Tudo pronto, mas sistema de informação dos ônibus não entra em operação no Grande Recife

Publicado em 19/07/2018 às 8:00 | Atualizado em 02/06/2020 às 12:26
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Monitores sem informação para o passageiro podem ser vistos em várias estações de BRT. A espera pelo Simop é longa. Foto: Diego Nigro/JC Imagem  

 

Saber o horário de chegada e partida dos ônibus, seja nos smartphones, em monitores instalados nos terminais integrados ou nas estações de BRT, já deveria ser algo comum para a maior parte dos 1,8 milhão de passageiros que circulam diariamente na Região Metropolitana do Recife. Mas não é, embora o governo de Pernambuco tenha prometido implantar, desde 2014, um eficiente projeto de informação em tempo real e controle operacional do setor, batizado de Sistema Inteligente de Monitoramento da Operação (Simop). Em resumo, seria os olhos do poder público sobre o serviço prestado pelas empresas de ônibus. Os anos passaram, o investimento no projeto já alcançou a quantia de R$ 22 milhões – mais da metade do valor previsto no contrato – e toda a infraestrutura tecnológica ficou pronta, inclusive a construção de uma Central de Monitoramento da Operação (CMO). Mas até hoje o projeto não começou a funcionar.

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A promessa do governo era de que aconteceria uma mudança da água para o vinho. Não só para o passageiro, mas principalmente para a transparência da gestão do transporte. Sob a ótica do usuário do Sistema de Transporte Público de Passageiros (STPP/RMR), ele contaria não só com um aplicativo, mas também com um site e informações precisas dos ônibus em monitores espalhados nos terminais e nas estações dos Corredores de BRT Leste-Oeste e Norte-Sul. O projeto-piloto deveria estar funcionando desde outubro de 2015. Um tentativa foi feita, pontualmente, na Estação Guararapes do BRT, mas pouco tempo depois apresentou falhas e deixou de funcionar.

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CMO funciona na sede do GRCT, mas imprensa não tem acesso
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A polêmica do Simop, aliás, é antiga. Depois de problemas técnicos, ainda em 2013, o então governador Eduardo Campos fez uma nova licitação e a escolhida foi a espanhola Etra, uma multinacional reconhecida pela atuação na área de tecnologia de transporte e por ser a responsável pelo sistema de informação do Transmilenio, corredor de BRT colombiano que até hoje faz sucesso no setor.

O contrato com a Etra tinha custo de até R$ 40 milhões e prazo de cinco anos – vence em janeiro de 2019. As informações são de que toda a infraestrutura necessária para operar o Simop está pronta desde o ano passado. A frota de ônibus da RMR – três mil coletivos – já está totalmente equipada com a tecnologia embarcada e o app e o site foram concluídos. A Central de Monitoramento da Operação funciona há dois anos e meio na sede do Grande Recife Consórcio de Transporte (GRCT), no Centro do Recife, mas sem que a imprensa ou a população tenham acesso.  

 

 

A demora do governo em iniciar a operação do Simop, inclusive, vai resultar num questionamento judicial em breve. Entidades da sociedade civil – organizadas pela Frente de Luta pelo Transporte Público – estão fundamentando uma ação civil pública para dar entrada na Justiça. “Esta tudo pronto. O governo não coloca em operação porque não quer. Agora, quais as razões para ele não querer é que é a questão.

É importante destacar que, além do gasto de muitos recursos públicos e de ser importante para oferecer um pouco mais de qualidade ao serviço de transporte à população, o Simop é fundamental para dar transparência à operação do setor. Será através dele que o governo do Estado poderá conferir a operação na hora de fazer a remuneração das operadoras. É um sistema que poderá reduzir o custo de operação e os subsídios dados ao setor, que têm impacto direto no preço das passagens”, critica o advogado Pedro Joseph, que integra a Frente de Luta pelo Transporte Público e está à frente da futura ação. Já há, inclusive, uma resolução criada pelo Conselho Superior de Transporte Metropolitano (CSTM) (004/2018) que obriga as empresas de ônibus a se adequarem e a utilizarem o Simop.  

O governo do Estado quer muito e vai colocar o Simop para operar em breve. Trabalhamos para que isso aconteça até o fim deste ano. De fato, estamos com toda a infraestrutura pronta, mas há 90 dias iniciamos o processo de revisão e checagem das informações", Fernando Guedes, do GRCT

Fernando Guedes, diretor de tecnologia do GRCT e o homem por trás da implantação do Simop, reconhece a demora no processo e admite que houve atropelos, mas garante que até o fim do ano o sistema estará em operação. Começará com a empresa de ônibus Globo (que vem sendo o piloto desde o início da implantação) e os consórcios MobiBrasil e Conorte, operadores dos sistemas de BRT. Mas em pouco tempo será ampliado para todo o sistema e as 19 empresas de ônibus.

 

Demora foi tanta que até os monitores instalados nos terminais integrados foram retirados pelo GRCT. Foto: Diego Nigro/JC Imagem

 

“O governo do Estado quer muito e vai colocar o Simop para operar em breve. Trabalhamos para que isso aconteça até o fim deste ano. De fato, estamos com toda a infraestrutura pronta, mas há 90 dias iniciamos o processo de revisão e checagem das informações. Temos que checar os dados de georeferenciamento porque são mais de 6 mil pontos de parada. Temos que minimizar ao máximo as falhas e erros. Estamos vencendo essa etapa e vamos lançá-lo para a população. Não há, de forma alguma, omissão por parte do poder público em relação ao Simop”, garantiu o diretor. É esperar para ver.

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