COLUNA MOBILIDADE

Empresa contratada para implantar sistema de Informação em tempo real nos ônibus do Grande Recife rebate governo de Pernambuco sobre atrasos

A Etra argumenta que o Simop não virou realidade por culpa do Estado, no caso do Grande Recife Consórcio de Transporte Metropolitano (CTM), gestor do transporte público por ônibus na Região Metropolitana do Recife

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Roberta Soares

Publicado em 13/07/2022 às 18:29 | Atualizado em 13/07/2022 às 18:40
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A Empresa Etra (Etrabras Mobilidade e Energia Ltda), responsável por desenvolver a tecnologia do Sistema Inteligente de Monitoramento da Operação (Simop), que daria ao passageiro informações em tempo real sobre a chegada dos ônibus no Grande Recife, rebateu o governo de Pernambuco sobre atrasos na implantação do serviço.

De tantas promessas, atrasos, idas e vindas - dez anos depois de começar a ser viabilizado -, o Simop virou chacota no setor porque nunca vingou.

Ônibus seguem sem previsão em tempo real no Grande Recife. Sistema prometido já virou lenda urbana

Em email enviado à Coluna Mobilidade, a Etra argumenta que o Simop não virou realidade por culpa do Estado, no caso do Grande Recife Consórcio de Transporte Metropolitano (CTM), gestor do transporte público por ônibus na Região Metropolitana do Recife.

Não teria sido por falhas dela. Ao contrário. Alega que o acordado no contrato firmado com o CTM foi devidamente entregue, apesar de atrasos comuns no pagamento por parte do governo estadual. E ainda acusa a gestão pública de ineficiente.

A Etra, de fato, não foi ouvida na reportagem “Ônibus seguem sem previsão em tempo real no Grande Recife. Sistema prometido já virou lenda urbana”.

JC IMAGEM
Estado diz que, além de todas as dificuldades, a empresa vencedora da licitação abandonou o contrato. MPPE também acompanha o processo, sem muitas interferências - JC IMAGEM

Vale ressaltar, entretanto, que apenas o governo de Pernambuco costumava se posicionar sobre o tema. Até então. Em outras reportagens sobre o Simop, a Etra nunca concedeu entrevista, razão pela qual a Coluna Mobilidade não a procurou.

Confira o que diz a Etra, conhecida mundialmente por operar a tecnologia do BRT Transmilênio, de Bogotá (Colômbia):

“O escopo do contrato firmado pela Etra e o CTM foi devidamente entregue. Não existiu, portanto, qualquer dificuldade com a execução do contrato por parte da Etra, que, inclusive, cumpriu com a integralidade de seu objeto, mesmo diante da inadimplência habitual no pagamento pelos serviços.

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Reiteradas vezes e em outras matérias jornalísticas, o CTM confessa que a ‘arquitetura do Simop no que diz respeito ao software encontra-se devidamente implantada, faltando detalhes de configurações (tradução e customização, por exemplo) que não invalidam a ferramenta.

A Etra executou o contrato durante todo o seu tempo de vigência e suas prorrogações, até outubro de 2020. Todavia, não pode permanecer por tempo indeterminado, em virtude de flagrante ineficiência da gestão pública e sem o devido pagamento”.

Não é verdadeira, portanto, a afirmação de ‘abandono do contrato’. O escopo está entregue, sua operação não depende da Etra. Para tanto, acosta-se o reconhecimento do recebimento do objeto e a audiência pública com o Ministério Público do Estado de Pernambuco, devidamente degravada.

O fato é que a telemetria somente foi contratada pelo Estado em 2020, sendo confessados em inquérito civil pelo CTM os problemas que atrasaram a operação do Simop, todos de responsabilidade da gestão pública”.

DIVULGAÇÃO
Dos R$ 22 milhões gastos até agora, R$ 8 milhões foram apenas no Centro de Monitoramento Operacional (CMO), que fica no Grande Recife Consórcio de Transporte Metropolitano, mas que não tem autonomia sobre os dados da operação diária do sistema - DIVULGAÇÃO
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Dos R$ 22 milhões gastos até agora, R$ 8 milhões foram apenas no Centro de Monitoramento Operacional (CMO), que fica no Grande Recife Consórcio de Transporte Metropolitano, mas que não tem autonomia sobre os dados da operação diária do sistema - DIVULGAÇÃO
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Aliás, além de não vingar, o Simop é um dos maiores símbolos do mau uso do dinheiro público. De um contrato de R$ 40 milhões para implantação do sistema em cinco anos, pelo menos R$ 22 milhões foram gastos até agora, apesar de nunca ter entrado em operação - JC IMAGEM

Entenda quem é a Etra:

“A empresa Etrabras Mobilidade e Energia Ltda. integra grande grupo empresarial dedicado ao desenvolvimento de tecnologias nas áreas de mobilidade, rede de tráfego e de transporte, iluminação, energia, segurança e comunicações.

O Grupo Etra é responsável por 53% do tráfego urbano da Espanha. Diga-se, ainda, que, aproximadamente, 90% dos metrôs e comboios ligeiros da Espanha também são geridos pelas suas soluções tecnológicas.

Outros projetos expressivos, como Bogotá, com 13.500 veículos integrados ao Sistema Transmilenio, são geridos pela tecnologia do Grupo Etra. Sendo este o maior projeto de transporte do mundo em funcionamento.

Atualmente, a Etrabras é uma das empresas homologadas do que virá a ser o maior projeto de transporte urbano do mundo em São Paulo (via Sptrans), com uma totalidade de 13.927 ônibus”.

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