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Vídeo: Motorista invade calçada, arrasta fileira de motos, mata motoboy, mas é liberada pela Justiça. Até quando?

Se a sociedade visse - de fato, não em discursos políticos - que a postura das pessoas ao volante precisa mudar, tudo poderia ser diferente

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Roberta Soares

Publicado em 28/06/2021 às 15:02 | Atualizado em 28/06/2021 às 15:24
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Com todo respeito aos argumentos do magistrado que decidiu estipular fiança de R$ 22 mil além de outras medidas restritivas à motorista de uma veículo BMW que invadiu a calçada, arrastou uma fileira de motos, matou um motoboy e feriu gravemente outro, na madrugada deste domingo (27/6), no bairro de Cambuci, na Zona Sul de São Paulo. De fato, autuada por homicídio e lesão corporal culposos (sem intenção) pela Polícia Civil paulistana, sem antecedentes criminais e sem uma prova do consumo do álcool - a motorista negou o teste de alcoolemia -, a motorista tinha tudo a seu favor para que a Justiça a liberasse. A única diferença seria uma coisa simples: o querer.

Não é mais acidente de trânsito. Agora, a definição é outra nas ruas, avenidas e estradas do Brasil

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Se a sociedade visse - de fato, não em discursos políticos - que a postura das pessoas ao volante precisa mudar, tudo poderia ser diferente. Além do que foi repassado à mídia de São Paulo - como os sintomas de embriaguez da condutora, o fato de ter se negado ao teste do bafômetro, a tentativa de deixar o local do sinistro de trânsito (não é mais acidente. Entenda) e, o que mais importa, o depoimento das testemunhas -, as imagens da colisão não deixam dúvidas sobre a imprudência da condutora. Também não deixam dúvidas sobre a displicência ao volante. A velocidade da BMW impressiona.

Tire suas próprias conclusões assistindo ao vídeo:


O episódio ocorreu em frente à empresa Zé Delivery, que faz entrega de bebidas e virou febre durante a pandemia. Por isso o número tão alto de motos na frente. A dentista Danielle Piorelli Almeida Diniz, de 42 anos, chegou foi presa em flagrante pela PM, sendo levada para delegacia e depois submetida a sessão de custódia. Na sentença, o juiz Luís Gustavo da Silva Pires, da Justiça de São Paulo, chega a destacar a violência do fato, a partir do depoimento de testemunhas. Nele, é dito que a condutora do veículo - a dentista Danielle Piorelli Almeida Diniz, de 42 anos - atingiu motocicletas estacionadas, vítimas na calçada e árvores, "chegando a arrancá-las".

E mais: ainda segundo esses depoimentos, a motorista e o carona tentaram fugir do local, mas foram impedidos pelos motoboys. O juiz afirma existir indícios suficientes do crime de homicídio culposo e lesão corporal. Mas que, como a motorista é primária, "não se mostra plausível, neste momento, considerando a conjuntura excepcional que o mundo atravessa, o encarceramento provisório, apesar da gravidade do delito".

 

REPRODUÇÃO
IImagem do momento em que a condutora sobe a calçada e arrasta as motos em São Paulo. Sinistro de trânsito aconteceu em frente à loja Zé Dellivery - REPRODUÇÃO

Até quando?

Pelo menos, desde abril estão em vigor as mudanças do Código de Trânsito Brasileiro (CTB) e, entre elas, a proibição de transformar as penas dos crimes de trânsito em serviços comunitários ou pagamento de cestas básicas, prática conhecida como penas alternativas. Além disso, a Justiça de São Paulo também determinou que a condutora terá que comparecer todo mês em juízo para informar e justificar suas atividades, assim como eventual atualização de endereço. Não poderá se ausentar da comarca de residência por mais de oito dias sem comunicação prévia. E terá de se recolher em sua residência no período noturno.

 

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