Reação às faixas compartilhadas para bicicletas

Publicado em 13/09/2019 às 19:02 | Atualizado em 10/05/2020 às 17:20
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Ameciclo alega que equipamento é prova da falta de coragem da Prefeitura do Recife para implantar mais ciclofaixas e ciclovias na cidade. Foto: Filipe Jordão/JC Imagem  

 

A implantação de faixas compartilhadas para bicicletas em vias do Recife pela Autarquia de Trânsito e Transporte Urbano (CTTU) não agradou a Associação Metropolitana de Ciclistas da Região Metropolitana do Recife (Ameciclo). Em nota oficial enviada ao Blog MoveCidade e publicada nas redes sociais, a entidade critica a escolha pelo equipamento e argumenta que ele não representa a democratização do espaço viário, como a Prefeitura do Recife quis dizer. Ao contrário. Acusa a gestão municipal de não ter coragem de ampliar a malha ciclável da cidade oferecendo a estrutura correta para proteger o ciclista.

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Confira o posicionamento:

"Na sexta feira passada, dia 6/9/19, foi noticiado no Jornal do Commercio que a Prefeitura da Cidade do Recife, de forma equívoca, está propondo que a faixa à direita seja compartilhada entre ciclistas e motoristas de carro e ônibus. De acordo com a matéria, a medida prevê pintura do compartilhamento e a redução das velocidades para 30km/h apenas na faixa sinalizada.

A Ameciclo é contra a medida pelos motivos elencados abaixo:

1) A preferência da bicicleta já é lei de acordo com o artigo 58 do Código de Trânsito Brasileiro (CTB), mas não somente na faixa da direita, e sim em qualquer situação. Uma mensagem como essa irá confundir tanto as pessoas que pedalam, quanto as que dirigem. Estas últimas, que em geral não dão preferência ao ciclista, poderão entender que somente mediante a sinalização a preferência é necessária. Desta forma, a medida só reforçará as mensagens de que a preferência não é da bicicleta e de que a prefeitura não quer democratizar o uso das vias para o uso seguro pelas pessoas.

2) A prefeitura está querendo contabilizar a estrutura no total prometido, mostrando que não tem coragem para priorizar o transporte ativo e coletivo, colocando estrutura segregatória e protetiva como está prevista no Plano Diretor Cicloviário. Neste, estão previstas ciclovias na Rua Amélia (Zona Norte) e na Rua Barão de Souza Leão (Zona Sul), vias citadas na matéria onde a proposta seria implantada. O PDC levou em conta o volume de veículos, a contagem de ciclistas, a velocidade da via e asegurança viária para indicar a implantação de uma ciclovia na região. Ciclovias dão mais proteção a quem pedala e trazem mais pessoas para pedalar.

3) Em 2015, propusemos na Conferência das Cidades o compartilhamento das faixas exclusivas de ônibus com ciclistas, na ausência de estrutura cicloviária. A proposta também era de redução das velocidades e do treinamento de motoristas profissionais (ônibus e táxi) para um compartilhamento e para agilizar a implantação de estrutura cicloviária nessas vias para dar mais proteção a quem pedala. No entanto, a prefeitura alegou que a medida traria riscos aos ciclistas. Agora, a mesma prefeitura indica que compartilhar com motoristas profissionais e amadores será uma solução de segurança. Não é possível obter segurança com tantos motoristas destreinados na cidade.

Para os locais indicados, demandamos a implantação de ciclovias, conforme previsto desde 2014 no Plano Diretor Cicloviário assinado pelo Prefeito Geraldo Júlio, dando o espaço necessário à segurança das pessoas e humanizando e democratizando o trânsito da cidade. Além disso, reforçamos a necessidade de redução das velocidade máximas das vias para contemplar a segurança de todas as pessoas que usam as vias, estejam elas a pé, de bicicleta, no transporte coletivo ou no individual.

Portanto, a medida de redução para 30km/h é importante não somente para a faixa da direita, mas sim para todas as faixas das vias. Além disso, essas medidas não serão efetivas sem uma fiscalização permanente nas vias ou a colocação de estruturas protetivas que impeçam o desempenho de velocidades proibidas para as vias das cidades.

Por uma cidade mais humana, democrática e sustentável, queremos que as vias sejam feitas para todas as pessoas e não apenas para 1/5 das pessoas que usam carro. Esse é o único caminho possível para deixarmos de ser a capital mais violenta no trânsito brasileiro e uma das mais engarrafadas do mundo”.

Com a palavra a Prefeitura do Recife.

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