ROMOALDO DE SOUZA

Sociedade deveria cobrar explicações do Ministério da Defesa sobre uso de R$ 535 mil nos banquetes dos generais

Em vez de enfrentar a pandemia, Exército, Marinha e Aeronáutica esbanjavam um cardápio com comidas de alto padrão e bebidas de qualidade superior

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Romoaldo de Souza

Publicado em 28/12/2021 às 7:42
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Um amigo da família que foi capelão militar durante a 2ª Guerra Mundial contou certa vez que na Batalha de Monte Castello, no norte da Itália, ele costumava abençoar os soldados das tropas aliadas e, sempre que era chamado a encomendar um corpo, o padre jesuíta pegava café solúvel do mantimento dos americanos para dar aos “pracinhas” da Força Expedicionária Brasileira (FEB), a fim de que se aquecessem e pudessem recompor as energias com o café pré-pronto.

Lendo os jornais desta segunda-feira, me deparo com a notícia de que o Tribunal de Contas da União (TCU) constatou que o Ministério da Defesa torrou verba de enfrentamento à covid-19, para comprar filé mignon, picanha, bacalhau, salmão, camarão e bebidas alcoólicas.

“Não parece razoável alocar os escassos recursos públicos na compra de itens não essenciais, especialmente durante a crise sanitária, econômica e social pela qual o país está passando, decorrente da pandemia”, atesta o relatório do TCU.

É bem isso! Em vez de enfrentar a pandemia, Exército, Marinha e Aeronáutica esbanjavam um cardápio com comidas de alto padrão e bebidas de qualidade superior.

“Além de não servir à finalidade a que se destina, a contratação desse tipo de insumo fere o princípio da moralidade previsto no art. 37 da Constituição Federal de 1988, o qual está diretamente relacionado à integridade nas compras públicas”, ressalta o tribunal.

É bem provável que boa parte da tropa nem faça ideia que os oficiais, seus superiores imediatos, se esbaldavam com comida de primeira enquanto o restante dos militares era alimentado com a comida corriqueira do rancho [feijão, arroz, farinha e um pedaço de carne].

A sociedade bem que poderia se mobilizar para cobrar do Ministério da Defesa e do general Braga Netto, em particular, explicações para o uso de R$ 535 mil nos banquetes dos generais. A não ser que a inteligência militar tenha descoberto alguma substância na carne de primeira ou nos petiscos do mar que a ciência ainda não tenha revelado, para combater a covid-19.

Porque caso contrário, alguém vai ter de se explicar, nem que seja em memória da honra dos nossos “pracinhas” que morreram de frio e fome dos campos de batalha na gelada Itália de 1944.

Pense nisso!

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