nos equipamentos. Para os Centros de Formação de Condutores (CFC’s), o aprendizado se tornou mais efetivo e está fluindo melhor porque os alunos chegam mais maduros às aulas práticas nos veículos, já que vivenciaram situações inerentes ao trânsito no simulador. E para o Conselho Estadual de Trânsito (Cetran-PE), é um custo benefício que compensa.
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De fato, a entrada dos simuladores de direção aumentou e muito o custo de habilitação dos candidatos à categoria B (automóvel). Hoje, tirar uma CNH nessa categoria custa R$ 1.360 mais R$ 320 de taxas do Detran. Antes, custava entre R$ 600 e R$ 800. Pela Resolução 543 de julho de 2016, os candidatos à primeira habilitação B ou os que estão fazendo adição de categoria precisam ter, nos CFC’s, pelo menos cinco horas/aula no simulador, sendo uma hora com conteúdo noturno. Se o futuro motorista quiser se habilitar, além da B, na categoria A (motocicleta), o valor é ainda mais alto: R$ 1.760 mais R$ 398 de taxas do Detran.
O simulador, entretanto, contribui de fato para o aprendizado dos candidatos ao volante. É uma das exigências do Conselho Nacional de Trânsito (Contran) que deu certo – entre tantas que já foram criticadas pelo caráter arrecadatório e punitivo em detrimento da educação do condutor. “Os simuladores são uma realidade e, de fato, chegaram para acrescentar, para qualificar a preparação dos futuros motoristas. Ao passar por ele, o condutor chega mais maduro para assumir o volante do carros nas aulas práticas. Se perdia muito tempo com as etapas iniciais para dirigir, como se acostumar com o painel do veículo, com o mecanismo de troca de marcha e embreagem, por exemplo. Todos nós ganhamos no processo”, elogia Victor Viana, que faz parte da diretoria do Sindicato dos CFC’s e é proprietário da rede de auto-escolas Bandeirantes, com nove unidades no Estado.
“Percebemos que eles chegam mais seguros no pátio de exame, menos nervosos. A etapa das aulas no simulador acrescentam muito não só por permitir o contato com a mesma estrutura de um veículo, mas também porque submete o candidato a situações que ele não viveria no seu dia a dia. É o caso de dirigir sob neblina, por exemplo, que o condutor pernambucano não vivencia, mas que pode precisar da experiência em outros Estados”, pontua o diretor-geral do Detran-PE, Sebastião Marinho. O curioso, entretanto, é que a média de reprovação dos candidatos continua alta. Em 2017, são 58,76% de reprovados contra 37,75% de aprovados. “Ainda é cedo para associar esse dado ao simulador. Os ganhos da nova tecnologia ainda terão repercussão sobre a formação dos condutores”, pondera o diretor-geral.
O simulador é uma oportunidade para quem nunca conduziu um veículo aprender as primeiras noções básicas de manuseio. Além disso, possibilita o aprendizado de como reagir em situações extremas – como conduzir sob chuva ou neblina. Outro recurso oferecido é o aluno se atentar aos riscos de dirigir após a ingestão de bebida alcoólica, por exemplo, ou conduzir manuseando o celular, a terceira maior causa de mortes no trânsito do País, segundo pesquisa da Associação Brasileira de Medicina do Tráfego (Abramet).
A tecnologia oferecida pelo equipamento contribui para que o condutor tenha uma formação adequada, tornando-o mais preparado para lidar com os desafios diários propostos pelo trânsito”, destaca Agnaldo Soldera, diretor comercial da ProSimulador, uma das duas empresas que desenvolvem a tecnologia dos simuladores e que estão atuando em Pernambuco. O Estado, por exemplo, é referência no uso coletivo de CFC’s no Nordeste, tendo 62 centros compartilhados para o uso do simulador de direção.
“O custo benefício vale muito a pena. Os nossos condutores têm uma percepção muito maior das situações e perigos do trânsito quando passam pelo simulador antes de ir para as aulas práticas. A sociedade reclama muito da formação dos motoristas, mas para ampliar essa preparação há um custo”, finaliza Simíramis Queiroz, presidente do Conselho Estadual de Trânsito (Cetran-PE).
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