Opinião

Alberto Fernández deixou claro que a elite do país vizinho ignora o que se passou na América Latina

Presidente argentino bem que poderia passar uns dias no Brasil para conhecer um pouco mais do País. Leia a opinião de Romoaldo de Souza

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Romoaldo de Souza

Publicado em 10/06/2021 às 8:36
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O renomado escritor cordobês Marcos Aguinis ressalta no seu livro “O Atroz Encanto de Ser Argentino” (Editor Bei-2002) que o país vizinho sempre esteve dividido entre dois conceitos que gravitavam entre a opulência dos ricos e abonados e os trabalhadores, a mão de obra explorada que estava cada vez mais se distanciando dos efervescentes cafés portenhos, dos restaurantes sofisticados e de uma cultura eurocentrista, como se o centro do Universo fosse a Europa espanhola que descobriu a Argentina em 1516, representada pelo desbravador Juan Díaz de Solís.

“Havia algum tempo que as mentes lúcidas se preocupavam com o fato de que não existia uma única Argentina, e sim duas. E que entre essas duas persistia uma tensão que já desencadeara a podia voltar a desencadear catástrofes”.

Ontem, o presidente argentino, o peronista Alberto Fernandez, deixou claro que passados cinco séculos, a elite do país vizinho ignora o que se passou na América Latina e na própria Argentina e continua com o nariz empinado espiando o que se passa do outro lado do Oceano Atlântico.

A pretexto de elogiar a Espanha e os colonizares que aportaram seus barcos em nosso continente, o presidente argentino se referiu a um escritor mexicano dizendo: “Octavio Paz escreveu uma vez que os mexicanos vieram dos índios, os brasileiros vieram da selva, mas nós, os argentinos, chegamos em barcos. Eram barcos que vinham da Europa.”

De tão ignorantes, desastrosas e preconceituosas, as declarações de Alberto Fernandez, que qualquer “chico”, do jardim de infância sabe que quando os liderados de Solís chegaram à Argentina encontraram por lá milhares de índios querandí, que viviam no Sul do país ou os quíchua, que habitavam a fronteira com a Bolívia.

O doutor Alberto Fernandez bem que poderia passar uns dias no Brasil para conhecer um pouco mais do país que não é somente o litoral de Santa Catarina para onde levas de argentino vêm veranear, nem o Planalto Central, onde o presidente Argentino quando vez traz até sua água mineral para não beber a nossa.

Eu termino esse comentário citando um dos maiores poetas que a Argentina deu ao mundo, Jorge Luis Borges (1899 — 1986): “Que fizemos nós argentinos?”

¡Piense en eso!

Ou melhor, Pense nisso!

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