Sabe quando um tema torna-se suprapartidário? A ferrovia Transnordestina, no trecho de 520km, que vai ligar a cidade sertaneja de Salgueiro ao Porto de Suape, no litoral sul, é um desses assuntos que necessariamente precisa estar acima das ideologias, das divergências. É chegada a hora dos 25 deputados federais e os três senadores sentarem-se à mesma mesa, deixar de lado as naturais divergências para assumir a obra como a prioridade da bancada.

“Por diversas vezes, a bancada se envolveu na questão da Transnordestina e conseguiu avanços pela consolidação do Ramal Suape. Mais uma vez, não mediremos esforços, com união e independente de partidos, para defender os interesses de Pernambuco,” afirma o deputado federal Augusto Coutinho (Republicanos) coordenador da bancada pernambucana.

Em seu primeiro encontro com o presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT), em 27 de janeiro, a governadora de Pernambuco, Raquel Lyra (PSDB), apresentou a Transnordestina como projeto prioritário para o estado. Ela saiu do Planalto ressaltando que a obra vai potencializar “a produção e a competitividade dos nossos portos. Defendi essa tese na reunião do Consórcio Nordeste e levei a Transnordestina como projeto prioritário para Pernambuco no encontro que os governadores tiveram com o presidente Lula”, afirmou.

É de se estranhar que um assunto pacificado durante o governo de transição - logo após a eleição de Lula - esteja sendo tratado nos corredores ministeriais sem a fundamental presença de todos os entes envolvidos. É como se alguns dos ministros do terceiro mandato de Lula tivessem apagado da memória aquela terça-feira, 17 de agosto de 2010, quando foi assinada a ordem de serviço para o início da obra. “O que nós estamos fazendo é fazer com que o Nordeste se torne mais desenvolvimento, que a Transnordestina seja esse importante polo para distribuir riquezas ao Piauí, ao Ceará e ao meu Pernambuco”, disse.

Afinal, quando a bancada se reunir com a governadora, logo mais no Palácio Campo das Princesas, três importantes ingredientes devem ser postos à mesa. O primeiro deles é de que a união de deputados e senadores precisa ficar sacramentada em um documento para chegar às mãos do presidente da República com a maior brevidade possível. Que da “terra dos altos coqueiros” está saindo um brado por essa importante obra. E, finalmente, que todos recitem um trecho do poema “No Meio do Caminho”, do mineiro Carlos Drummond de Andrade (1902 - 1987). “No meio do caminho tinha uma pedra. Tinha uma pedra no meio do caminho” e que todos gritem: tirem as pedras do nosso caminho que a Transnordestina quer passar.