CICLOMOBILIDADE

Levantamento aponta preferência pela bicicleta compartilhada no desconfinamento. Mas é preciso infraestrutura

Mapeamento da Tembici/Itaú aponta que mais de 90% das pessoas pretendem seguir utilizando a bike compartilhada no pós-pandemia

Roberta Soares Roberta Soares
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Roberta Soares
Roberta Soares
Publicado em 25/05/2020 às 12:39 | Atualizado em 26/05/2020 às 17:59
FILIPE JORDÃO/JC IMAGEM
Infraestrutura é fundamental para estimular o uso da bicicleta como transporte no pós-pandemia. Na RMR, quantidade de ciclofaixas ainda é pequena. O Recife ultrapassou 100 quilômetros no fim de 2019 - FOTO: FILIPE JORDÃO/JC IMAGEM

Levantamento da Tembici, empresa que opera o Bike PE e a maior parte dos sistemas de compartilhamento de bicicletas públicas no País, em parceria com o banco Itaú Unibanco, reforça que o Brasil também deveria adotar a mesma estratégia de muitos países - especialmente na Europa - de estimular o uso da bicicleta como transporte não só durante, mas principalmente no pós-pandemia. A Tembici não divulgou números absolutos, mas diz que 97% dos usuários do Bike PE pretendem continuar utilizando as laranjinhas com o fim da quarentena. Ou seja, as vêem como opção de deslocamento no desconfinamento. O sistema, entretanto, teve reduções superiores a 80% no números de viagens e de quilômetros percorridos devido à pandemia.

Quando o recorte é nacional, a média cai um pouco nas cinco capitais brasileiras onde a Tembici e o Itaú têm sistemas (além do Recife, estão em São Paulo, Rio de Janeiro, Salvador e Porto Alegre). Mas, mesmo assim, segue alta: 90% dos usuários pretendem usar o sistema no pós-pandemia. E 16% deles são da área de saúde. Ainda nacionalmente, 45% das pessoas optam pela bike como prevenção ao novo coronavírus e 54% estão utilizando a bike para ir e voltar do trabalho. No caso do Bike PE, o percentual de profissionais de saúde é ainda maior: representam 20% dos usuários.

GUGA MATOS/ACERVO JC IMAGEM
O levantamento da Tembici foi feito a partir de informações dos usuários ativos no sistema, que pedalaram mais de duas vezes entre os dias 20 e 29 de março. - GUGA MATOS/ACERVO JC IMAGEM

“Cada vez mais os pernambucanos enxergam as bicicletas como uma alternativa de transporte. Com a pandemia, as bikes demonstraram ainda mais funcionais, pois além de ser um meio de transporte sustentável e com um custo acessível, ela ainda permite que as pessoas evitem transportes coletivos”, diz Nicole Barbieri, gerente regional da Tembici. Para estimular o #FiqueemCasa, desde o início de abril, a empresa está isentando do pagamento dos planos BikeItaú os clientes cadastrados que não utilizam o sistema.

INFRAESTRUTURA
Mas para estimular ainda mais o uso da bicicleta, é preciso que o Brasil também copie alguns países que já estão estruturando projetos de prioridade à mobilidade ativa, como ampliar a malha ciclável em eixos viários estruturadores das cidades, adotar velocidades mais baixas e vias e alargar as calçadas para estimular o caminhar.

Léo Motta/JC Imagem
Bike PE conta com 80 estações distribuídas pelo Recife. Olinda e Jaboatão dos Guararapes têm dez das 80 estações. Sistema não expande desde que foi criado - Léo Motta/JC Imagem

Entre as cidades que elegeram a bicicleta como transporte está Bogotá, na Colômbia, que desde o início da pandemia abriu 76 novos quilômetros de faixas móveis destinadas às bicicletas. Diversas cidades da Alemanha também têm remodelado suas vias para estimular o pedal. Londres, na Inglaterra, e Milão, na Itália, também anunciaram projetos de priorização da mobilidade ativa no desconfinamento. E a maioria das soluções são baratas, com instalação e desinstalação fáceis e rápidas. As estruturas têm sido implementadas com fitas removíveis e sinais móveis para demarcar os espaços destinados a ciclistas.

NÚMEROS DO BIKE PE

Redução das viagens realizadas

Abril 2020 em relação a abril de 2019: -84%

Redução de quilômetros percorridos

Maio 2020 em relação a maio de 2019: -87%

* De 01/05 a 21/05 

O levantamento da Tembici foi feito a partir de informações dos usuários ativos no sistema, que pedalaram mais de duas vezes entre os dias 20 e 29 de março. Os clientes preencheram uma planilha com informações como faixa etária, gênero, tipo de bicicleta e uso de bikes durante a pandemia.

Foto: Ana Cristina Campos/Agência Brasil
Muitos países têm estimulado o uso da bicicleta como transporte na pandemia e no pós-pandemia - Foto: Ana Cristina Campos/Agência Brasil

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