Simulação da ciclofaixa que a CTTU irá implantar na Avenida Oliveira Lima. Ilustrações de Ronaldo Câmara sobre fotos de Guga Matos/JC Imagem
O Blog De Olho no Trânsito inicia série de reportagens para detalhar, sob a ótica da mobilidade urbana, a requalificação que a Prefeitura do Recife planejou para mudar a face de um dos corredores mais simbólicos da cidade: a Avenida Conde da Boa Vista. Inicialmente, o enfoque são as bicicletas.
A Prefeitura do Recife já oficializou que a bicicleta não terá espaço próprio na requalificação da Avenida Conde da Boa Vista, corredor símbolo da cidade que, pelos planos e promessas da atual gestão municipal, passará por uma grande repaginada a partir de março de 2019. Para compensar a ausência de ciclofaixas e ciclovias na via, como determinado pelo Plano Diretor Cicloviário da Região Metropolitana do Recife (PDC), será criada uma rede ciclável de 10 a 12 quilômetros de extensão em vias do entorno da Avenida Conde da Boa Vista. Para implantá-la, vagas de estacionamento público para veículos particulares serão suprimidas. Essa é a promessa.
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Os equipamentos serão basicamente ciclofaixas – quando a segregação do tráfego de veículos não é total, sendo utilizado tachões e sinalização horizontal e vertical. E, segundo a Autarquia de Trânsito e Transporte Urbano do Recife (CTTU), serão bidirecionais (dois sentidos) em sua maioria. A malha prometida, segundo a prefeitura, vai permitir que os ciclistas tenham acesso à Conde da Boa Vista sem trafegar por ela. A estrutura ciclável será implantada em vias que cortam e se conectam com o corredor.
Agora, simulação da ciclofaixa prevista para a Rua do Riachuelo. A maioria dos equipamentos será bidirecional “Não tínhamos como colocar ciclofaixas ou ciclovias na Avenida Conde da Boa Vista, como recomendado pelo PDC, porque não há espaço. Foi planejado lá atrás porque, inicialmente, o projeto previa a retirada dos ônibus convencionais, deixando apenas os BRTs circulando pela via. Mas as pesquisas mostraram ser impossível retirar as linhas convencionais. Assim, a implantação de uma ciclovia restringiria a capacidade viária da avenida, prejudicando o transporte público”, explicou a presidente da CTTU, Taciana Ferreira.
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Sendo assim, a prefeitura traçou uma rota ciclável que conectará, por algumas ruas e avenidas, os bairros da Boa Vista, Santo Amaro, Soledade, Santo Antônio e Ilha do Leite. A rede para as bicicletas será implantada nas seguintes vias: Rua Fernandes Vieira, Avenida Oliveira Lima, Rua do Riachuelo, Rua da Aurora (até a Ponte da Boa Vista, também conhecida como Ponte de Ferro), Rua Bispo Cardoso Ayres, Beco do Estudante (pequena via paralela à sede da Empresa de Urbanização do Recife – URB), Rua Osvaldo Cruz, Rua Gonçalves Maia, Rua José de Alencar (até a Praça Miguel de Cervantes, na Ilha do Leite), Rua Manoel Borba e Rua do Paissandu (até a Praça Chora Menino, também na Ilha do Leite).
Todas essas ruas e avenidas receberão ciclofaixas bidirecionais (sentido duplo), com largura que irá variar de 2 metros e 2,20 metros. A única exceção será a Avenida Mário Melo, em Santo Amaro, que terá uma ciclovia (quando a segregação do tráfego de veículos é total, sendo feita por miniblocos de concreto ou um canteiro, além de sinalização vertical). O equipamento, vale ressaltar, foi prometido pela CTTU há quase dois anos. Pelos planos da autarquia, será uma ciclovia unidirecional, instalada em cada uma das pistas. A estratégia da prefeitura – garante Taciana Ferreira – é suprimir vagas de estacionamento para dar lugar à rede ciclável do entorno da Avenida Conde da Boa Vista. “Essa é a nossa lógica. Essas vagas de estacionamento são a reserva de espaço da cidade. Vamos utilizá-la para implantar as ciclofaixas. O projeto da Conde da Boa Vista prevê, como um todo, um desestímulo ao uso do transporte individual na área A utilização do que hoje é estacionamento público, gratuito, é uma das nossas premissas”, garantiu a presidente da CTTU. Segundo Taciana Ferreira, a implantação da rede ciclável será feita em paralelo às intervenções físicas previstas para a Conde da Boa Vista. Ou seja, começará a partir de março de 2019.
Por último, a simulação da ciclofaixa sobre um pequeno trecho da Avenida Manoel Borba Pelos números da avenida, apresentados pela Prefeitura do Recife durante a coletiva que divulgou o projeto de requalificação, menos de 1% das pessoas que circulam pelo corredor são ciclistas. O grande volume é de passageiros de ônibus – 50% – e de pedestres – 40%. Os ocupantes dos veículos particulares representam 10%. Por dia, são 310 mil pessoas circulando na via. “Tentamos implantar uma rota no próprio corredor, mas não foi possível.
Não tínhamos calha na via para acomodar uma ciclovia sem comprometer a segurança de ciclistas e pedestres. Colocar um equipamento compartilhado na calçada também seria impossível. Por isso, estruturamos uma rota no entorno, permitindo o acesso de quem pedala ao corredor”, explicou Maria Eduarda Campos, coordenadora do projeto, durante a coletiva realizada pela gestão municipal.