Em reunião com poderes, Bolsonaro seguiu investindo no cientificamente renegado 'tratamento precoce'
"Expectativa era de que o anfitrião recebesse com um pedido de "mea culpa", os representantes do Judiciário, do Legislativo, da Procuradoria-Geral da República e de algumas governadores escolhidos a dedo". Confira a opinião de Romoaldo de Souza
Quando os convidados foram chegando ontem ao Palácio da Alvorada, onde mora do presidente da República, Jair Bolsonaro (sem partido), a expectativa era de que o anfitrião recebesse com um pedido de “mea culpa”, os representantes do Judiciário, do Legislativo, da Procuradoria-Geral da República e de algumas governadores escolhidos a dedo.
Mas nada. Nem uma palavra, nem um reconhecimento de que nessa quarta-feira, o país chegaria a mais de 300 mil mortos e que boa parte dos erros na política de enfrentamento à covid-19 foi cometida pelo Poder Executivo, chefiado pelo presidente da República.
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Bolsonaro voltou a insistir na tese renegada pela comunidade científica do mundo todo, quando afirmou que o governo aposta no “tratamento precoce”e “respeita o direito e o dever do médico [em prescrever o tratamento] off label”.
É uma pena que certas pessoas tenham tanta dificuldade em fazer uma autocrítica, como lembrava o filósofo brasileiro, Leandro Konder (1936 — 2014) “A dificuldade que as pessoas têm de fazer autocríticas profundas impede que o seu conhecimento das coisas e dos fatos e o autoconhecimento se tornem valiosos”.
Custava, presidente?
Pense nisso!