Covid-19

Para prefeitos, pronunciamento de Bolsonaro se apresenta como ''discurso vazio'' e ''não expressa confiança''

No dia em que o Brasil ultrapassou a marca de 3 mil mortes confirmadas pela covid-19 em 24 horas, Bolsonaro mudou o tom do seu discurso em rede nacional e explicou que ''2021 será o ano da vacinação dos brasileiros''

Renata Monteiro
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Publicado em 24/03/2021 às 16:24
TV Brasil
Bolsonaro durante pronunciamento - FOTO: TV Brasil
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A Frente Nacional de Prefeitos (FNP), entidade que representa gestores de municípios com mais de 80 mil habitantes, lançou uma nota nesta quarta-feira (24) na qual afirma que o pronunciamento de ontem do presidente Jair Bolsonaro (sem partido) "está muito atrasado" e "faria algum sentido há seis ou oito meses". No dia em que o Brasil ultrapassou a marca de 3 mil mortes confirmadas pela covid-19 em 24 horas, Bolsonaro mudou o tom do seu discurso em rede nacional e explicou que "2021 será o ano da vacinação dos brasileiros".

"Em seu pronunciamento em rede nacional, nessa terça-feira, 23, o presidente da República, Jair Bolsonaro, se solidarizou com as vítimas da covid-19. A declaração do presidente está muito atrasada. Faria algum sentido há seis ou oito meses. Agora, se apresenta como um discurso vazio e não expressa confiança. Mas, de sua fala, com muitos pontos que distorcem os fatos e posições do governo federal durante a pandemia, o que mais se destaca são os silêncios", diz trecho do comunicado.

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Em seguida, os prefeitos frisam que o chefe do Executivo nacional não falou no pronunciamento sobre temas como "lockdown, isolamento, escassez de medicamentos e de oxigênio", nem tampouco sobre as decisões "erráticas" tomadas por ele a respeito da aquisição de vacinas e sobre os argumentos usados por ele para descredibilizar os imunizantes. "Somente no consórcio global Covax Facility, o Brasil optou apenas pela compra da cota mínima (10% da população), quando seria possível contar com pelo menos quatro vezes mais (40% da população). Esses posicionamentos e ações estão levando o país a uma situação vexatória e caótica", afirma a nota.

Mais adiante, os gestores municipais afirmam que mesmo os trechos do pronunciamento que parecem ter base científica "carecem de credibilidade", porque sem coordenação nacional e com constantes mudanças de posicionamento, não é possível confiar na condução da saúde pelo governo federal.

Sobre a reunião de Bolsonaro com governadores e com os presidentes da Câmara dos Deputados, Senado e Supremo Tribunal Federal (STF), realizada nesta quarta para tratar sobre a pandemia, a FNP afirmou que, pelo fato dos prefeitos não terem sido convidados, essa pareceu ser "uma ideia de federalismo de conveniência".

"O Brasil e os brasileiros estão abandonados pelo governo federal. Muitos nas suas casas, nos leitos dos hospitais e outros tantos, infelizmente, nos morgues das casas de saúde ou em covas coletivas. É lamentável, mas o cenário de enfrentamento à pandemia da COVID-19 tomou contornos catastróficos, levando o país ao epicentro sanitário mundial", descreve o texto.

Por fim, a FNP diz que, para que a retomada econômica do País seja possível, "é dever da União prover uma ajuda aos pequenos empresários e a retomada do auxílio emergencial. Nunca como esmola, mas como uma urgência de permitir a subsistência no isolamento social. Não há escolha entre a vida e a economia. Mortos não produzem e não consomem. É preciso salvar os cidadãos para salvar o País".

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