Duas novas linhas do chamado serviço opcional de ônibus, mais conhecido como “geladinhos”, entraram em teste na Região Metropolitana do Recife. As linhas 342 - Curados (Opcional) e 041 - Setúbal (Opcional) começaram a operação recentemente, numa tentativa de atrair um público diferenciado para o transporte coletivo, que segue com uma perda de demanda superior aos 50%. São as primeiras linhas do serviço criadas desde 2015 e 2019. Atualmente, oito linhas do tipo estão em operação na RMR.

As duas novas linhas podem não dar certo, ou seja, serem suspensas devido à baixa demanda de passageiros. Mas precisam operar por, no mínimo, seis meses, segundo regras do regulamento do Sistema de Transporte Público de Passageiros da RMR (STPP), criado pelo Grande Recife Consórcio de Transporte Metropolitano (CTM). “São linhas criadas a partir da demanda da sociedade, cuja toda a operação é sob risco da empresa operadora. Se ela for deficitária ou tiver demanda suficiente, a responsabilidade é da empresa. Ela sugere a criação, nós avaliamos a viabilidade observando alguns parâmetros como não impactar na rede já existente, e autorizamos”, explica o diretor de Planejamento do CTM, Maurício Pina.

As duas novas linhas do serviço opcional são operadas pela empresa Borborema. A Curados (Opcional), que entrou em operação na terça-feira (8/9) liga os bairros dos Curados (1,2, 3 e 4) à Avenida Guararapes, no Centro do Recife, pela Avenida Abdias de Carvalho. A tarifa cobrada é de R$ 6,45 e, segundo os operadores, cada trecho tem sido feito entre 50 e 60 minutos nessa época de pandemia. Já a linha Setúbal (Opcional), em teste apenas nos dias úteis desde o dia 8 de julho, substituiu a linha 042 - Aeroporto (Opcional). A substituição aconteceu porque, segundo a Borborema, não havia mais demanda para o Aeroporto Internacional do Recife e, por isso, o itinerário foi modificado. A tarifa da linha segue sendo R$ 4,30.

“Infelizmente, a demanda do transporte público segue ainda muito baixa, de 57%. Temos feito de tudo que podemos para oferecer um serviço diferenciado. Mas percebemos que o passageiro do opcional ainda está resistente. É um cliente que costuma ter carro, mas por economia, conforto e praticidade, o deixa em casa e opta pelo ônibus. Agora, com a pandemia, muitos estão tirando o automóvel da garagem”, analisa Geraldo Magela, diretor de Operações da Borborema. De fato, as linhas opcionais em operação no Grande Recife têm amargado uma queda de demanda superior a 50%.

O operador lembra que as faixas exclusivas para os ônibus são um recurso que poderia colaborar com a qualificação do serviço. “Seria o ideal termos uma Faixa Azul na Avenida Abdias de Carvalho. Facilitaria demais a viagem e atrairia mais passageiros porque as viagens ficariam mais rápidas. O tráfego na Abdias é muito pesado”, acrescenta. Mas, pelo menos por enquanto, não há previsão de implantação da faixa exclusiva no corredor.