As dificuldades encontradas pelos foliões que optaram pelo transporte público e pelos aplicativos de transporte, como Uber, 99 e Indrive, para chegar e sair do Carnaval de Olinda foram comprovadas em números oficiais.
Segundo balanço da própria Prefeitura de Olinda, divulgado em entrevista coletiva nesta quinta-feira (23/2), a decisão do município de ter criado corredores exclusivos apenas para os táxis e veículos particulares credenciados, deixando os ônibus e os apps num percurso maior e mais congestionado, foi um grande equívoco.
Dos 4 milhões de foliões que teriam passado pelas ladeiras da Cidade Patrimônio da Humanidade - número apresentado pela gestão municipal -, 40% utilizaram aplicativos de transporte, 22% optaram pelos ônibus e apenas 8% chegaram usando os táxis.
Ou seja, a prioridade viária dada ao sistema de transporte por táxi foi desproporcional para a real mobilidade urbana da população. As pessoas que foram para Olinda usaram mesmo os apps e o transporte público.
Em seguida, os carros particulares, opção que quase se igualou ao ônibus: 19%. Por isso, tantas reclamações dos foliões para chegar e sair de Olinda.
VEJA A DIVISÃO POR MODAL DE TRANSPORTE
Transporte por aplicativo - 40%
Ônibus - 22%
Carro - 19%
Taxi - 8%
A Pé - 6%
Moto - 2%
Transporte Alternativo - 1%
* Pesquisa socioeconômica com foliões de Olinda
RECLAMAÇÕES PARA CHEGAR E SAIR DE OLINDA
O que os números oficiais da Prefeitura de Olinda constataram foi sentido na pele por muitos foliões. A prioridade à circulação dos táxis, deixando os aplicativos e, principalmente, os ônibus, em segundo plano, complicou o deslocamento de muita gente.
E, como sempre, o dano foi maior para o folião que optou pelo transporte público. Esse, pensará duas vezes antes de voltar ao ônibus que cobra uma tarifa especial - de R$ 13 a R$ 25 - e promete uma viagem expressa, que não aconteceu na prática.
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“Já é absurdo o valor cobrado, de R$ 25 (linha especial do Shopping Plaza para Olinda), que reflete uma ampla exclusão social. Algo que deveria ser combatido porque o transporte público deveria ser a primeira e melhor opção para todos, ainda mais no Carnaval. Sem falar das filas para embarque e para validar as passagens compradas pela web”, critica o servidor público Cezar Martins, um dos que afirma não voltar a usar o ônibus para chegar à folia.
“Depois, é revoltante ver os táxis e veículos credenciados terem circulação exclusiva, enquanto os ônibus são obrigados a dividir espaço com os aplicativos e os carros particulares. Os táxis nunca dariam conta da quantidade de foliões que chegavam em Olinda para ter três corredores de acesso. O que essa categoria está fazendo para ter tanta prioridade? Não parece ter sido um critério técnico. É absurdo demais”, afirma.
A pesquisa socioeconômica que fundamenta os dados foi feita pela prefeitura no horário da manhã, na Praça do Carmo, em Olinda.
RESPOSTA DA PREFEITURA DE OLINDA
A Prefeitura de Olinda rebateu as colocações da reportagem, alegando que a avaliação do município foi de que as medidas adotadas para a folia foram um sucesso sob a ótica da mobilidade urbana. Afirmou que os táxis e aplicativos tiveram os mesmos benefícios e que todos conseguiam chegar até a Praça do Carmo. E que os ônibus também foram beneficiados.
Confira a resposta: “Sobre o ponto “corredores exclusivos para os táxis e não fazer o mesmo com os ônibus”, explicamos que a medida foi tomada por segurança, para não colocar os veículos grandes perto dos foliões. A Secretaria de Mobilidade Urbana avalia as medidas tomadas para o Carnaval como um sucesso. Foram registrados apenas seis acidentes (sinistros de trânsito. Não é mais acidente que se define), todos sem gravidade, sem vítimas.
Sobre o ponto de desembarque dos foliões, os ônibus sempre pararam na Travessa do Pisa. E no local foi feito todo o aparato de embarque e desembarque, com conforto e segurança. Os táxis e aplicativos tiveram os mesmos benefícios, todos conseguiam chegar até a Praça do Carmo. No feedback dos foliões, a logística montada para o Carnaval foi elogiada e caiu no gosto da população.”
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