MOBILIDADE SUSTENTÁVEL

NOVA ORLA DE BOA VIAGEM: projeto terá impacto na ciclovia, nas travessias de pedestres e no tráfego dos veículos da Avenida Boa Viagem. Entenda

Ciclovia perderá curvas e pedestres ganharão travessias elevadas, promete a prefeitura

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Roberta Soares

Publicado em 28/09/2023 às 16:27 | Atualizado em 28/09/2023 às 18:25
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** Matéria atualizada às 17h30

A transformação da orla de Boa Viagem, na Zona Sul do Recife, batizada pela gestão municipal de Projeto Orla Parque e detalhada nesta quinta-feira (28/9) pelo prefeito João Campos (PSB), vai promover mudanças na mobilidade urbana da região.

A principal e melhor delas sob a ótica da mobilidade sustentável e do lazer é a transformação da Ciclovia Boa Viagem - a mais antiga e mais extensa da capital, com mais de 6 km. Pelo projeto, a ciclovia deixará de ter as curvas que tanto são criticadas por quem utiliza o equipamento e passará a ser reta, como as ciclovias de João Pessoa (PB) e Rio de Janeiro (RJ), por exemplo.

E, para que isso seja possível, as vagas de estacionamento existentes na faixa leste da Avenida Boa Viagem serão eliminadas. Das 1.550 vagas existentes na orla, 500 serão subtraídas para permitir a readequação da ciclovia e o alargamento do calçadão.

Assim, os veículos terão as vagas da faixa oeste (do lado dos edifícios) e vias paralelas, como as transversais à beira-mar e a Rua dos Navegantes. 

“É necessário para que possamos fazer toda a parte de drenagem e saneamento da orla. E as 1.050 vagas, assim como as existentes nas 48 vias transversais à praia passarão por uma regulamentação para garantir o uso correto e organizado”, explica Cinthia Mello, Secretária do Gabinete de Projetos Especiais da Prefeitura do Recife.

CICLOVIA DE BOA VIAGEM CONECTADA PELA ORLA COM A DE BRASÍLIA TEIMOSA

Segundo a PCR, toda a ciclovia da orla vai passar por uma remodelagem e será interligada à de Brasília Teimosa. A promessa é de que os pontos cegos serão suavizados para evitar colisões entre ciclistas e pedestres. Também serão criados trechos elevados - como já existe no trecho entre a Pracinha de Boa Viagem e o Parque Dona Lindu - para dar mais segurança à pedalada.

E, ainda, haverá um redirecionamento da drenagem da ciclovia para evitar os tão comuns alagamentos. Outra promessa é a transformação do equipamento para acomodar bicicletas adaptadas para cadeirantes, por exemplo, tornando a ciclovia mais inclusiva.

Já o calçadão será expandido de 2,75 metros para 4,8 metros e, em alguns pontos, como na Pracinha de Boa Viagem, ganhará um mirante para contemplação do mar.

PREFEITURA VAI DISCUTIR MUDANÇAS VIÁRIAS COM MORADORES, MAS NÃO ABRE MÃO DO PROJETO

KATARINA GONZAGA DE MORAES
Pracinha de Boa Viagem será integrada ao calçadão por uma travessia elevada para pedestres semelhante a existente no Marco Zero - KATARINA GONZAGA DE MORAES

As intervenções de mobilidade urbana mais polêmicas e que estavam previstas inicialmente no projeto não vão ser implantadas nesta fase. Segundo Cinthia Mello, a prefeitura decidiu que vai conversar um pouco mais com a população e tentar convencê-la dos benefícios.

A principal delas - que não foi citada pelo município na apresentação oficial - é a pedestrianização de um pequeno trecho da Avenida Boa Viagem na altura do Segundo Jardim.

A praça seria ampliada até se conectar com o calçadão da praia e o tráfego de veículos seria transferido para as vias locais. A mudança seria para permitir a ampliação do polo gastronômico da praça. Atualmente, o espaço é interditado aos domingos para atividades de lazer.

 

Esses detalhes foram apresentados durante audiência pública na Câmara de Vereadores, em maio, e, segundo informações apuradas pela Coluna Mobilidade, teria gerado uma grita dos moradores do Segundo Jardim e de outras áreas de Boa Viagem, que temiam as retenções no trânsito.

Um abaixo assinado, inclusive, já teria sido feito e encaminhado ao prefeito João Campos para que desistisse da proposta.

“Nós estamos convencidos de que a proposta é boa e já comprovamos isso tecnicamente. Em relação ao trânsito, vamos apenas transferir o número de faixas da beira-mar para a via local do Segundo Jardim. E, ainda, fazer uma conexão direta com a Via Mangue pela Rua Arthur Muniz”, explica Cinthia Mello.

