O primeiro mês dos atentados antidemocráticos, nos principais órgãos públicos do país - Congresso Nacional, Palácio do Planalto e Supremo Tribunal Federal (STF) - marca a memória dos brasileiros que vivem e frequentam a capital federal e do Brasil, em especial, porque definitivamente é preciso afastar os argumentos daqueles que querem minimizar o resultado das violentas manifestações. Não foi somente vandalismo.
Vandalismo é quando um grupo de adolescentes sobe na mureta de um prédio abandonado e pinta garatujas decifráveis entre suas gangues, como se fosse um código de comunicação. Os atos de 8 de janeiro foram uma tentativa - ainda que desorganizada - para que culminassem em um golpe de Estado. Foi e assim deve ser lembrada.
A data foi relembrada por parlamentares e funcionários públicos que deram um abraço simbólico de solidariedade no Congresso Nacional, o primeiro dos três prédios a serem depredados pelos ensandecidos golpistas. No Supremo Tribunal Federal, a ministra Rosa Weber afirmou que os ataques ajudaram a fortalecer a harmonia entre os três poderes.
"Longe de enfraquecer nossa democracia constitucional, [o ataque] veio a conferir, a mercê da solidariedade imediata de todos, maior intensidade ao convívio necessariamente harmonioso, exigido pelo próprio texto constitucional, entre os poderes do Estado, afirmou a ministra.
No Palácio do Planalto o presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT) conclamou lideranças governistas, com quem ele tomou café da manhã, para que cada parlamentar faça um discurso reforçando a importância de se evitar que os atos caiam no esquecimento.
“Estamos certos de que isso foi arquitetado por quem pregava o ódio, por aqueles que montaram a indústria de mentiras”, disse Lula sem mencionar responsáveis.
O legado dos atos — Se por um lado o Judiciário investiga os atos de 8 de janeiro como uma “tentativa de ruptura da ordem democrática”, por outro é possível dizer que a surpreendente agilidade da Justiça ainda mantém atrás das grades 934 pessoas. Mais de R$ 18 milhões bloqueados. Dinheiro de participantes e financiadores dos protestos.
Para não esquecer — A deputada Maria Arraes (Solidariedade-PE) protocolou projeto de lei para que 8 de janeiro venha a ser considerado o Dia Nacional de Resistência da Democracia no Brasil.
“Não queremos lembrar a data pelas cenas de destruição que ainda são perceptíveis na Câmara e no Senado, no Palácio do Planalto e na sede do SFT. Mas, principalmente, pela força das instituições. Cultivar a memória histórica no presente é essencial para não repetir os erros do passados”, disse a parlamentar à Rádio Jornal.
Agora é esperar que o Conselho de Ética da Câmara não acoberte, com o manto do corporativismo, deputados que se envolveram com as manifestações que tinham intuito de golpe de Estado. E que o rigor da lei mantenha golpistas, organizadores e financiadores distantes do convívio com a sociedade.
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