Furtos de gradis continuam na Via Mangue

Publicado em 30/10/2018 às 8:00 | Atualizado em 25/05/2020 às 14:16
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Gradis que separam as pistas e evitam a travessia na Via Mangue estão sendo furtados do corredor pelo menos desde março passado, sem que nada seja feito pela gestão municipal. Fotos: Sérgio Bernardo/JC Imagem

Em março passado, o JC denunciava o furto dos gradis de proteção e isolamento de travessia da Via Mangue, corredor viário que facilitou a entrada e a saída da Zona Sul do Recife. No início de setembro foi publicada mais uma denúncia sobre a retirada constante da proteção do corredor, que custou R$ 500 milhões aos cofres municipais e federais. Quase oito meses depois da primeira reportagem, nada foi feito e os furtos continuam, cada vez mais frequentes. Já são mais de 60 peças roubadas sem que a gestão municipal e a segurança pública reajam, além de observar e contabilizar os danos. Sem constrangimento, os ladrões agora estão retirando os gradis de proteção da pista oeste, que fazem o isolamento da área de manguezal. O prejuízo, pelos cálculos da própria Prefeitura do Recife, permanece o mesmo informado à época da primeira reportagem – R$ 225 mil.

Quem utiliza a Via Mangue se impressiona com a degradação e a quantidade de lacunas deixadas pela retirada dos gradis. “Por ser uma via expressa, o risco é menor porque não há travessias. Ou, quando há, são poucas. Mas incomoda ver que estão roubando, roubando, sem que ninguém faça nada. Incomoda ver o patrimônio público ser danificado dessa forma. Nem vemos a reposição do material nem temos notícias de que os ladrões estejam sendo presos”, critica João Paulo Lima, que todos os dias utiliza o corredor para chegar ao trabalho, um escritório localizado nos empresariais do RioMar Shopping.

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Existem trechos da Via Mangue em que, num único ponto, há 17 gradis subtraídos apenas do lado do manguezal. Na proteção entre a pista oeste e leste, mais lacunas. Leves e montáveis, os gradis instalados no corredor são fáceis de serem retirados da base que lhes dá sustentação. Ou seja, os ladrões levam a grade e deixam a estrutura presa ao concreto, seja na divisória das pistas como nos acostamentos. Segundo informações de pessoas que reside às margens da avenida, muitos dos furtos são praticados por motoristas que passam de carro e param para retirar os gradis.

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Durante muitos meses em 2017 a Via Mangue ficou sendo monitorada por câmeras instaladas pela Prefeitura do Recife para coibir os furtos do cabos de cobre da iluminação pública, que deixaram o corredor por diversas vezes às escuras. A gestão municipal, entretanto, substituiu o tipo de material – de cobre passou para alumínio – e promoveu algumas mudanças para dificultar os furtos, que pararam. Mas pouco tempo depois as câmeras foram retiradas da via. Na reportagem de março o JC já citou a ausência das câmeras. Além da ausência dos equipamentos, o entorno da Via Mangue sofre com outros problemas que têm ampliado a degradação do corredor. As áreas abandonadas, onde deveriam ter sido construídas praças, quadras esportivas e até moradias sociais, permanecem esquecidas até hoje pela prefeitura. Lugares que viraram depósito de lixo e espaços perigosos devido ao risco de assaltos. Três exemplos são as proximidades da Ilha do Destino e do Paraíso, em Boa Viagem – duas das comunidades que permaneceram às margens do corredor –, e da Areinha, comunidade localizada no Pina e que tem sofrido com a violência por causa da indefinição do uso da área onde funcionava o Aeroclube de Pernambuco – retirado do local para permitir a construção da Via Mangue.

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SEM PREVISÃO

Apesar de gritante, a degradação do corredor deverá continuar pelo menos até o primeiro trimestre de 2019 porque a gestão municipal não tem os recursos necessários para fazer a reposição dos gradis. “Infelizmente não temos R$ 225 mil para repor o que foi furtado. Estamos trabalhando para incluir essa despesa no planejamento orçamentário do ano que vem. Temos poucos recursos e precisamos dar prioridade à manutenção de outros equipamentos que representam maiores riscos à população. Infelizmente temos que escolher de acordo com o perigo para as pessoas”, explica Fernandha Batista, diretora de Manutenção Urbana do Recife. Segundo a diretora, em breve será definido um plano de segurança para preservação dos equipamentos da Via Mangue, a ser executado em parceria com a Secretaria de Defesa Social (SDS). “Mais importante do que repor o que foi furtado é acabar ou, ao menos, minimizar os furtos para que eles parem de ser praticados. Caso contrário, vamos gastar R$ 1 milhão com eles e não temos condições para isso. Vamos acertar com a SDS uma forma de atuação no corredor para inibir os furtos, numa parceria da polícia com a equipe da Emlurb”, prometeu a diretora. Fernandha aproveitou para pedir à população qie denuncie quando ver os furtos.

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