COLUNA MOBILIDADE

VLT Carioca, que corta o Centro do Rio e tem pagamento espontâneo da passagem, completa cinco anos de operação

Sistema, criticado no início pelas colisões e atropelamentos, valorizou a região da cidade, mostrou que a população é honesta e estimulou o turismo

Imagem do autor
Cadastrado por

Roberta Soares

Publicado em 11/06/2021 às 16:01 | Atualizado em 11/06/2021 às 16:01
Notícia
X

O VLT Carioca (Veículo Leve sobre Trilhos) que corta o Centro do Rio de Janeiro, chegou a cinco anos de operação confirmando que esse tipo de modal é capaz de conectar e valorizar as cidades. Em junho de 2016, o sistema iniciava sua operação no Centro e na Região Portuária do Rio. Começou com uma única linha e foi crescendo. Atualmente, são três os trechos em circulação, com 29 estações, responsáveis por transportar mais de 73 milhões de passageiros e realizar mais de 760 mil viagens. Já virou símbolo da paisagem do Rio.

Metrô bom, previsível e confiável existe no Brasil. Saiba quais são os sistemas

Venha andar no VLT Carioca - uma mudança de cultura no transporte urbano

O Veículo Leve sobre Trilhos (VLT) como alternativa para as cidades

Segundo informações da Associação Nacional dos Transportadores de Passageiros sobre Trilhos (ANPTrilhos), além de bonito e integrado à cidade, o sistema sempre teve foco na sustentabilidade. A energia elétrica que move os trens é toda adquirida de fontes renováveis (usinas eólicas, solares e biomassa). Com isso, são mais de 8 toneladas de emissão de gases do efeito estufa evitadas anualmente na atmosfera com a redução de carros no Centro do Rio.

Foi idealizado como modal de conexão para quem chega e se desloca no Centro, conectando a região à entrada e saída da cidade pela rodoviária e pelo Aeroporto Santos Dumont. Conseguiu, ainda, desfazer mitos porque, no início da operação, foi muito criticado devido às colisões e atropelamentos provocados pela falta de experiência na convivência das pessoas com o sistema cortando a área central da cidade. Com o tempo, o Rio se acostumou a ele.

PAGAMENTO ESPONTÂNEO DA TARIFA

Outro diferencial é o sistema de pagamento da tarifa. Não existem bloqueios. O pagamento é espontâneo no interior dos trens, com a aproximação dos cartões eletrônicos dos validadores. Há uma fiscalização frequente do pagamento e, segundo os operadores do VLT Carioca, os índices de evasão se mantiveram baixos nesses cinco anos: são em média de 11%, inferior aos verificados em países Europeus.

A percepção dos operadores é de que, quando as pessoas recebem um serviço de qualidade, fazem questão de pagar por ele. Não é à toa que pesquisa recente do DataFolha apontou que 92% da população carioca aprova o VLT Carioca.

VLT CARIOCA/DIVULGAÇÃO
Conta com 29 estações, responsáveis por transportar mais de 73 milhões de passageiros e realizar mais de 760 mil viagens nesses cinco anos - VLT CARIOCA/DIVULGAÇÃO

MULTA

Vale lembrar, no entanto, que foi criada uma multa para punir os desonestos. A Lei 6.065, de 15 de abril de 2016, estabelece penalidades aos usuários do VLT Carioca que não efetuarem o pagamento espontâneo. As multas previstas são de R$ 170 e de R$ 255 (multa mais 50%), no caso de reincidência.

Ainda que a maior parte das viagens sejam motivadas por trabalho, o sistema se tornou um indutor do turismo no Centro do Rio. Com um cardápio de tradicionais museus e centros culturais (como o CCBB e o Museu Nacional de Belas Artes) aliado a novas atrações como o AquaRio, Museu do Amanhã e Rio Star, a região ganhou novos ares e o Boulevard Olímpico, por exemplo, tornou-se um dos pontos mais visitados da cidade.

Série de reportagens Metrôs - Uma conta que não fecha

Ao longo do último ano, surgiu ainda o desafio da pandemia. Mesmo com menos pessoas circulando no Centro, o VLT se mantém circulando nas três linhas, com os mesmos horários. “O VLT mudou a cara do Centro do Rio ao longo desses cinco anos e será fundamental no futuro da região, que passa por uma reutilização do território, inclusive com moradias. Ter um transporte público de qualidade na porta de casa será um atrativo muito grande para essa reorganização”, defende o presidente do VLT, Marcio Hannas.

Tags

Autor