Estragos causados pelas chuvas são reflexo do comportamento da população e descaso do Poder Público
Leia a opinião de Romoaldo de Souza
O compositor fluminense Tom Jobim (1927 — 1994) é o autor de Águas de Março música imortalizada por ele ao piano e a gaúcha Elis Regina (1945 — 1982) que solfeja os acordes da canção como quem bebe um copo d’água, depois de percorrer quilômetros.
“É um resto de toco, é um pouco sozinho
É um caco de vidro, é a vida, é o sol
É a noite, é a morte, é um laço, é o anzol”
E por que foi que eu me lembrei de Águas de Março? Pelo mês que começou ontem e pelas chuvas que não param de cair. Zé de Bia, um visionário que percorria as ruas de Petrolina (PE) de ponta a ponta como quem pregava sozinho no deserto, costumava dizer: “Êita que São Pedro destampou os potes do céu. Corre ‘minino’, que lá vem água”!
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Agora por que no passado, Zé de Bia não se conformava com as ruas alagadas do bairro de Areia Branca, e hoje a agente percebe que seja em Olinda, no Recife, em Brasília, as águas de março causam sempre estragos com ruas alagadas, casas inundadas, córregos transbordando?
Eu considero que são faces de uma mesma moeda que reflete a figura do Poder Público, esse ser meio subjetivo na hora de dar respostas e objetivo até de mais quando cumpre o papel de arrecadar recursos de contribuinte. Este é um lado.
Do outro lado está o contribuinte que paga imposto, mas que muitas vezes tem parcela significativa de responsabilidade pelos bueiros entupidos.
Eu estava vendo umas fotos no Jornal do Commercio e em muitas ruas o que se viu foi lixo por toda parte. Claro. O lado Poder Público da moeda é negligente por não limpar as ruas, desentupir as canaletas para a água fluir, mas o lado cidadão também tem parcela importante de responsabilidade, uma vez que o lixo na rua chegou ali porque alguém jogou.
Pense nisso!