A previsão da prefeitura é que as intervenções no Segundo Jardim sejam licitadas até o fim do ano.

REDUÇÃO DA VELOCIDADE DA AVENIDA BOA VIAGEM

Divulgação/PCR
Estação Esportes será voltada para a prática de exercícios físico. O espaço terá quadras de tênis e poliesportivas, além de espaço para jogos de tabuleiro - Divulgação/PCR

Outra mudança prevista inicialmente no projeto é relativa à velocidade de tráfego da Avenida Boa Viagem. A velocidade máxima na via, hoje de 60 km/h, cairia para 50 km/h.

A travessia elevada prevista para pedestres prevista na altura da Igrejinha de Boa Viagem, que também foi questionada por alguns moradores, foi mantida no projeto oficial e já está incluída nessa fase de licitação e obras.

NOVA ORLA DE BOA VIAGEM SERÁ UM PARQUE LINEAR DE 11 KM, PROMETE JOÃO CAMPOS

A intenção da Prefeitura é integrar a Orla de Boa Viagem e do Pina à de Brasília Teimosa, totalizando 11 quilômetros de extensão, e transformando a orla em um grande parque linear, com previsão de conclusão em 2025.

A Prefeitura do Recife está investindo R$ 112 milhões com recursos próprios para requalificar todos os 11 quilômetros. O Projeto Orla Parque prevê a criação de centralidades, melhorias na segurança e iluminação, construção de novos banheiros, além de reforma de toda a estrutura física do calçadão e aumento da área verde.

A primeira etapa foi concluída em março deste ano, quando foram entregues os últimos dos 60 quiosques completamente reformados.

CONFIRA imagens do projeto:

Divulgação/PCR
O calçadão vai passar por um processo de requalificação, com a substituição do pavimento atual, melhoria da acessibilidade e aumento na largura do passeio, passando de 2,75 m para 4,80 m - Divulgação/PCR
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Estação Esportes: Voltada especialmente para a prática de exercícios físicos, essa centralidade será instalada no início da orla do Pina, no local das atuais quadras de tênis. O espaço terá quadras de tênis e poliesportivas, além de espaço para jogos de tabuleiro. - Divulgação/PCR
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Estação Esportes será voltada para a prática de exercícios físico. O espaço terá quadras de tênis e poliesportivas, além de espaço para jogos de tabuleiro - Divulgação/PCR
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A Estação Linduvai funcionar em frente ao Parque Dona Lindu. Será um espaço para contemplar a natureza e aproveitar o sol. Além disso, haverá fontes de água para que a população possa se refrescar - Divulgação/PCR
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Mercado do Peixe vai funcionar como um polo gastronômico. Marca a interligação entre as orlas de Brasília Teimosa e Pina, e para isso, o Mercado já existente vai passar por requalificação - Divulgação/PCR
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Estação Porto Terra Nova, em Brasília Teimosa, será um local voltado para a contemplação do pôr-do-sol, com um centro de artesanato - Divulgação/PCR
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Projeto da nova Orla de Boa Viagem, com o qual João Campos planeja atender classe média do Recife e o turismo - Reprodução

“Precisamos construir uma cidade que faça grandes entregas e que se consolide em áreas estratégicas. Quase 70% dos recifenses afirmam que a orla do Recife é a principal área de lazer da cidade. Isso significa que, se fizermos uma requalificação, estamos contemplando quase toda a população”, afirmou João Campos.

“Estudamos muito, priorizamos esse projeto e vamos construir um espaço democrático, conectando Pina, Brasília Teimosa e Boa Viagem com um novo padrão de qualidade construtiva e muita qualidade para os nossos recifenses”, disse.

“Hoje, só temos 49% da orla sendo utilizada, nosso objetivo é mudar isso para que os recifenses realmente aproveitem todos os 11 km. Então, a obra tem um conceito de um parque linear para que seja democrático e utilizado por todos. Não estamos reinventando nada, mas sim centralizando todos os locais que serão requalificados”, afirmou Cinthia Mello.

VEJA DETALHES DO PROJETO:

O Projeto Orla Parque prevê a criação de centralidades temáticas distribuídas de forma linear e voltadas para gastronomia, esportes, contemplação do mar, entre outras, distribuídas desde Brasília Teimosa, passando pelo Pina, Boa Viagem e Setúbal. Confira:

1- Estação Porto Terra Nova: Localizada em Brasília Teimosa, nas imediações do Buraco da Véia, esta será a primeira centralidade. Será um local voltado para a contemplação do pôr-do-sol, com um centro de artesanato voltado para comercialização de obras de artistas da região.

