Os voos que têm como destino o Aeroporto Internacional do Recife seguem sendo desviados para outros aeroportos da região e cancelados devido ao desligamento do sistema de orientação de pouso do terminal, que impede as aterrissagens quando as chuvas são intensas. Somente nesta sexta-feira (7/7), quando chove forte na Região Metropolitana do Recife, 17 voos foram afetados.
Segundo a Aena Brasil, administradora do aeroporto, o terminal opera por instrumentos e, assim, dez voos foram alternados para outros aeroportos e sete foram cancelados por causa do mau tempo. Como tem sido comum, a Aena não faz associação ao desligamento do sistema de orientação de pouso, relacionando os problemas apenas às fortes chuvas.
“Devido às fortes chuvas que atingem a capital pernambucana nesta sexta-feira (7), o Aeroporto do Recife está operando por instrumentos. Dez voos foram alternados para outros aeroportos e sete foram cancelados por causa do mau tempo. As equipes de operações estão monitorando a situação meteorológica. Recomendamos aos passageiros que consultem a situação do seu voo com a companhia aérea antes de sair de casa”, afirma a Aena Brasil por nota.
Assim como os cancelamentos, os desvios de voos assustam e provocam transtornos para passageiros e custos para as companhias aéreas.
RELIGAMENTO DO SISTEMA DE ORIENTAÇÃO DE POUSO ESTÁ SOB ANÁLISE
O religamento do sistema de orientação de pousos do Aeroporto Internacional do Recife, fundamental para orientar pilotos quando está chovendo e não há visibilidade da pista, está mais perto de acontecer.
Segundo a Força Aérea Brasileira (FAB), o projeto que prevê o reposicionamento do equipamento está sob análise do Departamento de Controle do Espaço Aéreo (DECEA), mas não deu prazo para que o religamento aconteça.
A FAB, entretanto, alega que só recebeu o projeto básico para o reposicionamento do equipamento ILS (Instrument Landing System) no dia 27 de junho de 2023. A Aena Brasil, administradora do aeroporto, tinha informado anteriormente que a solicitação para religamento tinha sido realizada desde o dia 24.
“O Departamento de Controle do Espaço Aéreo (DECEA) informa que recebeu o projeto básico para o reposicionamento do equipamento ILS no dia 27 de junho de 2023 e que se encontra em análise pelos setores competentes”, informou a FAB.
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Sobre o religamento, a FAB não deu prazos. Apenas disse que, após a análise e aprovação do projeto básico, será realizada uma vistoria no local para validar a área após as obras realizadas pela FAB.
SISTEMA DE ORIENTAÇÃO DE POUSOS DESLIGADO
Os desvios e cancelamentos estão sendo provocados não só pelas chuvas, mas devido à desativação do ILS. O sistema auxilia os pilotos até obterem contato visual com a pista de pouso.
Esse contato visual só seria possível a partir dos 200 pés de altura (o equivalente a 61 metros de altura). Até chegar a esse patamar, só é possível realizar o procedimento de pouso com o ILS.
Sem conseguir realizar a aterrissagem em dias de chuva, já que não têm a orientação do equipamento, os pilotos precisam arremeter a aeronave e seguir para outros aeroportos da região - como tem acontecido quase diariamente quando chove. Principalmente com os voos que iriam aterrissar.
Para quem não sabe, arremeter é um procedimento no qual o piloto de uma aeronave retoma o voo depois de falhas no processo de pouso ou quando o piloto não tem referência visual da pista. A arremetida pode ocorrer ainda em voo, durante a reta final ou após a aeronave ter "tocado" a pista.
SISTEMA FOI DESATIVADO DEVIDO A OBRAS NO AEROPORTO
O mais grave do processo é que, segundo a denúncia feita ao JC, a desativação do ILS pela Aena Brasi foi provocada pela interdição da cabeceira da pista que é mais utilizada no aeroporto para obras de ampliação do terminal.
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Pilotos alegaram que essas obras de infraestrutura, embora importantes, poderiam ter sido antecipadas ou adiadas para um período de sol, quando o uso do ILS não fosse tão imprescindível.
Assim, pilotos afirmaram que, até o religamento do ILS, qualquer chuva que diminua a visibilidade da pista deixará as aeronaves em espera ou fará com que sejam redirecionadas para outros aeroportos. O que tem acontecido na prática.
RISCOS E CONSEQUÊNCIAS DA DESATIVAÇÃO DO SISTEMA DE POUSO
Antes que as pessoas se assustem ou se preocupem com a notícia, as consequências da desativação do ILS no Aeroporto Internacional do Recife são mais econômicas do que de segurança. É claro que, ser comunicado pelo piloto que a aeronave não poderá aterrissar no aeroporto de destino ou sentir o avião arremeter em voo, não são situações agradáveis e que, muitas vezes, provocam pânico nos passageiros.
Mas os pilotos que fizeram a denúncia ao JC foram enfáticos em destacar que o risco é pequeno. O que pesa mesmo é o custo operacional das companhias aéreas de desviar voos e o transtorno financeiro para passageiros que descem em aeroportos diferentes do destino da viagem.
ENTENDA O QUE É E COMO FUNCIONA O ILS
O ILS (Instrument Landing System), que em português significa Sistema de Pouso por Instrumento, é um dispositivo que fornece ao piloto duas informações essenciais: o eixo da pista e a trajetória ideal de planeio.
No Brasil não existem aparelhos ILS de terceira geração. O nível abaixo, o ILS-2, está presente em apenas três aeroportos, segundo a Aeronáutica do Brasil: Guarulhos (SP), Galeão (RJ) e Curitiba (PR). Os demais aeroportos de grande porte, entre eles o Aeroporto Internacional do Recife, ainda têm o ILS-1.
O Sistema de Pouso por Instrumento funciona da seguinte forma: em terra, são colocados dois transmissores em posições estratégicas em relação à pista. Um dos transmissores (localizer) fornece um sinal-guia de aproximação ao longo da linha central da pista. Enquanto o outro transmissor fornece um sinal do trajeto de descida.