METRÔ DO RECIFE: sistema entra no segundo dia sem funcionamento da Linha Sul. Falta de trens agrava o problema
Metrô do Recife não funciona plenamente pelo segundo dia seguido
A Linha Sul do Metrô do Recife segue sem funcionar nesta terça-feira (26/12), pelo segundo dia consecutivo. A rede, principal opção para quem sai do Sul da Região Metropolitana do Recife e quer chegar à Zona Sul e à área central da capital, está sem operar desde às 8h45 da segunda (25), Dia de Natal.
Mais uma vez, o problema teria sido na alimentação de energia do sistema. A falha aconteceu entre as estações Imbiribeira e Antônio Falcão, na Zona Sul do Recife. Teria havido o rompimento de fios de sustentação da rede aérea, impedindo a operação do metrô nos dois sentidos de circulação.
As dez estações da Linha Sul estão fechadas, prejudicando uma média de 60 mil pessoas por dia. De acordo com a Companhia Brasileira de Trens Urbanos (CBTU), o problema na rede aérea foi resolvido, mas os trens precisam de reparos e, por isso, foram encaminhados para a oficina ainda nesta terça.
A falta de trens para a operação, inclusive, é reflexo do sucateamento do Metrô do Recife, que sofre com o contingenciamento de recursos até mesmo para o custeio da operação. Atualmente, são 10 composições operando nos horários de pico na Linha Centro e outras 6 na Linha Sul, o que provoca intervalos superiores a 10/15 minutos nos horários de pico e de até 20 minutos no vale (fora pico).
O Metrô do Recife já teve 25 trens apenas na Linha Centro e outros 15 na Linha Sul. Para se ter ideia do quanto a oferta de composições diminuiu.
Entre 2021 e 2022, a CBTU chegou a cogitar suspender a operação da Linha Sul para conseguir garantir a operação com intervalos menores e mais segura na Linha Centro, mas a ideia não avançou depois de vazar para a mídia.
VANDALISMO PODE SER CAUSA MAIS UMA VEZ
O que provocou o rompimento da rede aérea da Linha Sul, entretanto, não foi informado pela CBTU. Extraoficialmente, comenta-se que alguma coisa teria se enroscado no pantógrafo do trem, o que alimenta a possibilidade de vandalismo.
O pantógrafo é um dispositivo montado no topo das composições que os alimenta com a corrente elétrica recolhida da catenária, sistema de distribuição e alimentação elétrica aérea. Dessa vez, não teria sido desgaste das peças e rede aérea, por exemplo, provocado pela ausência de manutenção devido à falta de recursos.
A Linha Centro - a de maior extensão e demanda do sistema - não foi impactada.
"A CBTU informa que desde a identificação do problema ontem, 25 , por volta das 8h45, as equipes da manutenção foram acionadas e trabalham incansavelmente na solução do problema. Porém diante da extensão e gravidade no impacto na rede elétrica que alimenta os trens, o serviço ainda não foi finalizado. Alguns trens que estão na Linha Sul deverão ser rebocados após o horario de pico de hoje para o Centro de Manutenção em Cavaleiro, passando pela Linha Centro. Manteremos todos informados sobre a retomada da operação comercial. Lamentamos os transtornos, e estamos trabalhando para solução do problema".
CONTINGENCIAMENTO SEGUE FORTE NO METRÔ DO RECIFE MESMO COM O GOVERNO LULA
O Metrô do Recife segue sobrevivendo com menos da metade do orçamento de custeio necessário e sem garantias de que a situação mude em 2024. O sistema metropolitano precisa de R$ 300 milhões por ano para garantir uma operação segura e digna para os quase 200 mil passageiros diários, mas em 2023 só teve aprovado R$ 120 milhões.
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E a situação é a mesma há muitos anos. O sistema sofre com contingenciamento ano após ano, principalmente a partir do governo do ex-presidente Michel Temer (MDB). Tem um orçamento aprovado no início do ano e outro a conquistar ao longo dos meses.
ESTADO ASSUMIRÁ METRÔ DO RECIFE
Em setembro, a governadora de Pernambuco, Raquel Lyra (PSDB), afirmou, pela primeira vez em público, que irá, sim, assumir a gestão do Metrô do Recife. Mas impôs duas condições para que o Estado receba o sistema metropolitano, que hoje transporta menos da metade dos passageiros que já transportou e amarga um déficit anual só de custeio de R$ 300 milhões.
Segundo a governadora, é fundamental garantir a realocação dos 1.500 metroviários de Pernambuco no caso de o sistema ser concedido à iniciativa privada - que deverá acontecer - e ver, na prática, o aporte de R$ 2 bilhões para recuperar o metrô e devolver o padrão mínimo de operação.
APORTE FEDERAL DE R$ 2 BILHÕES NO METRÔ DO RECIFE
O segundo ponto condicionante para o Estado assumir o Metrô do Recife seria o investimento federal de pelo menos R$ 2 bilhões para requalificar o sistema metropolitano, que, sem trens, está na iminência de uma paralisação técnica.
Atualmente, são 17 composições operando nos horários de pico na Linha Centro e outras 13 na Linha Sul, o que provoca intervalos superiores a dez minutos nos horários de pico e de até 20 minutos no vale (fora pico)..
Os estudos sobre a situação do Metrô do Recife estão sendo refeitos pelo BNDES com recursos do Novo PAC (Plano de Aceleração do Crescimento) no valor de R$ 4 milhões.