Bolsonaro passou aos embaixadores um clima de fragilidade da própria campanha e do Brasil
Imagem foi de um país capenga, onde a principal autoridade do Poder Executivo lança infundados ataques ao Poder Judiciário e se faz de vítima enredado em uma teia de análises que, no fundo, no fundo, nem ele mesmo acredita
Eu fico, aqui, imaginando como seria o relatório de um embaixador ao seu governo, após a reunião de ontem à tarde com o presidente do Brasil, Jair Messias Bolsonaro (PL), depois de quase uma hora de informações desencontradas, notícias falsas - para não dizer mentirosas -, sobre as eleições que ele venceu, em 2018, e sobre o processo eleitoral do Brasil.
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Bolsonaro passou aos embaixadores um clima de fragilidade não apenas da própria campanha, mas de um país capenga, onde a principal autoridade do Poder Executivo lança infundados ataques ao Poder Judiciário e se faz de vítima enredado em uma teia de análises que, no fundo, no fundo, nem ele mesmo acredita.
Em uma de suas meias verdades, Bolsonaro disse aos embaixadores que sua apresentação estava fundamentada em um inquérito da Polícia Federal sobre um suposto ataque “hacker” ao Tribunal Superior Eleitoral, que até aqui não encontrou indícios de fraude nas urnas.
No momento mais constrangedor, Bolsonaro disse aos representantes dos países que anda pelo Brasil todo e que é bem recebido em qualquer lugar. “Ando no meio do povo. O outro lado, não. Sequer come no restaurante do hotel, porque não tem aceitação”. Enquanto os embaixadores se acomodavam nas cadeiras, o telão do Palácio da Alvorada exibia imagens das motociatas de Bolsonaro com apoiadores.
Para uns, o presidente do Brasil fez campanha internacional para antecipar que se vier a ser derrotado nas eleições de outubro, terá perdido porque foi roubado. Para outros, Bolsonaro ensaia uma tentativa de golpe e justifica esse movimento fundamentado em falsas premissas.
Pense nisso!