2- Estação Mercado do Peixe (Estação Alvorada) será a segunda centralidade e vai funcionar como um polo gastronômico. Marca a interligação entre as orlas de Brasília Teimosa e Pina, e para isso, o Mercado já existente vai passar por requalificação.

3- Estação Esportes: Voltada especialmente para a prática de exercícios físicos, essa centralidade será instalada no início da orla do Pina, no local das atuais quadras de tênis. O espaço terá quadras de tênis e poliesportivas, além de espaço para jogos de tabuleiro.

4 - Praia Sem Barreiras: O objetivo desta centralidade é oferecer um local seguro e acessível para que as pessoas com deficiência possam tomar banho de mar, contemplar a orla e fazer outras atividades. Para isso, será criado um espaço sanitário totalmente adaptado, além de quadra esportiva inclusiva. O local ficará próximo ao Posto 7, em Boa Viagem.

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Orla de Brasília Teimosa na perspectiva do projeto - DIVULGAÇÃO
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Orla de Brasília Teimosa na perspectiva do projeto - DIVULGAÇÃO
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Orla de Brasília Teimosa na perspectiva do projeto - DIVULGAÇÃO

5- Estação Pracinha: Esta centralidade vai funcionar na Pracinha de Boa Viagem, um local de grande interesse histórico. O objetivo é aumentar a ocupação cultural e social do local, promovendo a continuidade e ampliação das atividades já existentes. Além disso, haverá um espaço para contemplação do mar.

6- Estação Lindu: Esta centralidade vai funcionar em frente ao Parque Dona Lindu. Será um espaço para contemplar a natureza e aproveitar o sol. Além disso, haverá fontes de água para que a população possa se refrescar. Também terá dois pontos de platores elevados, priorizando os pedestres e oferecendo mais segurança.

7- Estação Clube da Vara: Localizada em frente ao antigo Clube da Vara, na divisa entre Recife e Jaboatão dos Guararapes, no local será implantado um polo gastronômico com vista para o mar, parque infantil e um polo esportivo.

CALÇADÃO - O Projeto Orla Parque também prevê a requalificação do calçadão, com a substituição do pavimento atual, melhoria da acessibilidade e aumento na largura do passeio, passando de 2,75 m para 4,80 m. Com isso, haverá maior permanência na utilização da ciclovia, pista de cooper e de caminhada.

ILUMINAÇÃO - Serão feitas melhorias na iluminação pública, tanto na parte da pista dos carros quanto no calçadão e embaixo de todas as árvores, transformando a orla em um local agradável também à noite. Para isso, serão implantados 510 postes - um incremento de 400% nos atuais 130 equipamentos existentes. Isso significa que a cada 14 metros haverá um aparelho de iluminação.

Divulgação/PCR
A primeira etapa de requalificação da orla do Recife foi a requalificação dos 60 quiosques, entregues em março deste ano - Divulgação/PCR

CICLOVIA - Toda a ciclovia da orla vai passar por uma remodelagem. Com isso, os pontos cegos serão suavizados, evitando acidentes; a segurança será reforçada, com a criação de pavimentos elevados; a drenagem redirecionada, evitando que tenha pontos de alagamento; e a ciclovia mais inclusiva, com espaço para bicicletas adaptadas para cadeirantes, por exemplo.

ÁREA VERDE - Em até seis anos, a Prefeitura do Recife pretende plantar mais 730 árvores ao longo de toda extensão da orla. Somando com as 582 já existentes, serão 1.320 árvores no total - um incremento de 126% de área verde.

SEGURANÇA - Será feito um reforço no videomonitoramento com 20 câmeras 360 graus e outras 120 fixas. Ou seja: serão 140 equipamentos a mais para monitorar todos os 11 quilômetros de extensão da orla. Serão implantados, também, cinco pontos fixos para policiamento: em Setúbal, na Pracinha de Boa Viagem, no Segundo Jardim, no Pina e no Buraco da Véia.

BANHEIROS - Neste momento, a Prefeitura do Recife está realizando a segunda fase das obras, reformando os dez sanitários já existentes e construindo outros 11, duplicando, assim, a quantidade de equipamentos disponíveis para uso da população ao longo de toda a extensão da orla. A área interna dos banheiros será composta por duas bancadas com lavatórios, quatro vasos sanitários e duas cabines, sendo uma delas com dimensões acessíveis a cadeirantes. Já na parte externa, a população vai contar um chuveiro e um assento de apoio para pessoas com necessidades especiais.

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