O baixo valor das corridas pago aos motoristas de aplicativo de transporte, como Uber e 99, o alto custo com combustível e o alto percentual descontado pelas plataformas vão fazer o serviço parar no Brasil.
Pelo menos essa é a promessa dos líderes da categoria, que anunciaram uma paralisação nacional prevista para o dia 15 de maio em diversas cidades do País. Os entregadores via app, como Ifood e Rappy, também deverão participar do movimento.
Desta vez, o protesto será promovido com o desligamento dos apps por 24 horas. Ou seja, será um day off dos aplicativos. E, segundo os organizadores, a expectativa é de que a adesão seja grande.
No Brasil, segundo dados do IPEA e do IBGE, são quase 2 milhões de profissionais atuando como motoristas parceiros e entregadores de aplicativos. Em Pernambuco, levantamento da Associação de Motoristas por Aplicativo de Pernambuco (AMAPE) aponta que são mais de 120 mil motoristas e entregadores atuando.
Para o movimento do dia 15, estão sendo convocados os profissionais que atuam no Recife, na Região Metropolitana e nas cidades de Vitória de Santo Antão (Zona da Mata Sul), Caruaru, Garanhuns (Agreste), Petrolina (Sertão) e na Praia de Porto de Galinhas (Litoral Sul).
QUAIS AS PRINCIPAIS REIVINDICAÇÕES DOS MOTORISTAS DE APP?
O objetivo principal da paralisação é exigir melhores condições de trabalho para os motoristas e entregadores, que frequentemente enfrentam dificuldades para garantir uma remuneração justa.
As principais demandas incluem o aumento da tarifa mínima, a diminuição da comissão cobrada pelas plataformas - que chega a 60% do valor em algumas corridas -, a disponibilização de seguro de vida e saúde, e a melhoria da proteção contra assaltos e violência nas áreas urbanas. Outro ponto é a cobrança de um adicional por cada parada solicitada durante a corrida.
"Queremos o reajuste de tarifas, com a tarifa mínima de R$ 10, segurança para trabalhar e o fim de banimentos sem justificativa. Além dessas reivindicações, vamos demonstrar nossa insatisfação pelo fato de não termos motoristas e associações no grupo de trabalho criado pelo governo federal para discutir a regulamentação trabalhista da categoria”, afirma o presidente da Amape, Thiago Silva, conhecido como professor Thiago.
“E a expectativa é de adesão total, já que motoristas e entregadores não aguentam mais as plataformas levarem até 60% dos valores das viagens”, reforça.
COMO SERÁ O PROTESTO DOS MOTORISTAS E ENTREGADORES DE APLICATIVO?
A orientação nacional é para que os motoristas desliguem os aplicativos. Assim, a categoria pretende chamar a atenção das empresas e reivindicar o pagamento de taxas melhores. O movimento será apoiado por influenciadores digitais.
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A paralisação tem dois objetivos: gerar transtorno para os passageiros, que são os clientes principais da Uber e 99, e fazer com que a voz da categoria seja ouvida nas redes sociais e pela mídia oficial.
“Se um bom número de motoristas deixarem de ligar o aplicativo em nível nacional - e nós estamos falando de milhares de motoristas espalhados pelo País - isso vai gerar transtornos para os passageiros e esse tipo de transtorno pode fazer com que a Uber ouça o nosso apelo”, defendeu um motorista de aplicativo no Youtube.
A Federação dos Motoristas por Aplicativos do Brasil (Fembraap) já manifestou apoio à iniciativa dos motoristas. A entidade defende a paralisação como um meio legítimo de protesto e destaca que as empresas de aplicativos têm a responsabilidade de assegurar boas condições de trabalho e remuneração justa aos motoristas.
“É inaceitável que os motoristas continuem a trabalhar recebendo valores tão baixos como os ofertados atualmente. Por isso, a Fembraap convoca todos a se juntarem à causa e desligarem os aplicativos no dia da paralisação. Juntos, os motoristas podem fazer a diferença na defesa de seus direitos e interesses”, afirmou a entidade.