Proposta do setor empresarial, segundo o Sindicato dos Rodoviários, é de reajuste salarial de 4% e de 12% no tíquete alimentação. Foto: Sérgio Bernardo/Arquivo JC Imagem   Motoristas de ônibus, cobradores e fiscais da Região Metropolitana do Recife se reúnem em assembleia na próxima quinta-feira (18/7) para decidir se aceitam ou não proposta de reajuste salarial acordado entre o setor empresarial e o Sindicato dos Rodoviários de Pernambuco, evitando greve no transporte público e, consequentemente, muito transtorno para dois milhões de passageiros diários. O encontro da categoria está marcado para às 10h, em primeira convocação, e às 11h em segunda, na sede da entidade, em Santo Amaro, área central do Recife. Na proposta, apresentada durante a terceira reunião de negociação, ocorrida na segunda-feira (15), na sede da Secretaria de Desenvolvimento Urbano (mesmo prédio do Detran-PE), na Iputinga, Zona Oeste do Recife, foi oferecido um reajuste de 4% no salário (o mesmo acordado no ano passado) e de 12% no tíquete alimentação dos profissionais (2% acima do fechado em 2018).  

É claro que a decisão é da categoria e iremos levar para ela decidir em votação, mas avaliamos que será muito difícil ir além disso. Na Justiça, no caso de um dissídio, corremos o risco de ficar com muito menos, como aconteceu em 2017”, Benilson Custódio, presidente dos Rodoviários  

As informações são do Sindicato dos Rodoviários e o sentimento do presidente da entidade, Benilson Custódio, é de que a categoria vai aceitar o que foi proposto pelo Sindicato das Empresas de Transporte de Passageiros de Pernambuco (Urbana-PE) por entender que será difícil, diante do cenário de crise econômica vivenciado no País, alcançar percentuais além de que foi apresentado. Fora o aumento do salário e do tíquete, foi proposta uma majoração de 35% na gratificação para o motorista-cobrador, aqueles profissionais que desde 2018 têm recebido dinheiro e passado troco em algumas linhas que não têm cobrador. A gratificação, que hoje é de R$ 100, passaria para R$ 135,00. Também teria sido acordado o controle eletrônico de jornada para toda categoria.

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“Ouvimos do setor empresarial que esse era o máximo que poderiam chegar. No início da reunião, apresentaram um reajuste de 3,5% para o salário e de 8% a 10% para o tíquete. Ainda conseguimos avançar para conseguir um pouco mais. É claro que a decisão é da categoria e iremos levar para ela decidir em votação, mas avaliamos que será muito difícil ir além disso. Na Justiça, no caso de um dissídio, corremos o risco de ficar com muito menos, como aconteceu em 2017”, pondera Benilson Custódio. Há dois anos, o último em que a categoria não fez acordo com o setor empresarial, houve o dissídio e a Justiça do Trabalho determinou um reajuste inferior ao que tinha sido proposto na negociação – queriam 6% e, no fim, ficaram com 2,56%.

“É preciso lembrar de tudo que passamos em 2017. Em 2018 fizemos acordo e conseguimos 4% de reajuste salarial e 9% no tíquete. Agora, o aumento de 12% sobre o tíquete representa 362% sobre o INPC, e 8,69% em ganho real. O tíquete sobe de R$ 250 para R$ 280. O piso salarial de 4% representa um ganho de 0,69%. Inclusive, até o sentimento de colegas que fazem oposição à direção do sindicato é de que devemos acatar”, afirma o sindicalista.

A Urbana-PE afirmou, por sua assessoria de comunicação, que não iria se pronunciar sobre o assunto até o fim do processo. Somente depois da assembleia dos Rodoviários é que se posicionará. Não quis, sequer, confirmar a realização do acordo. A reunião, inclusive, foi realizada na sede da Secretaria de Desenvolvimento Urbano por solicitação do setor empresarial, que alegou insegurança por já ter sofrido agressões em outras rodadas.

OS PONTOS ACORDADOS ENTRE SETOR EMPRESARIAL E RODOVIÁRIOS E QUE SERÃO VOTADOS EM ASSEMBLEIA:

1 – Reajuste salarial: 4%

2 – Tíquete alimentação: 12%. Na visão do Sindicato dos Rodoviários, um percentual que garante reajuste de quase quatro vezes a inflação do período 

3 – Controle eletrônico de jornada

4 – Aumento da gratificação do motorista-cobrador em 35%, para R$ 135,00.

5 – Garantia dos benefícios preexistentes na negociações anteriores