VOA BRASIL: passagem de avião a R$ 200 fica cada vez mais distante no Brasil. Entenda
O objetivo era anunciar um plano de universalização do transporte aéreo, com preços mais baratos para voos domésticos. Mas não deu. Ao contrário. Os preços anunciados são mais altos até mesmo do que a média que vem sendo cobrada, segundo a Anac
O Programa Voa Brasil, que prometia a oferta de passagens de voos domésticos de até R$ 200 para servidores públicos com renda baixa, estudantes e aposentados, está virando lenda. Depois de provocar a exoneração do então ministro dos Portos e Aeroportos, Márcio França, em setembro, seu lançamento vem sendo prolongado pelo governo federal.
E, no lugar dele, uma oferta nada agradável para a população que tinha a esperança de conseguir viajar de avião a preços mais acessíveis do que os que vêm sendo praticados pelas companhias aéreas nos últimos três anos: passagens aéreas com valores entre R$ 699 e R$ 799.
O banho de água fria foi anunciado pelo governo federal nesta segunda-feira (18/12), durante entrevista do atual ministro dos Portos e Aeroportos, o pernambucano Silvio Costa Filho, tendo ao lado os presidentes das três principais companhias aéreas que atuam no Brasil: Azul, Gol e Latam.
O objetivo era anunciar um plano de universalização do transporte aéreo, com preços mais baratos para voos domésticos. Mas não deu. Ao contrário. Os preços anunciados são mais altos até mesmo do que a média recorde que vem sendo cobrada no País - de R$ 747,66 em setembro - segundo a Anac (Agência Nacional de Aviação Civil).
Mesmo com a disponibilização de 25 milhões de passagens com preços máximos que variam de R$ 699 a R$ 799 - a depender da companhia aérea. Durante o ano, a tarifa média calculada pela agência reguladora foi de R$ 644,5, valor mais baixo do que o teto estipulado pelas duas companhias aéreas.
ENTENDA O QUE SERÁ OFERTADO PELAS COMPANHIAS AÉREAS
Confira as principais medidas apresentadas pelas aéreas para baratear o valor do bilhete aéreo, divulgadas pelo Ministério de Portos e Aeroportos.
AZUL
Comercializar 10 milhões de assentos até R$ 799 a partir de 2024 e garantir a marcação de assento e bagagem despachada para compras realizadas de última hora.
GOL
A partir de 2024, disponibilizar 15 milhões de assentos com preço de até R$ 699, ofertar promoções especiais e, com mais de 21 dias de antecedência, preços entre R$ 600 e R$ 800. E, ainda, oferecer tarifas de assistência emergencial com 80% de desconto.
LATAM
Ofertar mais de 10 mil assentos por dia (mais oferta, menor custo), oferecer um destino com tarifa abaixo de R$ 199 toda semana, acabar com a validade do programa de fidelidade e manter o programa de desconto de 80% para tarifas de assistência emergencial.
ARGUMENTOS DAS COMPANHIAS AÉREAS
Na entrevista coletiva, as três companhias aéreas reforçaram que o aumento dos preços das passagens no Brasil tem sido causado pelos preços do querosene de aviação, os juros elevados no País e a alta judicialização no setor.
Segundo o ministro Silvio Costa Filho, 80% dos processos judiciais contra as companhias aéreas em todo o mundo são movidos no Brasil.
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Para reduzir os preços, o ministro disse que o governo atua em três frentes. A primeira é em conversas com a Petrobras e o Ministério de Minas e Energia para reduzir o valor do querosene da aviação.
As outras duas ações são a redução do número de processos judiciais com as empresas, em discussões com a cúpula do Judiciário para buscar forma de "dar mais segurança contra a enxurrada de judicialização", que consome cerca de R$ 1 bilhão das companhias; e a construção de 120 novos aeroportos no Brasil nos próximos três anos.
PROGRAMA VOA BRASIL
Sílvio Costa Filho afirmou que o Programa Voa Brasil ainda vai ser lançado no País, apesar de a promessa de voos a R$ 200 ter derrubado seu antecessor e, após um ano de governo, não ter virado realidade.
Há uma previsão de que o governo lançará o programa Voa Brasil em janeiro de 2024, mas nada é certo. A ideia seria estipular o preço de R$ 200 por bilhetes para grupos específicos, como estudantes do Fies, servidores públicos e aposentados com renda de até R$ 6,8 mil.
"Não é passagem de 200 reais para todo mundo, como foi mal interpretado por setores da sociedade. Ele será para públicos específicos, para que a gente possa ir criando essa cultura no Brasil", disse o ministro.