Greve de ônibus em SP: Reuniões tentam impedir paralisação; entenda
As negociações estão estagnadas; a prefeitura solicita intervenção judicial para garantir a circulação total nos horários de pico
Os motoristas de ônibus da cidade de São Paulo enfrentam uma terça-feira crucial, às vésperas da greve marcada para quarta-feira (03/07), com duas importantes reuniões agendadas com representantes dos empresários e do setor público.
Até as 18h desta segunda-feira (1º), não havia sinais de avanço nas negociações entre trabalhadores e empresas, o que aumenta a tensão em relação à paralisação iminente.
Às 10h desta terça-feira, representantes do Sindmotoristas, que engloba motoristas, cobradores, mecânicos e outros trabalhadores, participarão de uma reunião mediada pelo Tribunal de Contas do Município (TCM).
A SPTrans, empresa municipal de transportes, convocou o encontro para apresentar dados detalhados sobre os custos da mão de obra no sistema de ônibus da cidade. Técnicos do Dieese também estarão presentes para oferecer suporte técnico ao sindicato dos trabalhadores.
Audiência de conciliação
Logo em seguida, às 11h, está programada uma audiência de conciliação no Tribunal Regional do Trabalho da 2ª Região (TRT-2).
O desembargador Davi Furtado Meirelles, relator do caso, convocou a audiência após o sindicato dos trabalhadores manifestar insatisfação com a falta de avanço nas negociações.
O presidente do Sindmotoristas, Edivaldo Santiago, participará apenas da segunda reunião, onde poderá surgir um novo posicionamento em relação à possível paralisação.
Até o momento, não foi convocada assembleia dos trabalhadores para esta terça-feira. Caso os empresários não apresentem uma nova proposta satisfatória, a greve está programada para iniciar à meia-noite desta quarta-feira (3).
Reivindicações
Os trabalhadores reivindicam um reajuste de 3,69% pelo IPCA, além de 5% de aumento real e a reposição das perdas salariais durante a pandemia, calculadas em 2,46% com base em dados do Dieese.
Por sua vez, o sindicato patronal propõe um reajuste pelo INPC de 3,23%, sem concessões adicionais. A proposta foi rejeitada pelos trabalhadores em assembleia realizada na última sexta-feira (28).
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A SPTrans e a prefeitura solicitaram ao TRT-2 que determine a circulação de 100% da frota nos horários de pico e 80% nos demais horários, visando minimizar o impacto da possível greve sobre os passageiros.
"A Prefeitura esclarece que acompanha de perto as negociações entre as partes e espera que os representantes da categoria e dos empresários encontrem um ponto comum na campanha salarial, sem prejudicar os passageiros", afirmou a gestão Ricardo Nunes (MDB) em comunicado oficial.
A SPUrbanuss, representante das empresas de ônibus, declarou que quaisquer novidades nas negociações serão apresentadas exclusivamente durante a audiência.
Na última sexta-feira, o sindicato patronal criticou a decisão de greve aprovada em assembleia, considerando a audiência de conciliação já agendada.
No início de maio, os motoristas suspenderam uma paralisação que havia sido anunciada, após a criação de uma mesa técnica no Tribunal de Contas do Município (TCM), que mediou as negociações entre empresas e trabalhadores ao longo do último mês.
Essa suspensão foi intermediada pela Justiça do Trabalho e pelo presidente da Câmara Municipal, vereador Milton Leite (União Brasil).
Na ocasião, o SindMotoristas afirmou que "permaneceria em estado de greve durante as negociações, mantendo a mobilização junto à categoria".
Paralisação dos ônibus está dentro da lei?
O direito de greve é assegurado pela Lei nº 7.783/1989, que considera legítimo o exercício de greve, seja pela suspensão coletiva ou temporária da prestação de serviços.