Londres está invertendo a lógica e deixando o semáforo sempre verde para o pedestre. Lá, são os carros quem esperam. Foto: Bobby Fabisak/JC/Imagem
A lógica foi invertida na Inglaterra. No lugar de a prioridade semafórica ser para os veículos motorizados - como tem sido desde que o mundo é mundo -, serão os pedestres quem terão preferência na travessia. E, o que é melhor: permanentemente. Na prática, seria como se o carro e o pedestre trocassem de lugar. Agora, o carro é quem vai pedir para passar - digamos assim. Na verdade, trata-se de um teste que está sendo realizado em Londres, no qual os semáforos, por padrão, ficam verdes aos pedestres. Quando sensores detectam a presença dos automóveis, o equipamento aguarda alguns instantes para, em seguida, reter os pedestres e liberar os veículos. Já imaginou?
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O teste está previsto para começar nos próximos meses e será adotado em um conjunto de dez semáforos localizados em áreas da cidade que têm um intenso volume de caminhantes. Outros sete semáforos receberão sensores para contabilizar a quantidade de pessoas esperando para fazer a travessia e, assim, ajustar automaticamente o tempo de abertura dos equipamentos. O objetivo de Londres é ampliar o modelo para outros 20 pontos da capital inglesa até o início de 2019. E a iniciativa faz parte de um plano ambicioso para aumentar os deslocamentos a pé.
A cidade quer que todos os seus habitantes façam ao menos 20 minutos de viagens ativas por dia, o que inclui andar ou pedalar, até 2041. Hoje, apenas um terço têm hábitos ativos. Está nos planos da capital inglesa, ainda, mudanças no desenho urbano para transformar as ruas num ambiente mais atrativo, como aumentar as áreas de sombra e de abrigo para a chuva, criar pontos de descanso com bancos, reduzir o barulho e a poluição do ar e ampliar o número de atrações e de atividades ao ar livre. Se a meta para 2041 for alcançada, o sistema público de saúde britânico espera poupar 1,6 bilhão de libras (cerca de R$ 7,8 bi) em tratamentos. Também pretende reduzir a poluição e estimular a economia dos bairros.
Foto: Sérgio Bernardo/JC Imagem
OUTRAS TENTATIVAS
Não é primeira vez que Londres inova em inverter a lógica a favor da mobilidade a pé. Em 2014, a capital inglesa desenvolveu a tecnologia Pedestrian Scoot, um sensor que calcula o número de gente esperando para atravessar e, de acordo com a quantidade detectada, o equipamento prolonga o tempo para que mais pessoas atravessem.
Ou seja, oferece mais eficiência e otimização às viagens a pé. A iniciativa fez parte dos esforços de Londres para reduzir em 40% o número de pedestres mortos ou feridos até 2020. Os locais escolhidos para a fase de testes foram as faixas de pedestres próximas às estações Balham e Tooting Bec do metrô. Na época, 550 travessias da capital inglesa contavam com um cronômetro que indicava o tempo restante para a travessia – tecnologia que também existe nas cidades brasileiras.
CICLISTAS
Há três anos, o alvo foram os ciclistas. Foi criado um sistema para detectar as bicicletas e manter os semáforos abertos por mais tempo nos cruzamentos. O objetivo era, além de incentivar o pedalar, otimizar a circulação dos ciclistas, principalmente nos horários de pico, quando eles tomam as ruas da cidade indo e voltando do trabalho para casa.
Duas tecnologias estavam em teste: uma baseada em radar e outra que opera com sensores térmicos. Essa última mede o calor emitido por grupos de ciclistas quando eles passam pela zona de detecção. Por enquanto, os testes se limitam à Cycle Superhighway 3 (CS3), uma das faixas exclusivas para bicicletas que passam pelo centro de Londres, mas o plano era expandi-los para toda a cidade.
Quando o sistema detecta um grupo de ciclistas, a abertura e fechamento dos semáforos são otimizados para reduzir os atrasos. A tecnologia, que Londres chama de SCOOT, já funciona para carros, por meio de sensores enterrados no asfalto que analisam as condições de trânsito em tempo real. Segundo a prefeitura, esse sistema diminui os congestionamentos em até 12%.