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Números anunciados pela Saúde de compras de vacinas seriam bons se tivessem sido ditos há, no mínimo, 6 meses

Bate uma tristeza sem tamanho quando temos de contar as vítimas da pandemia, e lembrar que muitas poderiam ter sido salvas. Leia a opinião de Romoaldo de Souza

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Romoaldo de Souza

Publicado em 03/06/2021 às 6:37 | Atualizado em 03/06/2021 às 10:31
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Como reforço acadêmico, volto a ler o escritor mineiro Guimarães Rosa (1908 — 1967) e no impacto da releitura de Grande Sertão: Veredas [Livraria José Olympio Editora/1956] passo a meditar sobre a vida, os dias de confinamento forçado para evitar a infecção com o vírus. A arte de equilibrar um microfone enquanto a desajeitada máscara insiste em sair do lugar e bato os olhos numa frase para meditar nesse dia de Corpus Christi. “Tem horas em que penso que a gente carecia, de repente, de acordar de alguma espécie de encanto”.

Antes fosse um encanto. Antes não fosse essa letargia que imobiliza o país enquanto vidas vão sendo ceifadas, como um camponês que broca o roçado na esperança de que a chuva não tarde a chegar. Afinal, as sementes estão no tabuleiro secando, prontas para serem semeadas.

Tão bom seria se os números anunciados pelas autoridades da Saúde de compra de vacinas tivessem sido ditos no mínimo, ao menos, seis meses atrás. Caso não tivéssemos de remar contra as incansáveis correntezas do atraso que retardaram meses para comprar os imunizante, enquanto amigos, parentes próximos, pessoas que nem conhecíamos deixavam nosso convívio por puro capricho da teimosia cega de quem negou a ciência.

É nessas horas que bate uma tristeza sem tamanho quando temos de contar as vítimas da pandemia, e lembrar que muitas poderiam ter sido salvas.

Pense nisso!

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