Se Daniel Silveira fosse um cidadão comum, polícia seria capaz de derrubar barraco do operário para executar a sentença
O caso de um deputado se abrigar em seu gabinete ou no Plenário da Câmara para escapar da Justiça abre um precedente sem igual
A Câmara acabou caindo na armadilha montada pelo deputado Daniel Silveira (sem partido-RJ) e em vez de discutir os problemas do país, passou o dia de ontem (30), debatendo se a Polícia Federal pode ou não colocar uma tornozeleira eletrônica no parlamentar.
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“É difícil que a Câmara, em um momento em que o país precisa que a gente esteja discutindo inflação, juros, [combate a] fome, desemprego. A gente esteja discutindo botar ou não botar a tornozeleira em um deputado”, disse o vice-presidente, deputado Marcelo Ramos (PSD-AM).
Já era tarde, Daniel Silveira fez da Câmara o seu palanque de que tanto precisava para vitaminar a campanha eleitoral. Mesmo com as advertências do ministro Alexandre de Moraes, do Supremo Tribunal Federal (STF), “Estranha e esdrúxula situação, onde o réu utiliza-se da Câmara dos Deputados para esconder-se da polícia e da Justiça, ofendendo a própria dignidade do Parlamento, ao tratá-lo como covil de réus foragidos da Justiça”.
O caso de um deputado se abrigar em seu gabinete ou no Plenário da Câmara para escapar da Justiça abre um precedente sem igual, justo o parlamento brasileiro que sempre abre seus trabalhos “em nome de Deus” e “em busca da igualdade entre as pessoas”, mesmo que se saiba que no Brasil algumas pessoas são mais iguais que outras.
Ou seja, se fosse um trabalhador que se recusasse a cumprir uma ordem judicial, a polícia seria capaz de derrubar o barraco do operário para executar a sentença. Já quando se trata de uma autoridade, aí a coisa muda de figura.
Pense nisso!