Aguardado desde 2020, o julgamento do representante farmacêutico Guilherme José Lira dos Santos, acusado de usar o carro para matar a companheira por 19 anos e mãe de seus filhos, na Boa Vista, Centro do Recife, em 2018, foi adiado.
O julgamento aconteceria na segunda-feira (20), na 1ª Vara do Tribunal do Júri da Capital (júri popular), no Fórum do Recife, localizado na Ilha Joana Bezerra, área central do Recife. Agora, será realizado apenas no dia 10 de abril.
O adiamento, segundo explicou o Tribunal de Justiça de Pernambuco (TJPE), foi solicitado pelo Ministério Público de Pernambuco (MPPE), que faz a acusação no processo. E a razão seria a indisponibilidade de duas testemunhas para comparecer ao julgamento no dia 20.
“A juíza da 1ª Vara do Tribunal do Júri da Capital, Fernanda Moura, atendeu pedido do Ministério Público e da assistência da acusação, após haver sido certificada por oficial de justiça, sobre a impossibilidade do comparecimento de duas testemunhas a serem ouvidas durante o julgamento, que estava programado para segunda-feira (20/3)”, diz o TJPE.
Uma das testemunhas alegou não poder comparecer por razões de saúde e a outra por estar fora de Pernambuco. No julgamento, o MPPE iria apresentar cinco testemunhas e três peritos criminais. Já a defesa do réu indicou cinco testemunhas e dois informantes.
CRIME DE FEMINICÍDIO NO TRÂNSITO
O representante farmacêutico foi indiciado e denunciado pelo crime de feminicídio no trânsito. De jogar o carro que dirigia contra uma árvore e matar na hora a mulher e mãe de seus filhos. Patrícia recebeu o impacto de uma tonelada de ferro sobre o corpo.
As imagens de um circuito de monitoramento dos edifícios confirmaram a violência: o veículo passando em alta velocidade e chocando-se, brutalmente, contra a árvore. A destruição foi tanta que os bombeiros não conseguiram tirar Patrícia pela porta do passageiro. O corpo foi retirado pela porta traseira. O marido não teve qualquer ferimento.
HOMICÍDIO TRIPLAMENTE QUALIFICADO
O acusado foi pronunciado (denunciado) no Artigo 121, §2º, incisos I, IV e VI, na forma do §2ºA, inciso I, do Código Penal Brasileiro, o que significa que o réu vai ser julgado por homicídio triplamente qualificado.
As qualificadoras são ter cometido o homícidio por motivo futil; mediante dissimulação ou outro recurso que dificulte ou torne impossivel a defesa do ofendido; e VI - contra a mulher por razões da condição de sexo feminino (feminicídio).
O julgamento será presidido pela juíza Fernanda Moura de Carvalho e não terá transmissão em tempo real porque o MPPE não concordou.
ACUSADO FOI PRESO NOVAMENTE
Apesar do adiamento do julgamento, Guilherme José Lira dos Santos segue preso. Em liberdade desde janeiro deste ano - após quatro anos na prisão - o representante farmacêutico foi preso novamente na quarta-feira (15/3), por determinação da Justiça de Pernambuco, e a cinco dias da primeira data prevista para o julgamento do crime.
A decisão foi da 1ª Câmara Criminal do Judiciário estadual, com relatoria do desembargador Fausto de Castro Campos. O Tribunal determinou o restabelecimento da prisão atendendo a recurso do MPPE.
Guilherme Santos foi denunciado e aguarda julgamento - inicialmente previsto ainda para 2020 - por jogar o carro contra uma árvore intencionalmente para matar a esposa, a engenheira de computação Patrícia Cristina Araújo Santos, 46 anos, em novembro de 2018.
O júri acontecerá no Fórum do Recife (Fórum Desembargador Rodolfo Aureliano, na Ilha Joana Bezerra, área central da capital pernambucana), a partir das 9h.
CASO FOI TRATADO COMO SINISTRO DE TRÂNSITO
No início, o caso foi tratado como uma colisão de trânsito. Chegou a ser noticiado dessa forma. Mas o alerta da família levou a polícia a descobrir que se tratava de um feminicídio no trânsito. Guilherme José de Lira Santos, 47, tem dois filhos com a engenheira – um casal que atualmente tem entre 15 e 17 anos.
Mas depois o representante farmacêutico foi indiciado e denunciado pelo crime de feminicídio no trânsito. A defesa do representante farmacêutico já tentou alguns recursos, mas o Tribunal de Justiça de Pernambuco (TJPE) manteve a denúncia de feminicídio no trânsito e a análise do crime pelo júri popular.
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