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METRÔ DO RECIFE: contra privatização, mas sem orçamento sequer para operar o sistema. Os desafios de mais um novo comando do Metrô do Recife

Nova superintendente do Metrô do Recife falou sobre a futura gestão

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Roberta Soares

Publicado em 08/09/2023 às 15:29 | Atualizado em 08/09/2023 às 20:06
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Lá vamos nós de novo. E de novo. O Metrô do Recife segue sendo um patinho feio no sistema de transporte metroferroviário público do País, sem investimentos e com um troca-troca de gestores. E, como sempre foi comum em seus 38 anos de fundação, usado politicamente e de todas as formas.

Sucateado, tendo que conseguir operar mesmo recebendo menos da metade do orçamento que precisaria para custeio, e vendo o trem da privatização passar arrastando tudo em breve. Mesmo assim, o Metrô do Recife passou a ter um novo comando.

Marcela Campos, filha do ex-deputado federal, senador e governador de Pernambuco (substituindo Miguel Arraes) Carlos Wilson, e que já trabalha no metrô há 16 anos, foi anunciada no dia 5/9, no meio de todo esse furacão. Ainda não se sabe se será mais um mandato tampão, como tem sido comum nos últimos anos, mas o fato é que Marcela Campos é a nova superintendente da CBTU Recife.

CONTRA PRIVATIZAÇÃO DO METRÔ DO RECIFE

Reprodução
Marcela Campos é a nova superintendente da CBTU Recife - Reprodução

Em entrevista ao Programa Passando a Limpo, da Rádio Jornal, a nova gestora deixou claro ser contra a privatização do metrô por entender que não é solução para o sistema. Defende, antes de qualquer ação, a recuperação do metrô.

“Temos exemplos de linhas privatizadas, como no Rio de Janeiro (referência à Supervia, sistema metropolitano do Rio), que tem muitos problemas e mostram que a privatização não é a saída. Sabemos dos estudos, mas o corpo técnico da CBTU aponta que não é a saída”, afirmou.

“O que a gente precisa hoje é investir, ir em busca do recurso para reestruturar o metrô. Precisamos voltar a ter aquele sistema de qualidade de antes. É um modal fundamental na Região Metropolitana do Recife, que atende diretamente quatro municípios e, com a integração com os ônibus, as 14 cidades da RMR”, defendeu.

LONGE DAS DISCUSSÕES SOBRE A PRIVATIZAÇÃO

GUGA MATOS/JC IMAGEM
O sistema segue sobrevivendo com menos da metade do orçamento de custeio necessário - GUGA MATOS/JC IMAGEM

Marcela Campos, entretanto, deixou claro que a CBTU Recife, infelizmente, apenas acompanha o processo de uma possível privatização. Todas as discussões e decisões passam pela Administração Central da CBTU, que trata diretamente com o governo federal - Ministério das Cidades. A pauta é sempre nacional.

A nova superintendente disse que a gestão reconhecem todos os problemas que o metrô enfrenta e que não há como omiti-los. E que, por isso, enquanto estiver na superintendência do Recife estará em busca de recursos para reequipar o sistema pernambucano.

“Nossa missão é buscar investimento. O metrô clama por isso há muitos anos. Existem projetos feitos e há meses a gestão vem tratando com a administração central da CBTU, indo à Brasília inclusive. Já houve agendas com ministros e seguiremos com esse foco”, disse.

CONTINGENCIAMENTO SEGUE FORTE NO METRÔ DO RECIFE

Mais uma vez, a dificuldade financeira enfrentada pelo Metrô do Recife e já conhecida de todos foi confirmada. O sistema segue sobrevivendo com menos da metade do orçamento de custeio necessário.

Precisa de R$ 300 milhões por ano para garantir uma operação segura e digna para os quase 200 mil passageiros diários, mas só teve aprovado R$ 120 milhões. “Há muitos anos estamos assim, sofrendo contingenciamento. Temos o orçamento aprovado no início do ano e o a conquistar ao longo do ano”, resumiu a situação crítica.

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