Romoaldo de Souza

Lula terceiriza protestos contra presidente do Banco Central e petistas querem baixar os juros no grito

Leia a coluna Política em Brasília

Romoaldo de Souza
Cadastrado por
Romoaldo de Souza
Publicado em 14/02/2023 às 22:36
ISAC NÓBREGA/PR
Presidente do Banco Central, Roberto Campos Neto - FOTO: ISAC NÓBREGA/PR

Dois pesos e duas medidas. É assim que o troca-troca de favores no Congresso Nacional tem revelado como os embates ideológicos e os interesses políticos estão dominando os primeiros dias do ano legislativo, que teve início agora, em 1º de fevereiro.

De um lado, há um grupo de parlamentares de oposição coletando assinaturas para instalar uma Comissão Parlamentar de Inquérito (CPI) destinada a investigar os atos de 8 de janeiro. A senador Soraya Thronicke (União Brasil-MS), autora do requerimento, diz que a CPI é para “passar a limpo e evitar que a sujeira seja jogada para debaixo do tapete”. A ex-candidata à Presidência da República reconhece na comissão "haver um papel de elucidar, sem revanchismo, as responsabilidades civis e criminais de quem financiou aqueles atos, que pessoas estão por trás de uma possível orquestração”.

Os governistas, no entanto, trabalham para impedir a criação da CPI. Eles entendem que  “respeitadas as devidas proporcionalidades, a oposição quer fazer o mesmo que a Polícia Federal já vem realizando há um bom tempo. Nós temos uma ampla investigação que vem sendo tocada pela Polícia Federal e criar uma CPI, agora, seria somente para tumultuar o atual momento político. Tenho para mim que, agora, uma CPI iria contribuir muito pouco”, esquiva-se o líder do governo, deputado José Guimarães (PT-CE).

E como seria essa moeda de troca? Aí é que vem o outro lado da história. Parlamentares que se intitulam progressistas também estão a cata de assinaturas, mas eles querem criar a Frente Parlamentar contra os “juros abusivos”. “Nossa primeira iniciativa é aprovar a convocação do presidente do Banco Central, Roberto Campos Neto. Ele deve explicações à sociedade, aos trabalhadores e ao Congresso”, defendeu o deputado Lindbergh Farias (PT-RJ). “Não tem quem nos convença de que isso não precisa mudar. Nós não concordamos com a decisão do Banco Central de manter a taxa Selic no patamar de 13,75%, a mais alta taxa de juros reais do mundo”, afirmou.

Já aqueles que defendem a instalação da CPI dizem que somente assinarão o requerimento para convocar Campos Neto se, em contrapartida, receberem o apoio para criar a comissão destinada a investigar os atos de 8 de janeiro. O receio dos governistas é de que, vindo a ser criada a CPI, eles percam o controle e as investigações acabem descambando para o lado de autoridades do atual governo, que teriam minimizado as mobilizações do início do ano.

Até aqui nem os petistas estão com número de assinaturas para levar o presidente do Banco Central a se explicar sobre as taxas de juros nem a proposta de CPI de 8 de janeiro conseguiu atingir o apoio para deslanchar. Enquanto isso, Lula se recolhe e deixa seus pupilos chamarem Campos Neto para a briga.


 

Comentários

Últimas notícias