Bastou o presidente da Câmara dos Deputados, Arthur Lira (PP-AL), uma espécie de xerife do poderoso “centrão”, espalhar aquilo que todo mundo já sabia, que o governo “não tem base consistente” para aprovar seus projeto e o presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT) evidenciou seu cordão umbilical com o que há de mais abominável na política brasileira, que é a encardida troca de favores, também rotulada de toma lá, dá cá.
Para Lira, “Nós teremos um tempo para que o governo se estabilize internamente. Porque, hoje, o governo ainda não tem uma base consistente nem na Câmara, nem no Senado, para enfrentar matérias de maioria simples, quanto mais matéria de quórum constitucional.” Lula resolveu esse dilema negociando cargos, liberando emendas, trocando favores. Em breve, Arthur Lira vai continuar comandando o “centrão”, mas o governo terá mais chances de levar à votação e ver aprovados os projetos mais prioritários.
Duas personagens fazem parte dessa “imobiliária” que chegou-se ao presidente ofereceu um terreno na Lua e ainda passou escritura em cartório, são o ministro das Comunicações, Juscelino Filho e a ministra do Turismo, Daniela Carneira, mais conhecida como Daniela do Waguinho, em homenagem ao marido Wagner Carneiro, vulgo Waguinho.
A primeira história envolve um ministro acusado de usar avião da Força Aérea Brasileira (FAB) para uma viagem de negócios. A segunda, é da ministra que aparece abraçada com chefão de grupo miliciano na baixada fluminense. Os dois ministros foram chamados a se explicar e saíram do quarto andar do Palácio do Planalto cada um com um tipo de penitência. Juscelino Filho vai reunir a bancada do seu partido, União Brasil, e tentar desmentir as previsões de Arthur Lira, “carreando votos”. O ministro é deputado federal licenciado, pelo Maranhão.
Daniela do Waguinho - nome político com o qual se registrou na Câmara - recebeu a incumbência de participar das reuniões da bancada do Rio de Janeiro, composta de 46 deputados, e arregimentar a maior quantidade de apoios para fortalecer a base aliada do governo Lula e com isso, jogar por terra as expectativas do presidente da Câmara.
Os ministros, deputados licenciados, matém influência importante no União Brasil já começaram a trabalhar, “feito agricultores nos eitos [tarefa agrícola para limpeza coletiva de um roçado]”, como disse o líder da legenda, deputado Elmar Nascimento (BA), “embora sigamos independentes”, concluiu.
Se houve deslize dos dois ministros, caberia ao presidente dispensá-los sem nenhuma cerimônia, mas à medida que o Planalto segue solenemente ignorando as denúncias e os enrolados é que assinam seus próprios atestados de bons antecedentes, é possível inferir que o Lula 3.0 está muito mais resistente a ser rigoroso diante de traquinagens explícitas de seus auxiliares.
Além de tudo, pareceu absurda a ideia de que os dois auxiliares possam ter essa lábia consciente a fazer do União Brasil uma legenda gravitando em torno das ideais do PT. Isso é o que se caracteriza como venda de um lote lunar. Tem quem venda, tem quem compre. O danado é encontrar o latifúndio disponível
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