Fotos: Victor Augusto
Por Victor Tenório vtenorio@ne10.com.br Neste sábado, 22 de setembro, "comemora-se" o Dia Mundial Sem Carro. Nesta data deveria acontecer uma espécie de pacto entre a sociedade civil para abandonar os automóveis e procurar um meio de transporte alternativo.
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A partir dessa experiência, muitos poderiam acabar gostando e incluindo a bicicleta na sua rotina. Mas quem trocar o transporte motorizado por uma bike e tentar passar com sua magrela da Zona Norte para a Zona Sul, por exemplo, pode acabar traumatizado.
Antes de tudo, por que buscar meios de transporte alternativos?
Os benefícios são muitos. Os principais: evitar os congestionamentos da terceira cidade com o pior trânsito do Brasil (43ª pior do mundo) e ajudar na redução de gases poluentes (no Recife, transportes urbanos são responsáveis por 65,6% da emissão de Co2). Mas vale lembrar que a saúde também agradece o exercício físico.
Na pele, em primeira pessoa
Rafael Nonato, cicloativista, me encontrou com sua "magrela" na Praça Professor Fleming, no Parnamirim, Zona Norte do Recife. Logo me acompanhou até o bicicletário do seu prédio, onde ele guarda uma segunda bicicleta, usada por este jornalista que vos escreve. A intenção foi passar a visão de um ciclista que transita de forma intensa pelo Recife. O linguista de 26 anos faz parte da Ameciclo (Associação Metropolitana de Ciclistas do Grande Recife) e do coletivo Bicicletada. Ele guiou nossas lentes por alguns dos locais mais hostis aos ciclistas recifenses.
Ainda no seu prédio, mostrou que a maioria das bicicletas dos moradores estavam cobertas de fuligem, causada pelos resíduos dos carros e abandono dos donos. É a realidade de quem tenta, mas desiste de usar o meio de transporte regularmente. Logo eu entenderia o porque. Partimos do Parnamirim, passando pela Avenida Agamenon Magalhães, pela Ponte João Paulo II, seguindo para o Viaduto Capitão Temudo, que liga a área central do Recife à Zona Sul da cidade. Em seguida, passamos pela Ilha Joana Bezerra, margeando o Rio Capibaribe. Ciclistas menos experientes poderiam se acidentar facilmente. Confira:
O resultado foi a necessidade de se espremer entre os carros e motos que disputavam espaço conosco. A volta margeando o Rio Capibaribe foi opção para mostrar caminhos alternativos, desobrigando o ciclista a atravessar um viaduto no qual os carros passam bem acima dos 60 km/h, que seria o limite da via. Mas para fazermos isso, passamos por baixo do pontilhão do metrô na Ilha Joana Bezerra e por outros locais que saem da rota lógica dos que planejam seu deslocamento pela cidade.
Na volta para o Parnamirim, seguimos pela Avenida Saturnino de Brito até a Rua Vila Nova da Cabanga, no bairro da Cabanga, Zona Sul do Recife. Para chegarmos à Avenida Sul, entramos em um daqueles túneis que ligam as duas vias. Caso chovesse, a passagem seria impossível (confira a imagem acima).
Poderia ser melhor?
Em 2014, foi lançado pelo governo do Estado o Plano Diretor Cicloviário da Região Metropolitana do Recife. Ele previa a construção de uma malha cicloviária que interligaria toda a capital pernambucana. Além disso, prometeu-se a construção de bicicletários e investimento em sinalização. O que se vê é bem diferente do planejado: Entre as capitais, Recife tem a 11ª menor quilometragem de estrutura cicloviária: