O ex-governador de Minas Gerais Tancredo Neves (1910 — 1985) costumava aconselhar políticos com pouco traquejo em cargos públicos que durante a campanha eleitoral tudo vale, “de batizado de boneca, vesperal de adolescente, regabofe e quermesse de qualquer religião”, mas que vindo a ser eleito, esse mesmo político deve selecionar com lupa os eventos que vai frequentar para não tornar-se “um arroz de festa”, querendo dizer que trata-se daquela pessoa que está em todas.
O presidente brasileiro não é dado a ouvir conselhos a não ser de assessores pouco dados a estratégias, mas bem que Jair Bolsonaro (sem partido) deveria ser menos “arroz de festa” e mais estadista. Mais presidente da República e menos chefe de fanfarra.
Mesmo em tempos de pandemia, Bolsonaro não poupa esforços nem dinheiro público para participar de solenidades militares, mesmo quando se trata de formatura de turmas, na mais singular das trivialidades dos quartéis.
Mas o presidente tem dado pouca atenção a casos que efetivamente exigem a presença do chefe de governo nem que seja para dizer que o Planalto está apoiando, emprestando alguns momentos de solidariedade. Uma palavra de conforto.
Agora mesmo, mais de 80% das cidades do Estado do Amapá, incluindo a capital Macapá, estão no escuro há quase 15 dias e o presidente da República não fez um gesto de solidariedade com o povo que está às escuras.
Um político com trânsito livre pelos corredores do Congresso Nacional caçoou dia desses dizendo que se tivesse faltado luz em um quartel do Exército, o presidente já teria dado um jeito de tirar uma foto apertando o interruptor e pronunciando “Fiat lux” [faça-se a luz], Gênesis 1:3. Mas no Amapá, o presidente não colocou um pé!
Pense nisso!
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