Tecnologia fica a desejar na gestão do trânsito
No caso da capital, até hoje nunca foram adquiridos os semáforos adaptativos, também chamados de inteligentes
Muitas das dificuldades do trânsito - sentidas principalmente por quem conduz automóveis - são potencializadas pela ausência de investimento em tecnologia. O Recife, assim como todas as cidades da Região Metropolitana, sofrem com a ausência de equipamentos modernos para auxiliar na desenvoltura da circulação do tráfego. No caso da capital, por exemplo, até hoje nunca foram adquiridos os semáforos adaptativos, também chamados de inteligentes.
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Para quem não sabe, os semáforos adaptativos permitem realizar uma programação em tempo real, equilibrada de acordo com o volume do tráfego das vias. Ou seja, através de sensores, é possível programar mais tempo de verde para uma determinada rua ou avenida que está com mais veículos, em detrimento da outra, com menos tráfego, por exemplo. O sensor de volume, instalado na via, auxilia a programação.
É claro que até para a tecnologia de trânsito há limites conforme a quantidade de veículos e, por isso, o uso irracional do automóvel precisa sempre ser discutido, ao mesmo tempo em que o transporte público coletivo e o uso da bicicleta precisam ser estimulados. Mas a tecnologia ajuda, e muito.
Para se ter ideia do quanto é preciso evoluir na gestão tecnológica do trânsito da cidade, a rede semafórica do Recife, composta por 700 cruzamentos semaforizados, é toda de equipamentos que, no máximo, aceitam programações fixas por horários, que não podem ser alteradas de acordo com o volume de tráfego. Não são adaptativos.
Ainda na segunda gestão de Geraldo Julio (PSB), o Recife testou pontualmente dois equipamentos inteligentes, nos bairros do Pina e da Imbiribeira, numa época em que a saída da Zona Sul estava travando depois da implantação da Faixa Azul para os ônibus na Avenida Antônio de Góis, no Pina. Funcionou na época, mas depois os semáforos foram retirados.
Profissionais que atuam no setor, ouvidos pelo JC, afirmam que o Recife está mais do que atrasado nessa área. Que muitas cidades já adotaram a tecnologia, como é o caso de São Paulo (SP), Porto Alegre (RS), Belo Horizonte (MG), Vitória do Espírito Santo (ES), Osasco (SP) e Duque de Caxias (RJ). Até mesmo Jaboatão dos Guararapes, município vizinho ao Recife, está licitando o sistema.
Os mesmos especialistas também lembram que investir em tecnologia de trânsito é muito mais uma iniciativa política de gestão pública do que um investimento de alto custo. Enquanto um controlador de tempo fixo custa de R$ 15 mil a R$ 20 mil, os que têm capacidade de operação no modo adaptativo custam entre R$ 35 mil e R$ 40 mil.
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Por cruzamento, o custo seria, em média, de R$ 80 mil. E, no caso do Recife, a expectativa é de que fossem necessários utilizá-los em até 250 dos 700 cruzamentos semaforizados, o que totalizaria um investimento de R$ 20 milhões para a gestão municipal. Mesmo quando não resolvem, os semáforos adaptativos melhoram muito a circulação, garantem os especialistas.
Embora o Recife ainda não tenha semáforos inteligentes, a gestão municipal diz que investe em fiscalização eletrônica. Que gasta, mensalmente, R$ 576 mil com os contratos de equipamentos e que seguirá ampliando a presença deles nas ruas e avenidas. E, de fato, na semana passada anunciou a instalação de onze novos fotossensores para registrar infrações de velocidade, avanço de semáforo e parada sobre a faixa de pedestre. Os primeiros equipamentos da cidade após dois anos da instalação do último.